Por linhas tortas, o melhor técnico

Muricy Ramalho e Mano Menezes são mesmo os dois melhores técnicos surgidos como grandes nomes no cenário brasileiro neste início de século XXI. Ao contrário de nomes mais consagrados, como Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari, estão em trajetória ascendente, prontos para darem o melhor de si na seleção brasileira. A melhor escolha para assumir o posto passaria necessariamente por um dos dois.

Atual técnico do Fluminense, há dois meses no cargo, Muricy mostrou ser um homem de grandes princípios e muita honestidade. É uma situação diferente da que vive Mano Menezes, há dois anos e meio no Corinthians, e, portanto, muito mais à vontade para aceitar o desafio e sair do Timão, no qual já cumpriu, com louvor, sua missão. Mano tem cinco anos e meio treinando clubes grandes. Permaneceu por quase três temporadas no Grêmio, levando o clube das agruras da Série B ao vice-campeonato da Libertadores. No Corinthians, tirou o time também da Segunda Divisão e levou-o à maior competição continental, ganhando ainda um título paulista e outro da Copa do Brasil. Seu cartel de títulos, até por treinar equipes de ponta há menos tempo, é menor que o de Muricy. Mas sua competência é incontestável. Desde que saiu do Caxias, em abril de 2005, comandou dois times de ponta em sequência, ficou neles por longo tempo, ganhou títulos e não foi demitido em nenhum deles. Saiu por vontade própria. É uma trajetória tão ascendente quanto consistente. Um dia, fatalmente, ele viraria treinador da seleção. Talvez não imaginasse que seria tão cedo.

Em relação a Dunga, o Brasil ganha um técnico bem mais experiente e conceituado, formador de times, inteligente, que prima pelo equilíbrio na montagem das equipes que comanda. Ganha também um treinador firme, mas bem mais maleável em relação à imprensa (e isto vale na relação de Mano com Muricy, também), que tem jogo de cintura, mas muita personalidade, e não cede a pressões.

Um processo de renovação comandado por alguém da qualidade de Mano Menezes já começa muito bem. Tem tudo para dar certo. A recusa de Muricy, um excelente técnico, deu à seleção, por linhas tortas, um treinador de futuro ainda mais promissor como comandante dos pentacampeões do mundo.