Não é hora para dancinhas
Uma pergunta parece tomar conta da mente de todos os torcedores gremistas depois do nada brilhante empate em 1 a 1 contra o León de Huánuco (PER), em partida válida pela Libertadores 2011: o que está acontecendo com o futebol do Grêmio? Sim, porque as boas atuações de 2010 não apareceram ainda este ano, e as dificuldades não parecem diminuir com o avanço do calendário, pelo contrário. O Grêmio jogou pouco, bem pouco - e protagonizou uma partida emocionante no mau sentido, quando duas equipes promoveram um jogo franco não pela qualidade demonstrada, mas justamente pela falta dela.
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Porque, convenhamos, foi uma partida das mais fracas. O León de Huánuco jogou do jeito que podia, tentando buscar o ataque e acelerar as ações, mas sempre contando mais com o erro gremista do que com os próprios méritos. Surpreendentemente, essa proposta pobre de jogo deu tão certo que o time peruano saiu na frente, gol de cabeça de Carlos Elías - que, além de baixote, tem uma massa muscular pré-Ronaldo, se é que me entendem. O Grêmio teve um maior controle de bola, mas única e simplesmente porque seu jogadores são tecnicamente superiores aos do adversário. Não houve imposição gremista em nenhum outro sentido, em momento algum. Com o gol de empate, em bela jogada de Carlos Alberto, imaginou-se que finalmente o Grêmio jogaria mais - o que, definitivamente, não aconteceu.
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Renato Portaluppi mudou cedo, tirando Fernando (que estava mesmo perdido) e colocando Júnior Viçosa. Carlos Alberto acabou sendo recuado em teoria, já que cumpriu (e bem) função virtualmente idêntica durante todo o jogo. Os efeitos da mudança, e das outras que se seguiram, acabaram sendo nulos, e o time gaúcho não jogou bem em nenhum momento do confronto. Até Diego Clementino entrou, sem conseguir fazer mais do que Borges, que realmente esteve em péssima jornada. Enquanto isso, Escudero dormitava no banco de reservas.
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Alguns gremistas talvez tenham se empolgado com a comemoração de Carlos Alberto ao marcar o gol de empate, imitando Kidiaba e tocando a flauta na torcida colorada. Depois das risadas, porém, é forçoso concluir que a comemoração, mais do que inoportuna, é deslocada. Acaba sendo, acima do marketing pessoal, uma tentativa de desviar o foco - afinal, tanto faz se o Grêmio ganha ou não do Inter no campeonato da flauta, o fato é que há tempos o tricolor não consegue jogar uma partida realmente convincente. Não conseguiu fazer isso em quase nenhum momento em 2011. E definitivamente não o fez contra o pouco temível León de Huánuco, que mostrou hoje ser uma equipe voluntariosa e quase nada além. Falta autoridade técnica para justificar qualquer espécie de flauta sobre quem quer que seja. Acaba sendo, portanto, pura bravata.
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Falta muita coisa ao Grêmio - e o fato de a gente já conhecer de cor e salteado a maioria dos problemas não depõe a favor nem de Renato Portaluppi, nem dos dirigentes gremistas, nem dos jogadores, nem de ninguém envolvido com o atual estado de coisas no Olímpico. Para a classificação, deve ser o suficiente, já que a segunda posição do grupo está consolidada. Mas o simples fato de parte dos gremistas achar que ser segundo lugar do grupo é razoável já revela como as coisas não estão indo bem. No atual andar da carruagem, o Grêmio desabará impávido diante do primeiro time realmente forte que encarar. Dá tempo de arrumar as coisas? Questão em aberto, na minha opinião.
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Taça Libertadores da América 2011
17/março/2011
Fase de Grupos
LEÓN DE HUÁNUCO 1 X 1 GRÊMIO
Local: Heráclio Tapia, Huánuco, Peru
Árbitro: Roberto García Orozco (MEX)
Auxiliares: Jose Luis Camargo e Alberto Morin (MEX)
Gols: Carlos Elias (LEO), aos 43mins do primeiro tempo; Carlos Alberto (GRE), aos 9mins do segundo tempo
Cartões amarelos: Cardoza e Ferrari (LEO); Rodolfo e Borges (GRE)
LEÓN DE HUÁNUCO - Juan Flores (6); Espinoza (5,5), Cambindo (5,5), Cardoza (6) e Salas (6); Zegarra (6), Ferrari (5,5), Carlos Elías (7) (Otálvaro, 5), Céspedes (5) (Peña, 6) e Orejuela (6) (Rodriguez, 5); Gonzáles Vigil (4,5). Técnico: Franco Navarro (5).
GRÊMIO - Victor (6,5); Gabriel (5), Rafael Marques (5), Rodolfo (6) e Gilson (6); Fábio Rochemback (6,5), Fernando (4) (Júnior Viçosa, 4,5), Lúcio (6) e Douglas (6,5); Carlos Alberto (7,5) (Bruno Collaço, 5) e Borges (4) (Diego Clementino, 5). Técnico: Renato Portaluppi (5).
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Foto: EFE
Comentários
fisico do elias lamentável, assim como a arbitragem que falhou DEMAIS, fazia tempo que nao via um apitador tao ruim. confundiu clima de libertadores com nao dar faltas CLARISSIMAS, nao dar amarelos que eram necessarios (como no lance da camiseta, ninguem queria ver as tetinhas do elias).
a sorte dele é que o jogo foi ruim e no fim o apito dele nao influenciou demais no resultado.
E Renato, pelo visto, mexeu mal. Podia ter tirado Gílson, e não Fernando, no primeiro tempo. Bastaria recuar Carlos Alberto e passar Lúcio para a lateral. Preferiu Clementino em vez de Escudero e tirou Carlos Alberto em seu melhor jogo para colocar Bruno Collaço, preservando Gílson e ficando com três laterais esquerdos. Jornada das mais infelizes.
Preparemo-nos para, no mata-mata, fazer escore sempre no jogo de ida.
eu achei oportuna sim a flauta. O debate em torno da questão do jogo Grêmio e Caxias tava totalmente desvirtuado.
Pelo menos foi o que eu ouvi o Gaciba dizer uma vez.
Boa análise, Igor, e acho que é precisa quando fala em 'falta autoridade técnica'. O Grêmio mostrou conformidade demais diante de um adversário tão ruim, especialmente no primeiro tempo, e acho que isso deve preocupar mais aos gremistas do que a eventual má fase técnica.
Por que a má fase técnica, teoricamente, poderá ser resolvida mudando coisas pontuais no time - o horroroso Gílson, por exemplo, e um segundo atacante como Escudero - mas a conformidade é preocupante. Lembro que no ano passado, o jogo que mais me preocupou do Inter na "Era Fossati" foi o empate com o Emelec no Equador: o Inter enfrentava um adversário MUITO ruim, empatou e não demonstrava qualquer intenção de reverter. E Fossati ainda disse na entrevista que "vencer em casa e empatar fora é sempre bom para mim". Era a tal conformidade que impede o time de avançar.
Assim como o do Leandro Damião ajudou a esconder o fato do Inter ter bailado no 1º turno e dele ter marcado um gol em impedimento no mesmo jogo.
A queimada que a direção (José Simões, AVM e Odone) deu no time também me parece nesse mesmo sentido. Mas, enfim, mesmo que não seja, as críticas precisam ser feitas e a direção precisa entrar no vestiário. A atuação foi terrível.
Sobre o Kidiaba, ok, o jogo pra fazer podia ser outro, mas o timing era esse: como resposta ao Damião. Eu ri vendo, então acho que valeu.
E concordo plenamente contigo, Luis Felipe. Muito pior do que jogar pouco é jogar pouco e achar que está bem assim.
o elias devia ter sido expulso por atentado ao pudor, mostrando suas tetinhas indecentes ao público inocente.
Minha opinião: legal o bom humor de todos, mas é um risco desnecessário, dado o clima doentio de rivalidade do RS.
Se o Carlos Alberto fez isso justamente para encobrir as falhas da equipe, André, não sei para quem que "serviu" isso. Para o Grêmio e seu torcedor que não foi.
Ademais, não quero cornetear para mais, mas a luz amarela já virou laranja. O resultado ontem já compromete a tabela do Grêmio e o time vem regredindo. A escolha por Clementino e Viçosa em detrimento do Escudero, bem como a do Gílson em relação ao Bruno Collaço, são sinais de técnico que começa a dar sinais de se enrolar nas próprias pernas com o passar do tempo. A entrevista do Odone na Gaúcha, ontem, foi sintomática. Botou a culpa da equipe como um todo e deixou bem claro que não concorda com a concepção de time do Renato.
Ontem, conversando com o Samir, até achei que pudéssemos fazer um paralelo - guardadas as devidas proporções - com a renúncia de Jânio Quadros, em 1961.
O ex-presidente apostou no blefe de sua renúncia para que o Congresso, receoso com o "comunsita" Jango, lhe desse plenos poderes. O tirou saiu pela culatra.
Por um momento, o blefe do Renato, falando sobre uma (bem) possível ida ao Flu, me pareceu semelhante. Crendo em que a torcida jamais engoliria sua saída, Paulo Odone lhe daria plenos poderes e o técnico poderia blindar alguns jogadores. Mas mais uma má jornada e a impaciência da direção com ele, poderia resultar em novo tiro pela culatra.
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Quanto ao time, acredito que todos os erros já foram apontados pelos amigos.
Acho completamente inaceitável que um time com uma folha mensal salarial milionária não faça o mínimo para se impor ao LAJEADENSE do Peru. Pelo amor de Deus, cadê a marcação sob pressão? O contra-ataque rápido? As triangulações? A segunda bola?
Cadê a convicção em deixar o time com uma determinada formação por, ao menos, 45 minutos? Como que tomamos gol de cabeça de um anão com o porte físico de um piá punheteiro de 13 anos?!
Claro que quando nos referimos ao "copero y peleador' Grêmio, fazemos uma espécie de deboche com a gritante mediocriade. Mas me indigno com os B@rr@s-br@v@s de Orkut e com os amargos.
Se o Odone fala, é populista. Se o Odone não fala, é omisso.
Tchê, vão catar feldspatóide em quartzito!
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Não passaremos das oitavas se cotinuarmos jogando essa coisa parecida com futebol.
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Só a corneta é imortal. E ela cria caráter