O Poder do Voto
No dia seguinte à conquista da Libertadores pelo Internacional, Juca Kfouri destacou, em seu blog, o fato de o clube gaúcho ser democrático, com eleições diretas para presidente e mais eleitores que grande parte das cidades brasileiras. Num átimo de segundo pensei “como o Juca é metido a politizado”, mas logo refleti que, sim, a democracia colorada era a maior responsável pelos títulos do clube.
Entre gente politizada há muitos que reclamam da democracia – e com razão – porque faltam os devidos aperfeiçoamentos, porque precisamos dar à boa parte da população condições para que entendam o sistema político. Atualmente, diz-se, muitos trocam o seu voto pela construção de um campo de futebol, um muro, uma escola que mal funciona.
Mas este toma-lá-dá-cá já é um avanço, um poder a mais que tem o povo. Em uma ditadura, você não pode nem fazer esta troca. E se reclamar periga levar uns cascudos, ou levar um chá-de-sumiço. Os presidentes de clubes não têm o poder de usar a força física contra sócios e torcedores. Ainda assim, muitos deles usam da coação, da chantagem, das fraudes para se manter no poder.
No Inter, com mais de 50 mil votantes, com urnas eletrônicas, com conselheiros também escolhidos por todos, isso não é possível. O Beira-Rio funciona como a democracia, mesmo que falha. E o que os eleitores querem em troca do voto não é um muro, uma calçada, ou uma escola: o torcedor colorado quer títulos.
Após o abençoado ano de 2006, ninguém cogitou não reeleger a oposição. Mas os anos de 2007 e 2008 foram de alguns fiascos, outras participações insossas. No apagar das luzes da administração Piffero, eis o que o torcedor queria: o Inter conquista de forma brilhante a Copa Sul-Americana. Ainda assim, as eleições tiveram oposição, mas esta foi derrotada.
Em 2009, o torcedor viu o clube chegar perto duas vezes, na Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro. Mas também viu muitos problemas, dentro e fora do campo. Problemas que se repetiam em 2010. E se formos recuperar tudo o que foi dito pela massa votante colorada em redes sociais, emails, rádio, portão 8, vamos ver que um milhão de vezes foi dito: “nunca mais voto nessa administração”.
E aí chega de novo uma moeda de troca. A mais valiosa, reluzindo. A Libertadores. O Internacional chega a um momento de maturidade política em que o líder de oposição Cláudio Bier reconhece que “não faria melhor que a atual administração no futebol” e anuncia que não irá concorrer no final do ano. Há consenso no Beira-Rio, mas a Situação já sabe: dois anos sem título? Tchau.
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