Como se fosse italiana
Zanetti, 37 anos, 15 de Inter e o mundo aos pés em 2010 |
A Internazionale é considerada o time mais sul-americano da Itália. Só hoje foram oito dos 11 titulares. Nenhum jogador, nem mesmo o técnico, nasceram na Bota. No entanto, ganhou seu terceiro título mundial, o primeiro em 45 anos, da forma mais italiana possível. O jogo de hoje foi idêntico à semifinal: fez dois gols cedo, defendeu-se com competência por 80% do jogo e, no fim, matou a partida.
O esquema da Inter foi o mesmo do jogo com o Seongnam: um 4-3-3 que, mesmo sendo 4-3-3, não perde em consistência defensiva. Desta vez, Eto’o foi melhor: mais participativo, puxou contra-golpes, fez grandes jogadas e foi visto constantemente dentro da área. Verdade que o gol de Pandev, o qual mostrou que não era tarefa hercúlea vazar a defesa do Mazembe, fez o time do Congo conceder mais espaços. O camaronês fez 2 a 0 aos 16 minutos, praticamente liquidando a fatura no primeiro tempo.
O que se seguiu foi um jogo sonolento, possivelmente a final de Mundial mais sem graça (exceto pela infalível charanga africana) de todos os tempos. O restante do primeiro tempo foi um modorra só: o Mazembe, claramente com medo da goleada, pensou até em colocar mais volantes para evitar um vexame. A Inter, à italiana, pouco se desgastava. Não fosse pela imperícia de Milito ao concluir (boas saídas de Kidiaba) e o placar teria sido mais dilatado.
Na etapa final, a equipe congolesa viu que o bicho não era tão feito assim e tentou o gol de honra. Foi até interessante. O Mazembe criou algumas chances, sempre com Kabangu e Kaluyituka, os algozes do Internacional, os dois melhores jogadores deste time, que certamente jogarão em gramados europeus em muito breve. O gol de Biabiany foi até injusto, de certa forma, pelo que fazia o campeão africano em campo. Merecia um golzinho de honra.
Massimo Moratti mal comemorou. Rafa Benítez, aliviado, sim. A Internazionale, depois de passar por Chelsea, Barcelona e Bayern München, ganha o mundo em duas tarefas fáceis, duas goleadas que não lhe exigiram grande esforço. Faltou o esperado confronto com o tocaio rio-grandense. O que não invalida, nem diminui, uma conquista que há quase meio século não vinha para o lado azul de Milão.
Mundial Interclubes 2010 – Final
18/dezembro/2010
MAZEMBE 0 x INTERNAZIONALE 3
Local: Mohamed bin Zayed, Abu Dhabi (EAU)
Árbitro: Yuichi Nishimura (JAP)
Público: 42.174
Gols: Pandev 12 e Eto’o 16 do 1º; Biabiany 39 do 2º
Cartão amarelo: Kaluyituka, Ekanga, Bedi, Kasusula e Thiago Motta
MAZEMBE: Kidiaba (6), Nkulukuta (4,5), Kimwaki (4), Mihayo (4,5) e Kasusula (5); Ekanga (4,5), Bedi (5,5), Kasongo (5) (Kanda, intervalo – 5), Kabangu (6) e Kaluyituka (5,5) (Ndongo, 44 do 2º - sem nota); Singuluma (4). Técnico: Lamine N’Diaye (5,5)
INTERNAZIONALE: Júlio César (6,5), Maicon (5,5), Lúcio (6), Córdoba (6,5) e Chivu (5,5) (Stankovic, 8 do 2º - 6); Thiago Motta (6) (Mariga, 41 do 2º - sem nota), Cambiasso (6) e Zanetti (7); Pandev (7), Milito (5) (Biabiany, 24 do 2º - 6,5) e Eto’o (7,5). Técnico: Rafa Benítez (6,5)
Foto: AP.
Comentários
Esse 'até' e esse 'interessante' definem a chatice desse mundial. Mesmo tendo amado a derrota do Colorado, esse sábado futebolístico - que noutros anos foi de grandes jogos - ficou abaixo do tolerante.
Sobretudo pela comemoração da Internazionale. Após o apito final, eles se abraçavam (enquanto os congoleses posavam para foto ao lado do Figo) como se houvesse acabado uma copa beneficiente para arrecadação de fundos pro Criança Esperança da África Negra.
Aliás, esse é tipo de destino que o Toyota do Eto'o poderia tomar. Eto'o, um jogadorzaço, injustiçado ao ser incubido de virar 'o craque' de um torneio que não precisou de craques.
Na real, o Celso Roth é que estragou a competição. ddshshd