Nem o apito apaga este jogaço

Somália e Montillo foram destaques no Engenhão

Botafogo e Cruzeiro protagonizaram uma partida completa, emocionante e de muito bom nível: dois bons times, jogadores decisivos de lado a lado, grandes lances, quatro gols. Um dos melhores jogos do Campeonato Brasileiro, para quem adora reclamar do nível técnico e prosseguir insistindo na falácia de que é um torneio nivelado por baixo. Isoladamente, o 2 a 2 acabou sendo bom para ambos, diante das circunstâncias. Para os cariocas, por estarem perdendo em casa e só terem alcançado o empate devido a dois erros de arbitragem; para os mineiros, por conseguirem segurar um concorrente direto fora de casa.

Joel Santana entrou com uma estratégia bem definida: marcar o setor criativo, ponto forte do Cruzeiro, para que o ataque morresse de fome e seu time explorasse a velocidade de seus alas e meias. No primeiro tempo, deu certo: Fahel e Leandro Guerreiro colaram em Roger e Montillo, respectivamente. O argentino até deu trabalho, mas Roger sucumbiu. Obrigado a marcar as descidas de Alessandro, por orientação de Cuca, pouco apareceu.

O Botafogo, mais objetivo, ia melhor. Seus dois laterais, Alessandro e Somália, desarmavam e puxavam contragolpes com grande desenvoltura. O ala direito, inclusive, marcou o primeiro gol, logo aos quatro minutos. Maicosuel, ora ponta, ora meia, levava grande perigo com suas arrancadas. Muito bem armado por Joel Santana, o alvinegro carioca neutralizou o time de Belo Horizonte e saiu com uma merecida vantagem para o intervalo.

No segundo tempo, porém, tudo mudou. Cuca liberou Roger de tarefas defensivas, e ele cresceu muito no jogo. O meia encostou em Thiago Ribeiro pela esquerda, e por ali o Cruzeiro tramou bons lances. No outro lado, Montillo escapava não só de Leandro Guerreiro, mas de quem viesse junto com ele. Abria, também, espaço para Henrique e Jonathan dialogarem. E mostraram que Joel estava certo: quando resolveram jogar, os dois meias do Cruzeiro desequilibraram. O primeiro gol foi obra de Roger, que lançou Diego Renan com maestria, sendo, então, derrubado por Caio. Montillo bateu o pênalti e empatou. A seguir, o argentino protagonizou jogada memorável, limpou três marcadores e virou o jogo, num tirambaço seco.

Aí, infelizmente, Heber Roberto Lopes mudou o rumo do jogo. Depois de anular um gol legítimo de Farías no primeiro tempo (alegou saída de bola, quando ela não ultrapassou a linha inteiramente), o árbitro marcou um pênalti absurdo em favor do Botafogo: Maicosuel foi tocado por Diego Renan, mas fora da área, e sem falta. Abreu empatou o jogo. Os minutos finais foram de pressão botafoguense contra um Cruzeiro acuado e satisfeito com a igualdade.

Diante das circunstâncias do jogo, foi um bom empate para Botafogo (38 pontos) e Cruzeiro (41). Porém, analisando o campeonato como conjunto, foi muito melhor para os concorrentes que para eles próprios. O Corinthians já goleou o pobre Prudente e disparou a 44. Amanhã, o Fluminense pode igualar este número. Internacional (35) e Santos (34), por sua vez, terão a chance de encostar.

A tradição é quem manda
A Série B começa a encaminhar a volta de velhos conhecidos à elite brasileira para 2011. O Bahia, que cresceu muito desde que Renato Portaluppi de lá saiu, venceu a Ponte Preta por 2 a 1, de virada, em Campinas. É líder, com 40 pontos, ao lado do Coritiba. O Coxa estreou Tcheco e voltou ao Couto Pereira, depois de cumprir a punição de dez jogos pelas barbaridades da última rodada do Brasileirão de 2009. Fez 2 a 0 na Portuguesa.

Ontem, o América/MG fez 1 a 0 no Figueirense, em Florianópolis. O Coelho tem 37, é quarto; o Figueira tem 39, é terceiro. Além deles, a Ponte Preta, com 37, está na briga. O Sport, que vem reagindo depois de frequentar a zona de rebaixamento, já é sexto, com 33, e não pode ser descartado. Ao menos em nomes, a Série A do ano que vem promete ser bem forte.

O melhor Atlético/PR
O Furacão realiza sua melhor campanha desde 2005, quando foi sexto colocado. Bateu o Atlético/GO hoje por 2 a 1, em Goiânia, e chegou aos 34 pontos, na sétima colocação. Parece sem força para suplantar quem vem à frente, mas vem fazendo um campeonato mais digno que em 2006 (13º colocado), 2007 (12º), 2008 (13º) e 2009 (14º). Bom trabalho de Paulo César Carpegiani.

Foto: Nina Lima.

Comentários

Milton Ribeiro disse…
Vem em boa hora tua observação sobre o imaginado "baixo nível" do campeonato. Tenho visto alguns europeus bem piores, viu?
Vicente Fonseca disse…
É sempre a mesma ladainha, Milton: "o nível é baixo", "não há grandes equipes", "os jogadores são sofríveis". Como disse o Prestes num dos últimos programas, vejo justamente o contrário: há bons times que estão inclusive mal na competição, tão bom é o campeonato.

De fato houve um empobrecimento no começo da década, quando os jogadores saíam a rodo do país. Mas este momento já está superado há algum tempo. Fora a capacidade de renovação, que é muito grande.
Vejam, senhores, o que encontrei quando revirava o almoxarifado da empresa: http://cartanamanga.blogspot.com/2010/01/cobrem-depois.html

De 20 campeonatos (total de 24, mas quatro deles ainda não terminaram), 6 acertos pra cada, 33,3% (média de rebaixamento). 4 deles em conjunto (Italiano, Espanhol, Português e Gauchão). Ninguém acertou os 3 torneios mais importantes (UCL, World Cup e Liber). E a maior vergonha de todos os tempos: ninguém apostou no Dragão como campeão do Goianão 2010, algo tão óbvio quanto árbitro apitando jogo do Corinthians.

Cancelarei a assinatura daqui e voltarei pra PLACAR.
Vicente Fonseca disse…
Ingrato!

Vamos expor tudo no fim do ano, não te preocupes. Ao menos ninguém apostou no Dragão campeão brasileiro, algo que CERTOS RAPAZES o fariam.

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VdP: Hermann HESSEs escritor d'O Lobo da Estepe.