Um abismo

Eram 40 minutos passados do segundo tempo do jogo no Olímpico quando o Inter/SM passou a valorizar a posse de bola junto à bandeirinha de escanteio. O placar marcava 5 a 0 para o Grêmio. Não estavam loucos os santa-marienses. Com dois jogadores a menos, queriam evitar tomar mais gols. Não conseguiram, pois ainda sofreriam o sexto.

O parágrafo de abertura explicita a diferença escandalosa entre os times que jogaram na chuvosa noite da Azenha. Não bastassem todos os problemas financeiros que tem o time da Depressão Central do estado, ainda há casos de indisciplina que chegam a ser folclóricos de tão absurdos. Diante de um Grêmio cheio de jogadores dispostos a mostrar serviço, a meta dos 7 a 0 que dariam ao Tricolor a liderança geral do Gauchão com um jogo a menos ia, minuto a minuto, ficando mais palpável.

Tudo ficou facilitado pelo gol cedo, de Douglas, cobrando pênalti cavado pelo desta vez competente Gílson pela esquerda. O time colorado ainda impôs certa resistência e esboçou reação, capaz de fazer Renato botar todo mundo no aquecimento no primeiro tempo pela milésima vez este ano. A partir do golaço de Mário Fernandes (grande atuação no apoio), em belíssimo calcanhar de Júnior Viçosa, a porteira abriu de vez.

Viçosa fez gol com frieza de centroavante na abertura do segundo tempo. Com este gol e a expulsão aos 10 minutos de Diogo Fernandes, o jogo, que já desequilibrado, virou covardia. O Inter/SM simplesmente não conseguia ficar com a bola. Afastava quando dava e ela já retornava ao Grêmio. Foi um massacre constrangedor, e triste para um time com história no interior gaúcho. Rafael Marques ainda fez o quarto, e com as entradas dos famintos Leandro e Vinícius Pacheco, o ritmo não diminuiu em momento algum. Foram duas assistências de Pacheco, dois gols do guri.

Liso, Leandro mostra, aos 17 anos, potencial para ser um grande atacante. Não será surpresa se, em breve, ganhar posição no time titular. Pode virar o fato novo no Olímpico em 2011. Rápido, habilidoso, tem qualidade no passe e na conclusão. É capaz de abrir uma defesa com sua qualidade individual. Outro que mostrou esta característica foi o vertical Escudero, não brilhante, mas de boa atuação. Destaque também para Douglas, que voltou a atuar em alto nível, com grande qualidade nas assistências.

É verdade que tudo deve ser relativizado pela fragilidade do adversário. Há tempos não se via um time fraco enfrentar o Grêmio no Estádio Olímpico. Mesmo assim, o Tricolor fez o que devia: goleou, sem tirar o pé e deixar a partida sonolenta. O time mostrou boas triangulações e se impôs. Verdade que às vezes sem grande organização. O jogo ficou tão fácil que Rodolfo acabou a partida como centroavante.

Em tempo:
- Embora paradoxal, um dos grandes destaques do jogo foi Marcelo Grohe. Sua defesa no pênalti lembrou muito a de Mazaropi, contra o América de Cali, pela Libertadores de 1983.

- Arbitragem fraquíssima e extremamente confusa.

Campeonato Gaúcho 2011 - Taça Farroupilha - Primeira Fase - 4ª rodada
24/março/2011
GRÊMIO 6 x INTER/SM 0
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: André Cieslak
Público: 5.099
Renda: R$ 55.104,50
Gols: Douglas (pênalti) 4 e Mário Fernandes 24 do 1º; Júnior Viçosa 7, Rafael Marques 21 e Leandro 31 e 42 do 2º
Cartão amarelo: Adilson, Douglas e Derick
Expulsão: Diogo Fernandes 10 e Luiz Henrique 33 do 2º
GRÊMIO: Marcelo Grohe (8), Mário Fernandes (7,5), Rafael Marques (6,5), Rodolfo (6) e Gílson (6) (Bruno Collaço, 32 do 2º - 5,5); Fábio Rochemback (6), Adilson (5,5) (Leandro, 13 do 2º - 8), Lúcio (6,5) e Douglas (7,5); Escudero (6) (Vinícius Pacheco, 23 do 2º - 7) e Júnior Viçosa (7). Técnico: Renato Portaluppi (7)
INTER/SM: Pedro Paulo (5,5), Diogo Fernandes (4), Diego Borges (3), André Bahia (3,5) e Luiz Henrique (2,5); Derick (4), Elias (4), Thiago Corrêa (5) e Wendes (4) (Leonardo, 47 do 2º - sem nota); Cadu (4) (Faguinho, 25 do 2º - sem nota) e Dinei (4) (Roni, 29 do 2º - sem nota). Técnico: Suca (3)