Marcha lenta

Carlos Alberto teve boa estreia, apesar da derrota
Talvez o time que derrotou o São Luiz não fizesse papel pior. O Grêmio entrou no Estádio do Vale pensando no Oriente Petrolero. Isso não anula a má atuação do time, mas ajuda a explicá-la. Além da má jornada técnica de jogadores que não conseguem ir bem em 2011 (Gílson, Paulão, Clementino, todos horrorosos), vimos jogadores desligados e outros fora de posição. Nada que anule os méritos do crescente Novo Hamburgo de Julinho Camargo, que promete vir forte para a Taça Farroupilha, embora eliminado precocemente da Piratini.

No primeiro tempo, já tivemos uma prévia do que as duas equipes queriam. Enquanto o Noia acelerava as ações, o Grêmio retardava. Sempre que a bola estava em poder do time da Capital, o jogo baixava de ritmo. Lúcio e Mário Fernandes pareciam absolutamente fora de sintonia. No ataque, pouca coisa acontecia. Em vez de dois centroavantes, o Grêmio não teve nenhum. Borges até foi bem atuando pelo lado (não perdeu uma sequer para Cláudio Luiz no jogo de corpo, isso que tem 23cm a menos de altura). Mas André Lima faleceu neste esquema. Só criava perigo quando desobedecia Renato e ia para o centro da área. Foram raras vezes que isso ocorreu.

Já Carlos Alberto teve boa participação. Com muita disposição e algumas jogadas de alta qualidade técnica, comandou o setor criativo. Foi, talvez, a única boa notícia da tarde. Embora o ritmo da etapa complementar não tenha sido o da inicial, mostrou boas condições físicas e atuou por 90 minutos. Outra boa participação foi a de Maylson como ala direito. Depois de duas ou três partidas interessantes na função nos últimos dias de Silas no ano passado, mostrou novamente muita disposição e bom poder ofensivo pelo lado do campo. Um dos poucos que se salvou no Vale dos Sinos.

O Novo Hamburgo não tem um time tão forte como o de 2010, mas se bem treinado pode dar tanto trabalho quanto. A equipe se ressente de mais jogadas pelas pontas, e hoje nem Michel, nem Rodrigo Mendes, estiveram bem. No entanto, são cinco jogos sem levar gol, um crescimento de produção e uma vitória contra o Grêmio quase titular. Bons indicativos para a segunda metade do Gauchão.

Em tempo:
- Cai o último invicto do Gauchão. Grêmio não perdia há 15 jogos, desde outubro.

Campeonato Gaúcho 2011 - Taça Piratini - 1ª fase - 8ª rodada
13/fevereiro/2011
NOVO HAMBURGO 2 x GRÊMIO 0
Local: Estádio do Vale, Novo Hamburgo (RS)
Árbitro: Jean Pierre Gonçalves Lima
Público: não divulgado
Renda: não divulgada
Gols: Cláudio Luiz (pênalti) 11 e Rodrigo Mendes 15 do 2º
Cartão amarelo: Márcio Hahn, Russo e Lúcio
Expulsão: Evaldo 36 do 2º
NOVO HAMBURGO: Eduardo Martini (8), Bosco (6), Cláudio Luiz (5,5), Lino (5,5) e Edinho (4,5) (Fabinho, intervalo - 6); Márcio Hahn (5,5), Russo (6), Eduardinho (5,5) e Rodrigo Mendes (6) (Evaldo, 22 do 2º - 2); Michel (5) e Juba (5,5) (Cléberson, 39 do 2º - sem nota). Técnico: Julinho Camargo (6,5)
GRÊMIO: Victor (5,5), Mário Fernandes (5), Paulão (4), Rafael Marques (5) (Maylson, 23 do 2º - 6) e Gílson (4); Willian Magrão (5,5) (Diego Clementino, 14 do 2º - 4), Adilson (5,5), Lúcio (4,5) (Júnior Viçosa, 38 do 2º - sem nota) e Carlos Alberto (6); Borges (6) e André Lima (4,5). Técnico: Renato Portaluppi (4,5)

Comentários

Anônimo disse…
Professor, estou sem condições de escrever alguma coisa minimamente decente - nem li o texto ainda -, mas 5,5 pro Márcio Hahn é uma heresia.

Dominou o meio-campo. Segundo melhor em campo, depois do Eduardo Martini. Daria um 6,5 tranquilo pra ele. Deixa Elias e Hernanes no chinelo (absurdo, mas verdade).

Eduardo Martini = Jesus de luvas (abra$$o, Mardruck)
Vicente Fonseca disse…
Foi bem, mas sofreu um tanto com o Carlos Alberto. Em determinados momentos, só o conseguia parar com faltas.
Paul disse…
Eu achei que não foi penalti do Paulão, e no outro gol do Nóia o Rodrigo Mendes ficou à centímetros de superar a marca do Jonas naquele lance do "pior centroavante do mundo" e do André Lima contra o Liverpool...
samir disse…
Pra mim, penalti claro do Paulão. Mesmo que não tenha tido a intenção, nem viu o jogador do Novo Hamburgo, impediu o progresso dele.

Tirem o Gilson do Olímpico, pelo amor de Deus, não é digno de vestir a camisa tricolor. Mario Fernandes estava com uma preguiça impressionante pra um reserva. Mais do que preguiça, sentiu cansaço. Totalmente incompreensível esse cansaço.

Mailson me agradou mto na lateral direita, sempre critico o guri, mas vale o elogio hj...

Ah, e o encanto acabou: Clementino não é jogador pro Grêmio e paulão é apenas um bom reserva.
Eu acho que o Clementino tá vivendo uma fase Jonas. Lembrem-se o quanto o Mestre errava de forma bisonha quando ficava tempos sem jogar. Quando finalmente fazia um gol, desencantava. Até uma lesão reiniciar o ciclo.
Diria que Clementino passa pelo mesmo: precisa de um gol pra voltar a desencantar. Enquanto ele não sair, vai errar de forma bisonha, como errou ontem.

No mais, há duas posições que o Grêmio ainda não achou solução para seus problemas, e outras duas cujos testes revelaram tendências para resolução do problema.

Sobre as duas primeiras, trata-se do lado direito do losango e da posição deixada por Jonas. Adílson não está bem, e Cazalber não é o homem ideal para aquela função. Resta Magrão, cuja tendência é jogar o Estadual e ser inscrito só na segunda fase da Liber. Já a posição deixada por Jonas ainda está em fase de testes. Acho que, no final das contas, será ocupada pelo Cazalber ou por Escudero. Quem sobrar desses dois, vai pra reserva.

Quanto às duas últimas, trata-se da zaga e da lateral esquerda. Paulão está mal? Que esquente o banco. Pelo rendimento, escalaria, hoje, Vilson e Rodolfo na defesa. Sobre o lado canhoto, Collaço já provou em duas partidas importantes que merece sequência de jogos. Foi muito melhor que o Gílson até agora. Se der sequência e desencantar, pode gerar caixa pro Grêmio mais adiante.

Quando o Grêmio resolver esses problemas, muito provavelmente veremos o time do ano passado destruindo novamente em campo. Até lá...
Zezinho disse…
Bueno, Professor, comentarei com mais calma e com maior imparcialidade (abra$$o André Silva, João Garcia e Leonardo Meneghtti).

A grosso modo, aconteceu o seguinte: o Grêmio fez sua pior partida no campeonato, ao passo que o Nóia fez sua melhor. É do jogo, sem maiores dramas. Apenas, claro, procurando entender as razões para isso.

Os dois laterais foram muito mal. Mário, quando subia, era perseguido por Juba, e apesar de arriscar o overlapping por vezes, atuou com muito pouco ímpeto. Como bem definiu o Samir, com "preguiça".

Gilson e Lúcio foram vigiados de perto pelos limitados Bosco e Russo, e por incrível que pareça, não conseguiram levar a melhor, além de cederem espaços às suas costas.

Achei Adílson sobrecarregado na marcação - o Nóia recuava até à intermediária defensiva e partia em rápidos contra-ataques - e com poucas alternativas para sair jogando, visto a nulidade dos laterais e de Lúcio. William Magrão, voluntarioso, se apresentou pro jogo, mas não tem técnica para armá-lo. Pode, no máximo, ser um apoiador esporádico.

Carlos Alberto, ao lado do Alemão, foi bem também, buscando o jogo e mostrando uma técnica apurada. Chamou a atenção, numa das paradas do jogo, ele chamando o Adílson e o Magrão para conversar. Seu desempenho, contudo, foi prejudicado, pois armava sozinho e para o nada, visto o mau desempenho da dupla de ataque.

Antes da corneta, os ditos jornalistas da imprensa gaúcha (ou seria portoalegrense) deveriam ver que o Grêmio deve um bom adversário jogando muito bem. Um time que recuava bastante suas duas linhas de 4 e que respeitou o Grêmio, além de sempre agredi-lo.

Eu sempre defendi o ingresso de Juba no ataque Anilado, para dar maior movimentação ao ataque. Contudo, sem Gustavo Papa, o homem de referência desapareceu, o que adiou a abertura de placar pelo Nóia. Bati na tecla de que Rodrigo Mendes deveria jogar na área. Não deu outra: após um péssimo primeiro tempo, quando entrou na área, deixou o seu.

O Grêmio precisa de retoques, sim, nas áreas já citadas pelos amigos acima. Mas vamos olhar também pro adversário e pela brilhante aplicação tática da equipe de Julinho Camargo.

Olhar pra um pouco além do umbigo cosmopolita não faz mal a ninguém
Vicente Fonseca disse…
Também acho sempre importante analisar o adversário, Zezinho. É muita arrogância pensar que as vitórias e derrotas só se explicam por causa do teu próprio time.

No caso, embora eu entenda que a preguiça do Grêmio foi decisiva para o resultado de ontem, é interessante notar o crescimento do Novo Hamburgo no campeonato. Virá voando para a Taça Farroupilha.