Peleando por (in)glórias maiores
O Campeonato Gaúcho deste ano deixou a sensação nos críticos e espectadores de que as equipes do interior montaram boas equipes. Neste final de semana algumas delas estréiam nas séries C e D do Campeonato Brasileiro para provar que podem alçar voos (nem tão) maiores, longe da querência (e faz tempo que um clube do interior não consegue um acesso).
Série C
A CBF mais uma vez não fez nada para melhorar a competição. Continua dividindo os vinte clubes participantes em quatro grupos de cinco regionalizados. Os dois melhores de cada chave passam para as quartas-de-final.
Apesar de a competição das quatro vagas para a série B, só dois dos três representantes gaudérios poderão subir de divisão. Isso porque Brasil-Pel, Caxias e Juventude estão no mesmo grupo. Pelo menos morrerá na primeira fase. Os adversários são os catarinenses Chapecoense e Criciúma.
Brasil de Pelotas
No ano passado, o clube foi rebaixado no Gauchão – depois do trágico acidente de ônibus da delegação xavante. No segundo semestre a equipe se recuperou e deixou a vaga para a série B escapar por um fio. A esperança nesse ano é que a recuperação ocorra novamente, porque o Xavante teve umas das piores campanhas da gloriosa Segundona Gaúcha.
A grande contratação do clube foi o veterano meia Ricardinho, 35 anos, aquele mesmo, campeão da Copa do Brasil pelo Paulista, que rodou por Inter, Botafogo e Palmeiras sem se firmar. Mas a melhor contratação possivelmente foi o volante Márcio Hahn, destaque do Novo Hamburgo no último Gauchão.
Caxias
Apesar de não ter chegado a nenhuma final de turno, o Caxias foi a equipe do interior que mais pontuou no Gauchão (fez mais pontos que o Inter, inclusive). O time grená manteve o bom treinador Julinho Camargo, mas perdeu pelo menos dois bons nomes: os atacantes Everton, hoje no Inter, e o colombiano Cristian Borja, o primo do Renteria, que acaba de ser contratado pelo Flamengo. Para repor as perdas, o clube trouxe o atacante Adriano, 23 anos, revelado pelo Vitória-BA. As credenciais do jogador, no entanto, são poucas. Jogou o último Paulistão pelo Botofogo e marcou apenas um gol.
Boa contratação mesmo foi o excelente zagueiro Cláudio Luiz, outro que foi destaque do Novo Hamburgo no Gauchão. Ele deve compor boa defesa com Anderson Bill, um dos que ficou após o Gauchão. Outro que segue no clube e pode ser o diferencial técnico é o meia Marcelo Costa. Uma figura conhecida e decadente que anda por lá é Marcelo Labarthe, que foi reserva no último amistoso da equipe.
Juventude
Após campeonato gaúcho muito abaixo do esperado, o Juventude do técnico Osmar Loss tenta se reerguer. Os reforços são pouco para o que o time da Serra estava acostumado. Há alguns nomes de destaque do último Gaúchão, o que significa que o time alviverde não deve ser uma equipe diferenciada das demais.
Para o gol, entra Jonatas, um dos grandes nomes do Pelotas no primeiro semestre. Para as laterais vieram o bom Celsinho, que ajudou o Lajeadense a conseguir o acesso para o Gauchão 2011; e o uruguaio Planchón, que veio do Cerrito. No meio-campo chegou Marcos Paraná, destaque do Veranópolis no Gauchão. Para o ataque, veio Júlio Madureira, que já atuou pelo rival, Caxias.
Os Rivais
A Chapecoense não parece assustar. A equipe foi rebaixada no Campeonato Catarinense - o que conseguiu reverter na Justiça, ocupando a vaga do Atlético Ibirama, que vai se licenciar. O time alviverde conta com três destaques dos pagos gaúchos. Gustavo Papa, Xaro e o técnico Guilherme Macuglia.
O Criciúma também conta um reforço que brilhou no futebol gaúcho: o técnico Argel FUCS. O treinador levou um bruxo, o ótimo meia Guilherme, destaque no Zequinha.Também há várias outras figuras carimbadas do futebol gaúcho, como os laterais Galego e Brida; o volante Chicão, ex-Noia, que acertou um pombo sem asa contra o Inter; e o goleiro Agenor, formado no Beira-Rio.
Há outros dois nomes que devem acrescentar experiência e qualidade, Evaldo e Carlos Gavião, ambos ex-Grêmio. Nome por nome, o Criciúma parece ser o favorito para uma das vagas.
Série D
Quarenta aguerridos clubes vão jogar em dez grupos de quatro. Os vinte melhores jogarão em mata-mata. Os dez que sobrarem farão outro mata-mata, onde se classificarão os cinco vencedores mais os três clubes perdedores de melhor campanha. Entre estes oito, novo mata-mata definirá os quatro que subirão para a série C. Ou seja, lutarão para chegar a lugar nenhum, a um campeonato absolutamente deficitário, só o sonho de chegar à B é que aumentaria. Nossos dois representantes fizeram bonito no Gauchão e sonhar é de graça.
Pelotas
Treinado pelo indefectível Beto Almeida, o Pelotas tenta seguir a boa temporada sem os galácticos Alex Dias e Maurinho. Quem realmente interessa ficou, o meia Maicon Sapucaia e o atacante Tiago Duarte. O clube decidiu apostar também no milagre da multiplicação do futebol de Jesus Christian – que há anos só dá “migué”, segundo suas próprias palavras. Eu prefiro apostar na mística de Sandro Sotilli.
São José
Se o clube perdeu Argel, hoje tem Luiz Carlos Winck, que muito já sujou o calção de barro. Mas o clube também perdeu suas principais revelações do Campeonato Gaúcho, como Pedro Carmona (para o Figueirense), Dada (Sport), Guilherme (Criciúma) e Jefferson (Coritiba). A esperança é que o clube mantenha-se revelando bons jogadores, como vem fazendo nos últimos anos.
Os Rivais
O grupo do Zequinha parece ser o mais complicado, pois conta com o atual vice-campeão catarinense Joinville, e com o Oeste, do sempre forte interior paulista. O outro adversário é o Operário,do Paraná. Os rivais do Pelotas não assustam: Metropolitano e Marcílio Dias, de Santa Catarina; e Iraty, do Paraná. Nas próximas fases os gaúchos poderão cruzar com rivais tradicionais para quem também fica nossa torcida: Santa Cruz-PE, Remo-PA e América-RJ.
Comentários
Na Série D, confio mais no Pelotas, até pela fraqueza da chave. O Zequinha perdeu muita gente mesmo.
Dito isso, acho também que o Pelotas vai longe na Série D. O time é de bom nível, dentro das exigências da competição, e dá para colocar fé em coisas boas vindo daí. Na Série C, já não sei... O Caxias é o mais forte, sem dúvida, mas algo me diz para não desprezarmos a MÍSTICA xavante.