Agora, tudo é pré-Libertadores

Para os que acreditam que os principais problemas gremistas são desentrosamento e falta de preparo físico, a vitória de 1 a 0 sobre o Canoas, ainda que modesta, pode servir como bom argumento. Afinal, o Grêmio jogou bem na primeira etapa, enfrentou com alguma vantagem o time-que-já-foi-Ulbra-e-mudou-de-nome-duas-vezes-por-causa-da-TV, e fez seu gol (pênalti bem cobrado pelo dedicado Viçosa) com merecimento. No segundo tempo, porém, o gás faltou, as pernas começaram a se arrastar e não faltou tanto assim para o Canoas conseguir o empate. Ou seja, enquanto teve pernas, o Grêmio, mesmo reserva, mostrou uma maior consistência tática, o que não deixa de ser positivo.

Entre as boas notícias, a volta de Lúcio, que pensava-se que podia demorar um pouco mais. Voltou razoavelmente bem, sem demonstrar sinais de estar sentindo muito a ausência ou a falta de ritmo. Torna-se imediatamente opção para a partida de quarta-feira, em Montevideo, contra o Liverpool - já que o meio-campo deu sinais de fragilidade com a sua ausência, evidenciados na tumultada vitória contra o São José, na última sexta. A dupla de ataque, Viçosa e Clementino, pareceu um pouco mais incisiva do que na partida contra o Ypiranga. Roberson, apesar do erro grotesco em um cabeceio, com o gol livre, que apressou a sua saída do jogo, teve atuação interessante, arquitetando algumas boas jogadas ofensivas. Dener e Pessali entraram bem. Mário Fernandes voltou a mostrar boa presença como lateral direito, tabelando de forma consistente com Clementino, enquanto Collaço foi discreto, mas seguro, pelo lado esquerdo. No segundo tempo, o goleiro Victor, testado várias vezes pela reação dos canoenses, mostrou que deve continuar sendo o goleiro destacado que vem sendo nos últimos anos.

Agora, tudo é (e precisa ser) pré-Libertadores. No Gauchão, felizmente, os resultados paralelos estão ajudando o tricolor, de forma que nem mesmo uma eventual (e, na minha humilde visão, irrelevante) dificuldade na tabela poderá justificar a falta de foco. Com a volta de Lúcio, a escalação gremista se torna um pouco mais óbvia: Vilson deve ocupar o lugar do suspenso Adílson, o próprio Lúcio joga no sacrifício, Gílson ocupa a lateral esquerda. No fundo, será basicamente o mesmo Grêmio que encerrou 2010. O problema pode estar naqueles dois conceitos, os mesmos que alguns analistas andam destacando para explicar as oscilações do começo de ano gremista: desentrosamento e falta de preparo fisico. Nesse sentido, a antecipação da viagem ao Uruguai pode ser uma boa - não produz mais descanso nem entrosa o time, mas ao menos deixa o time mais focado. Na falta de uma melhor preparação, parece ser mesmo o caminho.

Campeonato Gaúcho 2011 - Taça Piratini - 4ª rodada

23/janeiro/2011

CANOAS 0 X 1 GRÊMIO

Local: Complexo Esportivo da Ulbra, em Canoas (RS)

Árbitro: Vinícius Costa

Auxiliares: José Javel Silveira e Tatiana Jacques de Freitas

Público e renda: não divulgados

Gol: Júnior Viçosa 40 do 1º

Cartões amarelos: Carlos Alberto, Cleiton e Eduardo (Canoas); Neuton, Dener e Adílson (Grêmio)

CANOAS - Anderson (6), Jean (5) (Fábio Alemão, 32 do 2º, 4), Lima (5,5), Alex Martins (5,5) e Marciel (5); Washington (5), Carlos Alberto (5,5), Jé (5) e Cleiton (5,5); Rodrigo Galvão (4) (Eraldo, intervalo, 6) e Tiago Matos (4) (Eduardo, intervalo, 5). Técnico: Rogério Zimmermann (5,5).

GRÊMIO - Victor (6,5); Mário Fernandes (6), Vilson (6), Neuton (5,5) e Bruno Collaço (6); Mateus Magro (5), Adílson (5,5), Lúcio (6,5) (Dener, 16 do 2º, 6) e Roberson (5,5) (Pessali, 24 do 2º, 6); Diego Clementino (6) e Júnior Viçosa (6,5) (Lins, 11 do 2º, 5,5). Técnico: Renato Gaúcho (5,5)

Foto: Nabor Goulart / Agência Freelancer