Meio de tabela

Jonas, com mais dois gols, é o artilheiro do Brasileirão

A exceção foi o jogo contra o Palmeiras. O Grêmio comportou-se mais uma vez bem fora de casa. Foi o quarto jogo seguido sem derrota longe do Olímpico, e a segunda vitória consecutiva. Com 29 pontos e em 11º lugar, o time de Renato está tão próximo da Libertadores quanto do rebaixamento, o que significa que falar neste agora é tão utópico quanto citar aquela. Por enquanto. Como a tendência é de crescimento, a distância para os ponteiros pode diminuir, e isso não é delírio. A distância para o líder, que chegou a 21 pontos na 16ª rodada, é de 15 hoje.

Voltando à Ressacada: não houve brilhantismo, mas uma superioridade que é fruto da maior qualidade técnica do Grêmio. O time gaúcho sofreu com a correria do Avaí no começo, mas aos poucos foi se impondo. Victor, no início; Douglas, no meio; e Jonas, no fim do primeiro tempo, materializaram este maior potencial do Tricolor, que abriu o placar num lance individual de seu artilheiro e, a partir dali, mandou de vez no jogo.

Importante, além da artilharia do Brasileirão para Jonas e de mais uma boa atuação de Douglas, foi o gol de André Lima. Ele mal tocou na bola, mas não importa: centroavante vive de bola na rede, e ele precisava disso. André Lima, com sequência de jogos, pode ser um bom substituto para Borges. Desde que saiu do Botafogo, nunca mais teve esta possibilidade de agora: atuar 16 partidas seguidas como titular. A falta de sequência pesa para seu mau currículo recente. Mas já demonstrou ser bom jogador, e pode sim contribuir.

Importante ressaltar também mais uma excelente partida da dupla de volantes. Fábio Rochemback, apesar de alguns erros de passe, foi implacável na marcação; Adilson, a cada dia que passa, joga mais. Firme no desarme e agora qualificado na saída de bola, com algumas boas arrancadas, tem se firmado como um dos melhores de sua posição neste Campeonato Brasileiro. Com um meio marcando firme, os laterais se soltam e ajudam Souza e Douglas a crescerem de produção.

Finalmente, a já cantada maturidade tática do Grêmio, anunciada prematuramente por Renato após o empate na Arena da Baixada, começa de fato a aparecer. Um time não vence duas partidas seguidas longe de casa se não estiver com segurança neste aspecto. Ainda mais um 3 a 0 como o desta noite. O Tricolor não goleava desde a 4ª rodada, por este mesmo placar, contra o próprio Avaí. Fora de casa, então, o último placar dilatado foram os 4 a 1 no Ipatinga, em novembro de 2008.

Importante será seguir neste ritmo contra o Flamengo, quarta-feira. Não para sonhar com Libertadores abertamente, mas para fazer um final de campeonato digno. O que vier, a estas alturas, já será lucro. Uma pena que os meses de julho e agosto tenham arruinado uma campanha que, eu cansei de dizer aqui, tinha tudo para ser boa. Só agora, com 40 pontos já perdidos, é que estamos enxergando a pontinha desse iceberg.

Ênio intacto
Paulo César Gusmão não conseguiu bater o recorde de Ênio Andrade, 23 jogos invicto pelo Brasileirão, em 1979. Ficou 21, sete com o Ceará e 14 com o Vasco, que perdeu no Beira-Rio. Não sem antes dar bons sustos no Inter. O primeiro tempo foi mais do time carioca, que era o único que poderia ter saído para o intervalo com vitória.

Não venceu, e foi castigado. Edu, com o gol, começa a cavoucar um espaço no time, ao menos enquanto não se define quem são os atacantes. O Inter sobe a 38 pontos, segue na caça aos líderes, mas dificilmente terá fôlego. Hoje, por exemplo, Tinga foi poupado devido ao desgaste. Será assim de agora em diante, e com justiça: quem não estiver 100%, não joga. Evitar riscos é a ordem. Se der, mesmo assim, para brigar pela ponta, tanto melhor.

Cara de rebaixamento
O Atlético/MG desespera seus torcedores, que estão vendo o filme de 2005 se repetir. Cada derrota é trágica e dolorosa. A equipe dava a impressão de um desastre: levou 2 a 0 em 14 minutos contra o Vitória. Buscou o empate do jeito que dava, mas sofreu um gol por bobeira defensiva. Com apenas 21 pontos, parece condenada. Entretanto, exemplos como o Flu de 2009 simplesmente impedem que decretemos tão cedo sua morte. Por mais que ela se mostre a cada dia mais real.

Baita Fla-Flu
Fla-Flu com seis gols, 3 a 3. Resultado ruim para os dois. O Flamengo está seis pontos à frente da zona de rebaixamento, mas não consegue engatar uma sequência de vitórias. Ao menos, o time marcou cinco gols nos últimos dois jogos, uma façanha, dado o péssimo ataque rubro-negro. Deivid dá outra vida ao setor ofensivo. Já o Flu não vence há três rodadas. Vê o Corinthians dois pontos na frente, que podem ser cinco. Rodada excelente para o Timão.

De quarta
No fim, o triste encerramento da Série C para os clubes gaúchos. Brasil e Caxias morreram abraçados no Centenário com o 0 a 0. E o Juventude, com o 1 a 1 em Criciúma, caiu pela terceira vez em quatro temporadas. Vai para a Série D, onde estão Remo, Santa Cruz e Gama. Para quem frequentou a elite por 13 anos ininterruptos até três temporadas atrás, é chocante.

Dos cinco clubes gaúchos nas Séries C e D, nenhum passou de fase. Fiasco, em pleno 20 de setembro. Merecíamos mais. Isso que o estadual deste ano foi reconhecido como um dos melhores dos últimos anos, por todos.

Foto: Giuliano Gomes.

Comentários

Marcelo disse…
Sempre tenho a impressão que é falta de confiança o problema dos times gaúchos nas divisões inferiores. O futebol raramente me parece pior que de certos times nordestinos, ou do centro do país, e a capacidade de investimento não é tão ruim assim.

Acho que o primeiro que engatar uma boa campanha e, digamos, subir pra B, vai arrastar outros times juntos.
Lique disse…
eu não queria estar na pele de um torcedor do galo nesse momento: depois de perder pro vitória em casa, a sequencia de jogos é ruim, culminando no clássico, que deve enterrar de vez o clube.

flu (f), grêmio (c), ceará (f), atl-go (f), corinthians (c), inter (f), avaí (c), cruzeiro.

quantos pontos será que consegue desses 24? e depois segue ruim, qualquer confronto é ruim para um time na situação do atlético-mg.
Vicente Fonseca disse…
Marcelo, o Brasil até alcançou uma boa campanha em 2008, quase subindo; o mesmo ocorreu com o Novo Hamburgo em 2005 e o Caxias, este na Série B, em 2001. Realmente, acho que a falta de confiança pode pesar sim. O Campeonato Gaúcho não é mais fraco que o Catarinense e o Paranaense, por exemplo.

Lique, de fato anda ruim ser atleticano, time do meu falecido avô, com o qual simpatizo até hoje por isso. Times grandes costumam crescer nestes momentos. O Flu, em 2009, tinha Palmeiras e Inter pela frente, fez quatro pontos nesses dois jogos e iniciou a arrancada. Acho que somente a continuidade da queda de times como Avaí e Vitória podem salvar o Galo, que, pelo menos, é o 17º, e não lanterna.
Milton Ribeiro disse…
Lamento que não haja uma série E para Juventude.
Vicente Fonseca disse…
shdsahdsa Quanto rancor.

Na verdade, a Série D já parece calvário suficiente. São 40 times e só 4 vagas, e os promovidos precisam passar por SEIS fases antes de retornar à Terceirona. Remo e Santa Cruz já estão lá há dois anos. O Santa não conseguiu subir de novo em 2010.
Lique disse…
agravantes no caso do galo mineiro: QUATRO pontos de diferença para o primeiro não-rebaixado. e os jogos são um time difícil em casa, um "fácil" fora. sendo que CASA significa IPATINGÃO. ai, ai, ai. vejo luxa se ralando, a única parte divertida desse lance.
Lique disse…
ok, não é exatamente assim que funciona (fácil fora, etc). mas ENFIM. heh
Vicente Fonseca disse…
hehe

Sim, tudo verdade. Mas o time grande tira forças sei lá de onde às vezes. Às vezes.

E o Galo tem jogado na Arena do Jacaré, não?
Sancho disse…
Já passou da hora da FGF reconhecer sua responsabilidade na decaída do futebol gaúcho e trabalhar para reverter o quadro.

Não é organizando congresso em Montevidéu e Buenos Aires, ou se auto dando tapinha nas costas porque o Inter foi campeão da América que se resolve isso...
Sancho disse…
A Série D tem 6 fases ao todo. Para subir, são 4.
Victor disse…
O resultado do Fla x Flu foi bom para o Fluminense.
Ruins foram os resultados anteriores...
Vicente Fonseca disse…
Concordo, Sancho, apesar de eu achar que o Gauchão deste ano teve mesmo alguns bons times do interior - os quais se desmancharam, muitos deles. E obrigado pelo esclarecimento sobre a Série D.

Victor, o Fla-Flu foi bom para o Fluminense diante das circunstâncias do jogo. Mas claro que as últimas derrotas obrigavam o Tricolor a vencer o clássico de ontem...
Lique disse…
não sei a razão, mas a partir do jogo contra o avaí, os jogos do atlmg em casa estão marcados para o ipatingão.

por sinal, próximos, com os estádios em reformas para copa, vai ter muito time mandando jogos "fora de casa". enfraquece o fator local, principalmente contra times de rio e sp, que têm muita torcida fora dos seus estados.
Vicente Fonseca disse…
Enfraquece mesmo, além de baixar a média de público. Sem Maracanã e Mineirão, o Brasileirão pode perder uns 3 mil torcedores na média de público, lá no fim do ano.

Esse Fla-Flu do Engenhão, que teve 20 mil pessoas, receberia facilmente umas 60 mil se fosse no Maracanã, o que elevaria em 4 mil pessoas a média de público da rodada.

O jogo do Galo ontem, que recebeu 13 mil em Sete Lagoas, teria mais de 40 mil em Belo Horizonte, certamente. Seriam 3 mil pessoas a mais na média. No Ipatingão, que cabem 35 mil, isso pode ser minimizado. Talvez seja por isso, aliás, que o Atlético/MG vai mandar seus jogos lá, como tu disse agora.

O campeonato desse ano tem 14,5 mil de média de pagantes, o que deve dar uns 16 mil de público total. Tivesse seus dois maiores estádios ativos, estaria no mínimo em 18 mil, e chegaria fácil aos 20 mil no fim do ano. Uma pena.