Um amargo 17 de dezembro
Mundial 2010: um pôster que não sairá nas bancas |
Há quatro anos, o Internacional conquistava o mundo com uma vitória inesquecível sobre o Barcelona, o bicho papão da vez. Aquele 17 de dezembro de 2006 começou cedo e terminou somente dias depois, tal a força da justa comemoração feita pela torcida rubra em todo o Rio Grande do Sul. O cenário contrasta drasticamente com a atual participação da equipe no Mundial. A derrota para o Mazembe fez do hiato entre os dias 14 e 18 de dezembro de 2010 as 96 horas mais longas e constrangedoras da história colorada. Em vez de festa, vibração e muita felicidade, vemos os jogadores se preparando para uma insossa decisão de terceiro lugar, todos de cabeça baixa e olhos perdidos de frustração no horizonte.
Passados três dias do Mazembazo, é hora de refletir sobre o que deu errado. Existem inúmeras razões, desde as mais profundas as mais místicas, que levaram ao fracasso colorado em Abu Dhabi. O balanço que trago agora apenas aponta aqueles erros que já citamos durante toda a preparação para o Mundial. Assim, evitaremos ser oportunistas e nos focaremos apenas naquilo que importa: tentar compreender os motivos da dor vermelha e, a partir disso, propor uma nova cartilha de preparação para ocasiões semelhantes.
Indefinição no esquema
Celso Roth sempre foi um técnico que se caracterizou por acertar um time e mexer nele quando não devia ou na hora errada. Desta vez, quando precisava mexer, manteve uma formatação que não podia dar certo. Testou basicamente dois formatos no pós-Libertadores: 4-5-1 e 4-4-2. Quando era evidente que a segunda opção obtinha rendimento superior, preferiu voltar à primeira.
A questão Sobis
O 4-5-1 campeão da Libertadores só deu certo porque Taison era um ponteiro que voltava para marcar. Rafael Sobis não tem esta característica: nunca foi jogador de velocidade, mas de definição. Prendê-lo na ponta foi um crime: teve que se sacrificar numa função que não é a sua e ainda ficou impedido de realizar sua melhor virtude, o chute a gol. Contra o Mazembe, seu melhor momento no jogo foi no segundo tempo, quando ficou mais no ataque que na meia. Foi sacado em seguida do time.
Falta de repetição
O Internacional não chegou de forma alguma desentrosado ao Mundial. Mas é inadmissível que uma equipe que vence a Libertadores em agosto tenha jogado junta apenas uma vez em quatro meses até Abu Dhabi. Foi contra o Vitória, na penúltima rodada do Brasileirão.
Titulares contestados
Wilson Matias não foi mal contra o Mazembe, mas nunca convenceu como primeiro volante. Glaydson, lesionado, e Derley, mereciam mais chances. Além do mais, talvez Celso Roth pudesse ter arrumado um lugar para Giuliano entre os titulares. Renderia mais do que Sobis como meia, e Sobis renderia mais como atacante fincado do que Alecsandro.
Embaixo das traves
A questão dos goleiros foi sempre mal conduzida. Sabe-se, agora, porque Renan voltou da Europa: vive fase técnica terrível. Jogou no nome o Brasileirão inteiro, embora sua média de gols sofridos seja mais baixa que a dos demais. Para piorar tudo, Celso Roth promoveu um bizarro rodízio de goleiros que não serviu para nada tecnicamente (Muriel, o melhor do rodízio, não foi convocado), tirou ritmo de Renan e não deu ritmo aos outros três arqueiros do elenco.
Zagueiros
Seria oportunista demais afirmar que a não ida de Rodrigo a Abu Dhabi foi um fator determinante para a derrota, já que Índio e especialmente Bolívar não foram bem. No entanto, mesmo sem ter sido decisiva, esta questão mostra um quadro de desorganização preocupante. Rodrigo veio e saiu do Beira-Rio quatro vezes. Não jogou uma partida sequer, mas iria ao Mundial mesmo assim. Foi vetado pelo departamento jurídico na véspera. Tudo errado.
Padrão de jogo
O Internacional foi campeão da América merecidamente e não cabe qualquer questionamento. No entanto, é preciso verificar que, dos 12 meses do ano, a equipe só jogou bem mesmo em julho e agosto, período de conquista da Libertadores. Antes, passava sem bom futebol pelos adversários, aos trancos e barrancos. Depois, desdenhou do Brasileiro, tornando-o um martírio e contando os dias para que ele acabasse. Ao contrário de 2006, quando os períodos ruins eram raridade na temporada, em 2010 os períodos de grande futebol é que foram exceção. Muitos confiavam no título mundial pela fase da Internazionale, mas esqueciam que o próprio Colorado fizera um Brasileirão mediano.
Quem fica?
Pergunta difícil. Celso Roth é desejo de Fernando Carvalho para 2011, mas resta saber se Roberto Siegmann, que mandará no futebol, concorda. Dos titulares, é possível que Guiñazu, Kleber e Alecsandro saiam. O Inter precisa contratar laterais dos dois lados, volantes e um bom atacante. Começa o ano precisando de uma boa reformulação – isso se contarmos que jogadores como D’Alessandro ficarão, o que não é garantido.
Em tempo:
- Convidar o Mazembe para a inauguração da Arena vale como uma piada esplêndida. Se a medida for posta em prática, porém, cairá no ridículo. Flauta faz parte, viver à sombra do rival não.
- Edinho no Inter? Marcelinho Paraíba no Grêmio? Chega de passado. Talvez o volante até ainda seja útil, mas o meia-atacante já passou de época.
Foto: Jefferson Bernardes/Vipcomm.
Comentários
Custo a crer que Celso Roth será mantido para 2011. O fracasso dele não foi só no Mundial, foi em todo o período pós-Libertadores (conquista na qual, diga-se, teve muitos méritos). Insistir nele, depois de tudo e com semelhante estigma nas costas, me parece uma convicção que beira a insanidade. Mas enfim, se o Carvalho quer, torna-se bem possível...
Aliás, a última vez que fiz uma dessas tive certos "problemas", lembra?
Grande abraço.
e acho q roth deveri aser mantido. QUESTÃO DE PLANEJAMENTO.
ele não é BLESTRA.
Uma possível vinda do Mazembe, aceitaria se fosse um torneio. Convidaria também o Nacional e o Porto. Um quadrangular: Grêmio-Porto, Nacional-Mazembe, Dec. 3º e Final. Se bem que eu preferiria trazer o Frontale, acho que o Mazembe teria um efeito LOCAL bastante interessante.
E sobre contratações, antes de o cidadão fazer o primeiro treino com o elenco, eu não falo nada.
P.S.: De Natal, para os meus amigos colorados, comprei o DVD "Gigantes do Deserto".
No lançamento, eu que sou gremista, babei...
O Nacional foi o adversário na partida de inauguração do Olímpico e tem uma estreita relação com o Grêmio desde então.
Mas por que o Porto, Sancho? Por causa do Jardel ou porque o Inter enfrentou o Benfica na inauguração do Beira-Rio?
Gigantes do Deserto é um presente genial. hdshds
O Porto serivira até por esses motivos, apesar de eu não ter pensados neles. Duas razões a mais...
O que eu pensara foi o seguinte:
a) eu acho que deveria vir um clube europeu;
b) o Rio Grande o Sul tem vínculo com Portugal;
c) os clubes portugueses de ponta são mais baratos e práticos de trazer que clubes do mesmo escalão de Itália, Inglaterra, Espanha e Alemanha;
d) seria interessante abordar pelo o evento a existência de dois "Rio Grande" -português e espanhol, platino e brasileiro, etc. A vinda de Porto e Nacional ajudaria a simbolizar isso.
e) e, claro, o Porto é AZUL!
Para a inauguração da Arena, acho que o Grêmio tinha que elaborar um TORNEIO. Convidam-se
1) São Paulo ou Portuguesa
2) Peñarol ou Atl. Nacional
3) Hamburgo ou Ajax
4) JUVENTUDE
5) NÁUTICO
Dois grupos de três times, todos contra todos em um tempo de 45min. O campeão vai à final.