Piscina Olímpico
Como em Inter x Flamengo no ano passado, Grêmio x Palmeiras em 2008, Inter x Santos em 2007, não houve jogo. O excepcional público (e aqui não vai nenhuma ironia) de quase 5 mil pessoas acompanhou um tricolor que vai mal no Brasileiro contra o pobre time do Vasco, num Olímpico completamente encharcado. Nenhum atrativo.
Nas condições que o campo apresentou, tudo se equilibra. Grêmio e Vasco foram quase iguais em chutes a gol, faltas cometidas e oportunidades criadas. Marcaram seus gols no começo, onde o gramado ainda era quase impraticável. Porque, no segundo tempo, era completamente impraticável.
Se há uma única coisa que se pode reclamar de Silas quanto ao jogo de hoje, foi não ter utilizado André Lima mais cedo no segundo tempo. Somente a bola aérea era possível, e um jogador com suas características ajudaria mais que Hugo ou Maylson (este fez novamente boa partida), que carregam demais a bola. Borges, sempre muito inteligente, foi o único que se diferenciou em um ou outro lance de categoria.
As cobranças sobre Silas permanecem. Vencer o Cruzeiro em Minas é tarefa que soa, hoje, impossível. De todo modo, o técnico gremista até achou alternativas interessantes para os desfalques que teve ontem, mas que não puderam ser avaliadas pelas questões climáticas: Fernando na lateral-direita talvez pudesse permanecer, pois contribuirá muito mais que o medíocre Edilson. Maylson definitivamente tem de permanecer entre os onze.
E é por estas possibilidades de mudanças que o plantel oferece que mantenho a convicção de que o Grêmio não vai sequer passar perto do rebaixamento, por pior que seja seu futebol nos últimos cinco ou seis jogos. Tem material para se manter na elite com sobras. Falar em descenso é reflexo do trauma que a torcida tricolor tem com 2004. Basta olhar com calma para o grupo de jogadores que se percebe que a situação de agora é bem diferente daquela. A grande tragédia destas primeiras rodadas é que o Grêmio perde pontos preciosos para brigar por posições melhores futuramente.
E “parabéns” à arbitragem de Heber Roberto Lopes, que autorizou um jogo em condições absurdas, viu dezenas de faltas inexistentes e ainda deixou de marcar um pênalti no lance decisivo do jogo. Deve ser por isso que foi escolhido o melhor árbitro do Brasileirão de 2009.
Atlético-MG 1 x 2 Internacional
O Internacional (4º, 16) atuou como time consolidado, forte, seguro e superior. Celso Roth dá resultados imediatos, de fato. Lembrou as partidas da época do título da Libertadores de 2006, onde a equipe se impunha fora de casa com naturalidade e personalidade. Ontem, não se abateu com o gol cedo do Atlético-MG (19º, 9), buscou o empate, dominou o jogo na maioria do tempo e saiu com a virada.
Taison cresceu com Roth, é inegável. Partindo de trás com a bola dominada em velocidade, infernizou o lateral Diego Macedo. Alecsandro ganhou a maioria dos duelos diretos com os pesados zagueiros castelhanos do Galo. O Internacional mostrou segurança atrás, rapidez na saída da defesa para o ataque e eficiência na frente. Mostra uma mecânica de jogo que jamais demonstrou este ano, em momento algum da época de Jorge Fossati. Além do bom futebol, o time enfim mostra banco, está se encorpando com os reforços que chegam. Hoje, Giuliano era uma das opções, e acabou entrando – no lugar de D’Alessandro, que se movimentou muito.
A estreia de Tinga foi um tanto discreta, mas não era de esperar muito mais. Participou do jogo, jamais se omitiu, até porque nunca foi esse seu feitio. Mas ainda carece de um físico melhor, tanto que saiu do jogo justamente por não suportar seu ritmo o tempo todo.
No Atlético-MG, Jairo Campos mostrou o pedigree dos típicos defensores equatorianos: deu passes precisos para os jogadores do Inter, fora as furadas. Incrível que após a desastrada contratação de Espinosa pelo Cruzeiro justamente o seu rival busca um jogador semelhante. Diego Souza deve fazer grande dupla com Diego Tardelli. Ainda está acima do peso, mas á deu trabalho hoje. O time tende a melhorar com os reforços que ainda vão entrar. Fernandinho, ex-lateral-esquerdo do Cruzeiro, já fez boa partida no segundo tempo.
Goiânia: maior zebra do Campeonato Brasileiro até agora. O lanterna Atlético-GO (20º, 7) conseguiu um 3 a 1 sobre o líder Corinthians (1º, 21), que pode perder a ponta para o Fluminense (2º, 19) hoje, caso o tricolor, desta vez, não vacile. Caiu o último invicto, e contra o adversário mais improvável.
Rio de Janeiro: em duelo direto para entrar no G-4, Flamengo (5º, 16) e Avaí (7º, 15) ficaram no empate no Maracanã (14 mil) e foram, ambos, ultrapassados pelo Inter. Contra São Paulo, Palmeiras e Flamengo, Antônio Lopes conquistou sete pontos com o time catarinense.
Salvador: 10 mil pessoas viram um emocionante empate entre Vitória (8º, 13) e Goiás (14º, 12), 2 a 2. O empate no fim do jogo, por Soares, evitou a derrota dos baianos como mandantes. Depois da partida, pancadaria e voz de prisão para Emerson Leão, que adora uma confusão.
São Paulo: o gol cedo, 50 segundos, deu a impressão de que o São Paulo (12º, 12) venceria, finalmente. Mas o Prudente empatou o jogo, aumentando a crise no Morumbi (10 mil). Favorito, não; mas que o Inter está em um momento muito melhor para os jogos da Libertadores, está.
Curitiba: além de Grêmio e São Paulo, o Santos (11º, 12) voltou devagar da Copa do Mundo. Perdeu mais uma, 2 a 0 para o modesto Atlético-PR (15º, 10). Tem uma semana para diagnosticar e vencer o Vitória na Vila Belmiro, na primeira partida da final da Copa do Brasil.
Comentários
Heber Roberto Lopes deveria ter sido PRESO por liberar jogo nessas circunstâncias. A TV que se exploda e passe, sei lá, CURTINDO A VIDA ADOIDADO em um CINE ESPECIAL de improviso ou algo assim. Jogar naquelas condições simplesmente não existe.
Escrevi algo a esse respeito aqui no Carta, quando de Inter x Flamengo, e insisto aqui. Esse tipo de submissão cega aos desígnios mercadológicos está ferindo o espetáculo cada vez mais - e não só matando o futebol como esporte e fenômeno cultural, como também eliminando a própria graça dele, que é o que o torna comerciável para começo de conversa. Em resumo, além de um absurdo, autorizar jogo em piscinas com grama, calor de forno industrial ou neve digna de Papai Noel é um tremendo tiro no pé.
Do jogo nada comento, já que me recuso a chamar aquilo de jogo de futebol. Agora, o pênalti que o Heber não deu é palhaçada. Palhaçada.
Não comento sobre o jogo do Inter porque não pude assistir, só ouvi no rádio (e ainda tosado pela Voice of Brazil).
Pude ver os cinco minutos finais e a coletiva do Celso Roth, que sempre faz questão de frisar que "é fácil criar alternativas quando se tem elenco"... Tá feliz o Roth. Vai que dá, né ?
O jogo do Grêmio nem deu pra tentar assistir. Era tanta água que ficou praticamente impossível secar...
Em tempo: lamentáveis as cenas apresentadas pela "Feiticeira" e o "He-Man" goianos. Coitado do repórter que apanhou, e ainda teve o cofrinho mostrado pra todo o Brasil. Tsc,tsc...
O lance de ontem foi escandaloso. Estranho que se fale tao pouco dele. A "fritura" do silas por si só nao justifica isso
No mais, apesar de o Roth estar realmente indo muito melhor que o Fossati, cabe ressaltar que este grupo que ele está pegando a partir de agora é melhor que o que o uruguaio pegou. Tinga, Renan e Sobis são potenciais acréscimos importantes.
VdP:segundo VdP, o Silas vai SAIRR