Falta muito, falta pouco
Jogo no Centenário foi de baixa qualidade técnica |
Gabriel saiu falando que o campo estava "horrível", mas nem isso justifica a absoluta falta de articulação do Grêmio hoje. Nas poucas vezes em que trocou passes, o time gaúcho envolveu o Liverpool e se aproximou do gol. A facilidade era constrangedora. No entanto, este modo de jogar foi abolido ainda no primeiro tempo, fazendo o time uruguaio crescer no jogo. Não é coincidência que os quatro gols da partida tenham saído de bolas paradas.
Os lançamentos longos favoreciam o estilo do Liverpool, que não tem qualidade para criar tocando a bola. A estratégia uruguaia era uma só: bicos para a frente buscando o mano a mano dos atacantes rápidos com os zagueiros expostos. Ou eles iam área adentro ou cavavam faltas que levavam perigo. O Grêmio aceitou este jogo. Portanto, os uruguaios, mesmo muito inferiores tecnicamente, jogaram melhor: impuseram sua proposta de jogo à gremista.
Isso ocorreu por diversos motivos: a falta de uma saída de bola qualificada pela defesa; mais uma má atuação de Gílson, que não deu a Lúcio uma opção de jogada pela esquerda; a baixa participação de Douglas, que também tem a ver com a partida discreta de Lúcio; a falta de Jonas, já que Júnior Viçosa, além de inferior tecnicamente, participou menos da construção de jogadas ofensivas. Ao menos, André Lima marcou duas vezes - uma delas em impedimento.
O resultado é bom. Dificilmente o Grêmio perderá a vaga. Foi, porém, muito melhor do que a atuação gremista. Se no primeiro tempo houve certa imposição técnica dos gaúchos em determinados momentos, no segundo o time cansou e assistiu ao Liverpool perder um punhado de gols por pura falta de qualidade na conclusão. Há muito o que melhorar para que este time seja de fato um candidato ao título. Há tempo, mas não muito. Só jogando, repetindo padrão de jogo e acrescendo qualidade em peças como segundo atacante e lateral esquerdo é que isto ocorrerá. Para passar agora, e até mesmo na fase de grupos, será suficiente. Basta não se enganar com eventuais vitórias (ou empates fora de casa) contra adversários de menor expressão.
Taça Libertadores da América 2011 - Fase Preliminar - Jogo de ida
26/janeiro/2011
LIVERPOOL/URU 2 x GRÊMIO 2
Local: Centenário, Montevidéu (URU)
Árbitro: Carlos Torres (PAR)
Público: não divulgado
Gols: André Lima 6, Franco 9, André Lima 13 e Guevara 25 do 1º
Cartão amarelo: Macchi, Motta, Blanes, Alfaro, Paulão, André Lima e Gílson
LIVERPOOL/URU: Castro (4,5), Motta (5,5), Alvez (5,5), Souza (5) e Montero (5); Felipe (5,5), Macchi (5,5), Figueredo (6) (Silvera, 43 do 2º - sem nota) e Franco (7) (Figueroa, 33 do 2º - 4,5); Alfaro (5,5) e Guevara (6) (Blanes, intervalo - 5). Técnico: Eduardo Favaro (5,5)
GRÊMIO: Victor (4,5), Gabriel (5,5), Paulão (5), Rafael Marques (5) e Gílson (4) (Diego Clementino, 36 do 2º - sem nota); Fábio Rochemback (5,5), Vilson (5), Lúcio (5) e Douglas (5,5); Júnior Viçosa (4,5) (Vinícius Pacheco, 16 do 2º - 4,5) e André Lima (6,5) (Lins, 41 do 2º - sem nota). Técnico: Renato Portaluppi (5)
Foto: Reuters.
Comentários
No mais, ótima síntese, o resultado foi bom, mas a atuação, mais do que fraca, foi daquelas preocupantes. Impressiona a Luciodependência que esse esquema tem.
E concordo quanto à Luciodependência.
gílson é outro que nao tem condiçoes de jogar em times de ponta do brasil. fraquíssimo, nervoso, amador.
e no lugar deles deveríamos ter FS e jonas, que estarao em breve esquentando bancos de corinthians e valencia.
Grêmio mostrou-se um time fragilizado, além de pouco disposto a uma imposição técnica sobre o adversário. O meio-para-frente até foi razoavelmente bem na primeira etapa, mas a defesa foi sempre frágil - a impressão é de que, antes dos dois zagueiros, simplesmente não havia combate. Pouco, bem pouco. Se não quiser morrer bem longe da praia, o Grêmio precisa de reforços. Rodolfo é bom começo.
Quanto à 'Luciodependência' dita pelo Lourenço, isso se evidencia pelo uso de laterais-esquerdo no vértice canhoto do losango: Dener e Bruno Collaço.
E concordo com o Lique quanto ao Junior Viçosa: apesar de um bom começo - ele que sofreu a falta para o gol do Douglas -, prendeu em demasia a bola e a perdeu diversas vezes, matando os contra-ataques.
Outras duas coisas me deixaram preocupado: a saída de bola pelo lado direito e a organização defensiva, sobretudo na bola aérea.
Vílson é bom jogador? É. Mas é limitado tecnicamente. Não erra passes, mas não é jogador veloz, que drible, que suba ao ataque, tabele e finalize. Várias vezes, era ele o responsável por fazer o 2-1 com o Gabriel, e não-raramente, entrar na área.
Não é jogador pra isso. Se jogar no meio-campo, tem que ser na proteção à zaga. Na sua posição, tem que ser alguém mais qualificado ao ataque. Uma opção seria fixá-lo na lateral-direita e deixar o Gabriel fazendo a função de vértice direito do meio-campo.
Também achei nossa defesa muito exposta. Paulão e Rafa Marques sempre ficavam no mano-a-mano com aqueles dois baixinhos infernais. E, para mim, é inadmissível levar um gol de cabeça da marca do pênalti num lance de bola parada.
Grêmio deve passar, mas urge, para ontem, uma qualificação, sobretudo na área de criação e finalização
Não gosto do Gílson, mas o Fábio Santos também não tinha rendimento nenhum quando o Lúcio não jogava bem.
É inacreditável, o GRÊMIO começa a Libertadores e não contrataram ninguém. Falta um lateral-esquerdo (ou sentiremos falta do Fábio Santos), zagueiro e um atacante.
Vicente, não acha que o Neuton no lugar do Gílson seria muito melhor?