Derrota do Gre-Nal

Um Gre-Nal sem significado, fora de época, com reservas, merecia mesmo as arquibancadas vazias do Atilio Paiva, o elefante-branco da Fronteira da Paz. A Federação Gaúcha de Futebol pediu e levou: marcou insanamente um clássico para o dia 30 de janeiro, em meio à pré-temporada do Inter e a pré-Libertadores do Grêmio. O resultado, além do baixo público, foi um jogo de baixa qualidade técnica. Ao menos foi movimentado, e se não empolgou ninguém por sua importância próxima do zero, ao menos não foi de dar sono.

Foi, porém, quase isso no primeiro tempo: antes do gol de Guto, numa bela cabeçada e uma terrível falha de marcação do sistema defensivo gremista, apenas dois lances relevantes, ambos tricolores. Diego Clementino perdeu cara a cara com Muriel e o goleiro colorado fez excelente defesa em cabeçada contra de Rodrigo Moledo.

O jogo, que era pouco mais que monótono, transformou-se em domínio vermelho a partir do 1 a 0. O Inter poderia ter saído para o intervalo com vantagem maior ainda: ganhava os rebotes, pressionava a saída de bola perturbada do time de Roger Machado. Destaque para Marquinhos, o melhor jogador de linha colorado na partida. Numa posição na qual eu não estava acostumado a vê-lo, distribuiu o jogo com categoria, criou espaços e serviu bem os companheiros. Se Ricardo Goulart estivesse em jornada como as anteriores, o resultado talvez fosse outro.

No intervalo, Roger mexeu e o Grêmio melhorou muito. Mostrou estrela e boa leitura do jogo em sua estreia como técnico. Primeiro, tirou Vilson (certamente poupado para a eventualidade da quarta-feira) e pôs Willian Magrão, com muita vontade, mas ainda sem tempo de bola. Maylson virou ala e cresceu no jogo, Mário Fernandes foi para o miolo da zaga. Com mais gente no meio, o Tricolor tomou conta do jogo. Bruno Collaço empatou numa bela cobrança de falta, rumo à titularidade, mas antes mesmo Wesley e Diego Clementino perderam em duas cabeçadas seguidas, na pequena área.

Entusiasmado, o Grêmio acuou o Inter. Roger então investiu em Lins, que não teve grande atuação, mas estava no lugar certo e na hora certa: na furada de Natan, fez o 2 a 1. A esta altura, o jogo era muito superior ao do primeiro tempo. Os minutos finais foram eletrizantes: o Colorado pressionava e cedia espaços, o Tricolor segurava-se como podia e ainda ameaçava matar o jogo em contra-ataques. O Gre-Nal uruguaio, o mais frio dos últimos anos, pegou no tranco.

Em termos de tabela, o resultado é muito importante para o Grêmio, que abre vantagem na contagem de pontos sobre o rival: 11 a 9. Mantendo-se invicto no Gauchão e na temporada, o time da Azenha passa a ficar em vantagem para decidir a Taça Piratini no Olímpico, em caso de um Gre-Nal futuro. Que, quem sabe, será menos gelado que o deste 30 de janeiro, que entrou para a história por ser o primeiro fora do Rio Grande do Sul, mas que somente por isso será lembrado.

Em tempo:
- 5 segundos foi o tempo que Maylson precisou para levar um cartão amarelo.

- Primeira vitória gremista em clássicos fora de Porto Alegre.

- Enderson mexeu mal. Augusto vinha bem, mas foi sacado em favor de Wagner Libano. Tanto Juliano como Natan, para pegar os dois volantes, estavam antes na fila para sair.

Campeonato Gaúcho 2011 - Taça Piratini - 5ª rodada
30/janeiro/2011
GRÊMIO 2 x INTERNACIONAL 1
Local: Atilio Paiva Olivera, Rivera (URU)
Árbitro: Márcio Chagas da Silva
Público e renda: não divulgados
Gols: Guto 38 do 1º; Bruno Collaço 13 e Lins 27 do 2º
Cartão amarelo: Maylson e Marcelo Grohe
GRÊMIO: Marcelo Grohe (6,5), Mário Fernandes (5,5), Vilson (5,5) (Willian Magrão, intervalo - 5), Neuton (5) e Bruno Collaço (6,5); Mateus Magro (4,5), Adilson (6), Maylson (5,5) e Mithyuê (4,5) (Lins, 20 do 2º - 6); Diego Clementino (5,5) e Wesley (4,5) (Dener, 31 do 2º - 5,5). Técnico: Roger Machado (6,5)
INTERNACIONAL: Muriel (7), Daniel (6), Rodrigo Moledo (5), Ronaldo Alves (5,5) e Massari (5); Juliano (5), Natan (4) (Marinho, 37 do 2º - sem nota), Augusto (6) (Wagner Libano, 15 do 2º - 5), Marquinhos (6,5) e Ricardo Goulart (4,5) (Thiago Humberto, 31 do 2º - 5); Guto (6). Técnico: Enderson Moreira (5)

Comentários

Sancho disse…
Esse texto estava escrito há quase um mês, não? Nenhuma surpresa...

Pelo menos, o Grêmio ganhou. Enfim, uma boa notícia!
Vicente Fonseca disse…
Nossa primeira conversa a respeito foi em OUTUBRO, Sancho. Nós já sabíamos!
Sancho disse…
Tchê, e que foi o texto do Zini enaltecendo o Noveletto no ZH de hoje?! Parecia informe publicitário! Não consegui terminar de ler...
Lourenço disse…
Muito bom, ao longo do jogo só pensava no fracasso que foi esse grenal. E na tv falaram que era um grenal histórico. Só se o público e a qualidade da grama foram os mesmos de 1909.
André Kruse disse…
Bah, eu vi o texto do Novelleto hoje. Não sei se isso foi pior do que encontrar ele no aviao para Montevideo.

É Roger Machado ou Roger Marques? No site do Grêmio tá Machado.

Por que jogador que vira treinador quase sempre "ganha" sobrenome?

Por que no jornalismo esportivo se costuma usar o sobrenome materno?
Lourenço disse…
As perguntas do André são interessantes, mas eu vejo por um outro ângulo: incrível um jogador querer ser conhecido usando simplesmente um nome comum, como "Roger", existem no mínimo uns 4 Rógeres no futebol brasileiro. Só no Brasil acontece isso, creio.
Vicente Fonseca disse…
Essa do sobrenome materno é interessante mesmo. Deve ser herança dos castelhanos, que utilizam o primeiro dos sobrenomes como o principal.