Mais que uma goleada
Com frieza, Xavi vence Casillas e faz 1 a 0 no clássico |
O pesadelo de 1994 se tornou realidade de novo. O Barcelona de 2010 igualou o de Romário ao fazer 5 a 0 no maior rival. Uma goleada que caiu como uma bomba atômica sobre um projeto que se mostrava avassalador do Real Madrid, que com José Mourinho parecia encontrar o rumo depois de anos de muito dinheiro gasto, mas vivendo à sombra do rival em termos de resultados.
Fato é que o Barcelona foi tão espetacular que transformou o Real Madrid num timeco. Um timeco com Casillas, Ricardo Carvalho, Marcelo, Xabi Alonso, Khedira, Özil, Cristiano Ronaldo. Um timeco de milhões de euros, que estava invicto nesta temporada, com o melhor ataque, a melhor defesa e um aproveitamento de quase 90% dos pontos que disputou.
Quem viu vídeos daquele Holanda x Uruguai de 1974 certamente se lembrou daquela partida da Copa da Alemanha no jogo de hoje. O Barcelona colocou o Real Madrid na roda o tempo todo. Jogou e não deixou o rival jogar. Não é um time só de toquezinhos de efeito; marca muito, e ofensivamente. Sua ofensividade não está em ter três atacantes, mas no modo como a equipe joga: parece ter 11 atacantes com a bola, e 11 zagueiros ou volantes, famintos por recuperá-la, quando não a tem.
O show começou cedo. Primeiro, Xavi, um monstro do meio-campo. Depois, Pedro recebeu de Villa, um demônio com a bola nos pés, que ainda fez dois no segundo tempo. Fora eles, viu-se Iniesta e sua absurda qualidade técnica. Ele e Xavi devem ter errado um passe pela última vez nos juvenis, lá pelos anos 90.
E Messi? Jogou mal no primeiro tempo, ou seja, fez boa partida. No segundo, enlouqueceu os madrilenhos. O Real Madrid, sinônimo de futebol fino e artístico, apelou para a truculência. Não tinha o que fazer. Não jogava, sequer tocava na bola. O Barcelona, após o 4 a 0, impôs uma das maiores humilhações da história merengue: eram trocas de passe que duravam dois, três minutos. Quando forçava um pouco, o time catalão causava terrores em Casillas. Craques viravam baratas tontas, correndo de um lado para o outro.
Ao mesmo tempo, a goleada do Barça reforça ao menos um mérito de José Mourinho: o de ter conseguido eliminar os catalães da última Liga dos Campeões com a Internazionale. Porque o Barcelona é o mesmo, não joga melhor nem pior que naquela época. Este espantoso padrão de jogo se mantém há anos no Camp Nou, e somente Mourinho soube pará-lo no início do ano. Essa era a esperança do Real Madrid quando o trouxe. Fica para uma próxima.
Campeonato Espanhol 2010/11 – 13ª rodada
29/novembro/2010
BARCELONA 5 x REAL MADRID 0
Local: Camp Nou, Barcelona (ESP)
Árbitro: Iturralde González
Público: 98.255
Gols: Xavi 9 e Pedro 17 do 1º; Villa 8 e 11 e Jeffren 46 do 2º
Cartão amarelo: Valdés, Villa, Messi, Puyol, Cristiano Ronaldo, Pepe, Xabi Alonso, Casillas, Marcelo, Ricardo Carvalho e Khedira
Expulsão: Sérgio Ramos 47 do 2º
BARCELONA: Valdés (6), Daniel Alves (6,5), Pique (6,5), Puyol (7,5) e Abidal (6,5); Busquets (7), Xavi (9) (Keita, 40 do 2º - sem nota), Iniesta (8) e Pedro (7) (Jeffren, 41 do 2º - 6,5); Messi (8) e Villa (8,5) (Bojan, 30 do 2º - 6). Técnico: Pepe Guardiola (10)
REAL MADRID: Casillas (5), Sérgio Ramos (2), Pepe (5,5), Ricardo Carvalho (4,5) e Marcelo (4,5) (Arbeloa, 13 do 2º - 4); Xabi Alonso (4), Khedira (4,5), Di Maria (3,5) e Özil (3,5) (Lassana Diarra, intervalo – 3); Cristiano Ronaldo (3,5) e Benzema (3). Técnico: José Mourinho (3)
Foto: AFP
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