O bom Vitória, o preocupante São Paulo

Tinha todo o jeito de jogaço, e de fato foi. O time do Vitória (8º, 12), que já fora bem contra o Grêmio no Olímpico, conseguiu ir ainda melhor ontem. Ricardo Silva, um treinador discreto, montou uma bela equipe. Aqueles que dão ao Santos o título da Copa do Brasil por antecipação precisam rever seus conceitos. Vai ser muito complicado.

Porque o rubro-negro, além de ser letal quando atua no Barradão (12 mil), não é medroso fora de casa. Enfrentou dois páreos duros, e saiu-se bem em ambos. Elkeson e Schwenck se completam na frente: ambos são oportunistas, mas o primeiro tem grande qualidade técnica, o outro sempre foi um centroavante com postura e noção de posicionamento. Atrás deles, para que o sempre habilidoso Ramon funcione, é preciso ter Fernando. Um meia que se movimenta muito, marca para que o camisa 10 jogue, chuta forte de longe e tem presença ofensiva de qualidade.

Pelos lados do campo, Nino Paraíba e Egídio se firmam como dois bons laterais do futebol brasileiro atualmente. Nino, pela direita, é um marcador firme e apoia com rapidez. Mas Egídio, apesar do gol contra em Porto Alegre, é quem mais se destaca. Tem muita habilidade, sabe cruzar e bate forte a gol. Não é tão marcador, porém. Além deles, na zaga, Anderson Martins e Wallace formam dupla entrosada e qualificada desde o ano passado.

O São Paulo (10º, 11), por sua vez, teve sua segunda derrota consecutiva. Ficou evidente a fragilidade da defesa nas bolas aéreas: os dois primeiros gols baianos saíram de jogadas assim. Outro problema antigo é a dependência de Hernanes, que alterna bons e maus momentos com muita frequência, oscila demais. Ontem, destaque para Jean, autor de um golaço e boa partida; Fernandão, que marcou outro gol, de cabeça, com presença; e Fernandinho, que entrou no segundo tempo e infernizou a defesa do Vitória com dribles verticais e lisos. Jogou muito mais que Dagoberto, que vinha em grande fase antes da Copa do Mundo.

Para o Inter, portanto, fica a dica: a exemplo do que foi feito em outros jogos nesta Libertadores, erguer bolas altas para a área será uma estratégia interessante. Ao Santos, o negócio é controlar a pressão inicial no jogo do Barradão. O Vitória tentou uma blitz à qual o São Paulo não resistiu, mas que teve suas consequências em um cansaço evidente no segundo tempo.

Rio de Janeiro: beneficiado por uma arbitragem ridícula, o Vasco (18º, 9) obteve importantíssima vitória sobre o Atlético-PR (19º, 7), rival direto na tabela, por 3 a 1. Verdade que o time de São Januário (4 mil) jogou bom futebol desta vez, e ainda não perdeu após a Copa, ao contrário do Furacão, que ainda não pontuou. Mas as duas expulsões de atleticanos no primeiro tempo foram absurdas. PC Gusmão segue invicto no Brasileirão, seja com Ceará, seja com o Vasco.

Foto: Hernanes, bem marcado, jogou pouco ontem (Felipe Oliveira/Agif/Gazeta Press).

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