Modo economia de energia
André Lima sobe mais que todo mundo e faz 1 a 0 |
O Grêmio não precisou fazer muita força para vencer o Guarani. Jogou o suficiente, para o gasto. É verdade que passou por percalços: o calor foi uma desculpa muito utilizada pelos jogadores na saída após o intervalo, mas o time jogou pouco no primeiro tempo, tecnicamente falando. No entanto, a superioridade era tanta que foi só forçar um pouco na etapa final e o resultado veio, e elástico.
Foi uma partida de administração. A impressão que dava era quase de soberba: o Grêmio estava ciente de que é muito superior e decidiu não forçar ou impor um ritmo forte, pois o resultado viria naturalmente. Após um começo até ousado da equipe de Campinas, aos poucos os gaúchos foram tomando conta do jogo. Pela esquerda, mais uma vez, foi onde a equipe de Renato achou o caminho. E na bola parada marcou, em mais um bom levantamento de Rochemback, e mais um gol de centroavante de André Lima, idêntico ao que fizera contra o São Paulo e tantas outras vezes neste campeonato.
A partir daí, a equipe se acomodou de vez. A economia de esforços foi tanta que o Guarani cresceu no jogo. Porém, é surpreendente e triste ao mesmo tempo um time que desde o início do certame está com o mesmo técnico e verificar que não se vê padrão de jogo algum. Vagner Mancini já admitiu ter errado ao não pedir reforços na janela de agosto, quando o Bugre frequentava a zona intermediária da tabela. Além disso, fez um mau trabalho comandando este fraco elenco. As únicas jogadas eram lançamentos de Baiano para os rápidos Apodi e Mazola, que até incomodam, mas raramente produzem algo de útil. Fora isso, cobranças de escanteio do próprio Baiano, que tenta sempre o gol olímpico.
Mesmo assim, é justo lembrar que Victor fez várias grandes defesas. A melhor delas, quando ainda estava 1 a 0: Baiano bateu falta no ângulo, daquelas que ninguém culpa o goleiro se ele até der o golpe de vista. Pois Victor foi lá, buscou e mostrou porque é o melhor goleiro do país. Além dessa, em vacilos de posicionamento da defesa (ficava em linha), saiu duas vezes com o pé, afastando como se fosse líbero. O jogo, portanto, não foi uma barbada: o Grêmio economizou energia, jogou para o gasto, mas poderia ter sofrido o empate...
...Não fosse Diego Clementino. Predestinado como pouquíssimos, entrou, sofreu o pênalti que deu a tranquilidade e marcou o terceiro, numa das únicas boas jogadas de Jonas em toda a partida. Clementino atuou 171 minutos pelo Grêmio, o equivalente a pouco menos de dois jogos. Fez cinco gols. Na realidade, o talismã materializou a superioridade que o Tricolor adquirira minutos antes. O segundo gol estava na fôrma há algum tempo. O período de ameaças bugrinas foi do gol de André Lima até 15 minutos do segundo tempo. Dali em diante, até o 2 a 0, várias chances foram desperdiçadas pelo Grêmio. A melhor delas em saída confusa do goleiro após passe errado da zaga, onde Jonas se enrolou em vez de fazer o gol.
Foi uma vitória que explicita bem a diferença técnica entre as equipes, embora o 3 a 0 tenha sido mais difícil do que aparenta. Fato é que o Grêmio fez a sua parte, venceu bem um adversário desesperado, rebaixou o Guarani como fizera com o Ipatinga há dois anos e, com o empate do Atlético/PR em Fortaleza, pode até empatar com o Botafogo domingo que vem. A Libertadores está muito próxima. É difícil o time de Joel Santana vencer no Olímpico, não vem jogando sequer perto do que faz o Grêmio, e fora de casa fica ainda mais complicado. O Tricolor só perde a vaga se tentar administrar o empate. Jogando para vencer, provavelmente ficará apenas à espera do título do Independiente na Sul-Americana.
Em tempo:
- Jonas, 22 gols, maior artilheiro de um campeonato por pontos corridos com 20 clubes. E já viveu melhor fase.
- Lamentável a lesão de Mário Fernandes.
- Com esta goleada, o Tricolor é campeão do “Clausura”. Vencendo o Botafogo, Grêmio atingirá 43 pontos no returno. Seria o melhor turno da história dos pontos corridos com 20 clubes. Por aproveitamento, só perderia para o returno do Cruzeiro, em 2003: 77% a 75%.
Campeonato Brasileiro 2010 – 37ª rodada
28/novembro/2010
GUARANI 0 x GRÊMIO 3
Local: Brinco de Ouro da Princesa, Campinas (SP)
Árbitro: Nielson Nogueira Dias (PE)
Público: 5.725
Renda: R$ 37.781,00
Gols: André Lima 23 do 1º; Jonas (pênalti) 33 e Diego Clementino 38 do 2º
Cartão amarelo: Maycon, Mazola, Baiano, Aislan, Fábio Rochemback e Jonas
GUARANI: Emerson (5,5), Apodi (6), Aislan (4,5), Aílson (4,5) e Márcio Careca (4,5); Maycon (5), Paulinho (4,5) (Pablo, intervalo – 5,5), Baiano (5,5) e Barboza (4,5) (Ronaldo, 27 do 2º - 5); Mazola (5) e Reinaldo (4) (Douglas, 12 do 2º - 4,5). Técnico: Vagner Mancini (3,5)
GRÊMIO: Victor (7,5), Mário Fernandes (sem nota) (Ferdinando, 11 do 1º - 5,5), Paulão (6), Rafael Marques (5,5) e Fábio Santos (6); Fábio Rochemback (6), Adilson (5,5), Lúcio (5,5) (Gílson, 36 do 2º - sem nota) e Douglas (6); Jonas (6,5) e André Lima (6,5) (Diego Clementino, 21 do 2º - 8). Técnico: Renato Portaluppi (6,5)
Foto: Denny Cesare/Futura Press.
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