Belos remendos

O mérito é todo de Renato. Porque o Grêmio veio com sérios problemas, cheio de desfalques. Mesmo assim, fez, de longe, sua melhor partida no Campeonato Brasileiro: salvo os primeiros dez minutos, quando alguns dos improvisados ainda buscavam adaptação ao lugar em campo, no restante do tempo o time amassou o São Paulo, que saiu de Porto Alegre não sabendo como marcou dois gols e como tomou só quatro.

O grande lance é que Renato manteve o esquema tático, e suas improvisações deram certo. Ao contrário de Silas, suas indicações de contratação têm dado muito certo. Vilson, por exemplo: além de ter quase somente boas atuações como zagueiro, comandando com personalidade uma defesa que parou de vazar, teve partida soberana como primeiro volante, como se fosse do lugar há muito tempo. Paulão é outro que foi bem: não tem técnica, mas dificilmente perde uma pelo físico – o que já conquistou a torcida do Grêmio, que adora jogadores assim. Com a devida parceria, já está sendo muito útil.

O melhor, porém, foi o lado esquerdo. Depois de errar e insistir com Gílson no meio, deixou-o fazer a sua, na lateral. Lúcio, como meia aberto, lembrou 2007. Teve grande atuação, um dos melhores em campo. Juntos, lembraram o próprio Lúcio e Carlos Eduardo naquela Libertadores. Quase por acidente, pintou uma bela ideia de time. Lúcio jogou muito mais que Souza, e Gílson idem em relação a Fábio Santos. Nas entrelinhas, Renato deixou a entender que pode manter essa ótima parceria. E, apesar de ontem o time ter ficado um pouco torto, não é a tendência que assim seja: voltará Gabriel do outro lado, e Jonas sabidamente cai mais por ali. Poderá haver jogadas pelos dois lados.

Com um time organizado embora desfalques importantes, o Grêmio foi superior o tempo todo. Marcou um justo 2 a 0, sofreu um gol de pênalti inexistente e passou por um período de instabilidade quando levou o empate com Marlos, o melhor são-paulino da noite. Mesmo assim, teve forças para buscar o resultado, e só com gols de atacante: André Lima, que se afirma cada vez mais, fez dois; Jonas, o artilheiro, fez o primeiro de pênalti do time no campeonato; e Diego Clementino, no oportunismo quando Rogério falhou.

Quando o time está ajustado, o elenco fica muito melhor. Os reservas dão conta do recado, os improvisados se destacam, os que entram no meio fazem gol. Finalmente, o Grêmio faz o campeonato que dele sempre se esperou. Pena que é tarde para buscar algo maior. As doze rodadas que restam são para construir a ideia de 2011 jogo a jogo, e ver que a imensa maioria deste grupo de jogadores pode permanecer. E o técnico, claro, também.

Palmeiras 2 x 0 Inter
Renan errou nos dois gols e depois do jogo. No primeiro, ao abrir barreira para Marcos Assunção, um cobrador da estirpe de Zico e Marcelinho Carioca, sem exageros; no segundo, ao pular atrasado; e depois, ao não reconhecer suas falhas. O Inter foi enfraquecido a Barueri, mas só perdeu na bola parada para o Palmeiras. Começou melhor, mas desandou com os gols sofridos. Tinga e D’Alessandro fizeram grande falta, como se esperava – embora Edu, mais uma vez, tenha feito boa partida.

O Inter seguirá falando em título, mas é um discurso que visa a apenas manter o nível competitivo do time para dezembro. Teria que vencer dez ou onze dos treze jogos restantes, algo praticamente impossível de ser alcançado. A melhor medida é começar a poupar titulares que não estejam 100%. Tinga não atuaria contra o Corinthians neste caso, pois se cogitou poupá-lo antes do jogo. Jogou e se lesionou. A partir de agora, outubro, lesões de gravidade média podem comprometer a ida de algum jogador importante para Abu Dhabi – ou, no mínimo, prejudicar seu ritmo de jogo.

É hora de administrar. Não é jogar a toalha e desistir do campeonato. Mas jogar na boa, sem pôr em risco o que é muito maior e mais importante.

Ponta de cima
Rodada mais uma vez boa para o Fluminense, que bateu o Avaí com Conca, no fim. Abriu três pontos em relação ao Corinthians, que só vencendo o Vasco na partida atrasada conseguirá empatar em pontos. A vantagem paulista esvaiu-se com o 1 a 1 diante do Botafogo. Agora, depois de uma dura sequência, a equipe de Adílson Batista terá compromissos mais leves pela frente. Hora de retomar a ponta, portanto.

O Cruzeiro mostrou que o 4 a 1 para o Santos foi acidental. Naquela partida, os mineiros levavam 2 a 1 até 40 do segundo tempo, o que mostra o quão artificial pode ter sido o placar. Ontem já voltaram ao normal, goleando por 3 a 0 o Atlético/GO. Está muito na briga, sim. E só não classifica à Libertadores, junto com Flu e Corinthians, por grande zebra.

Ponta de baixo
O gol do rival Fluminense foi ótimo para o Flamengo, que pode demitir Silas hoje, pois mantém o Avaí atrás. A derrota do Dragão em Minas também. Quem perdeu grande chance de subir e alavancar a campanha foi o Atlético/MG, que ficou no 0 a 0 com o Ceará. Mesmo em Fortaleza, era jogo para ganhar. Não há mais tempo a perder, dentro ou fora de casa. Pelo menos, o time não sofreu gols. Dorival Júnior?

Comentários

Farapm disse…
Cara, ontem o Grêmio foi feliz coletivamente, mas também contou com uma jornada ótima individualmente dos jogadores, o que não tinha acontecido ainda, eu acho. O Vilson jogou uma barabridade, o mesmo a dupla canhoteira. Talvez o pior do time tenha sido o Adílson, o que mostra como o grupo foi muito bem.
Vicente Fonseca disse…
Os jogadores crescem individualmente quando o coletivo está organizado, também. Mas o pior foi o Victor, que errou o canto na cobrança de pênalti. dshsdh