Demitir Silas seria um erro
A hipótese de demissão de Silas começa por uma inadequação de data. Aqueles que criticam o Grêmio por não ter feito a cirurgia em Mário Fernandes durante a Copa do Mundo, por coerência, também deveriam analisar esta cogitação por este lado. Se houvesse um período certo para demitir o técnico, este seria no dia seguinte à parada para o Mundial. Mandar o treinador embora em caso de derrota para o Prudente seria jogar fora não só o trabalho feito neste meio tempo (e. não entro no mérito se foi bem ou mal feito) como também perder terreno. O novo técnico teria que trocar o pneu com o carro andando, em vez de ter trabalhado durante o mês em que a Jabulani rolava pelos gramados africanos, o que seria o correto. Em suma: o Grêmio cometeria erro semelhante ao do ano passado, quando ficou sem técnico durante mais de um mês em meio à Libertadores.
Mas não é apenas por isso que discordo de uma possível demissão de Silas, como está se ventilando desde o pobre empate com o Vitória. Se o momento técnico do Grêmio realmente é preocupante, é preciso lembrar que, não faz muito, o tricolor ganhou o Gauchão com uma bela vitória no Beira-Rio, derrotou duas vezes o Fluminense pela Copa do Brasil, fez duelos inesquecíveis e equilibrados com o festejado Santos. Era um bom time, muito bom. Ainda tem bons jogadores, inclusive melhorou seu plantel de lá para cá, com a saída de William e a chegada de André Lima. E se Silas tem sua parcela de culpa pelo mau momento atual, também teve seus méritos na construção daquela boa fase. Não é um treinador esgotado, pode se sair bem, desde que se acredite em seu trabalho.
Apenas estou aplicando aquilo em que sempre acreditei: treinadores precisam de continuidade. Só se demite em caso de situação insustentável, seja perante jogadores ou torcedores. E não parece ser o caso desta vez. Por insustentável, entendo aquele dia em que Jonas foi abraçar Celso Roth ao comemorar um gol e levou vaia de um Olímpico enraivecido. Silas ainda está muito longe deste nível de rejeição. Sua trajetória é irregular, de fato: alterna ótimos e péssimos momentos. Às vezes monta e mexe no time com extrema lucidez, às vezes é incoerente e bagunça tudo. Descobre uma grande escalação num dia, insiste em jogadores que não dão resposta noutro. São problemas, mas nada que justifique uma demissão. A torcida, quando o resultado não vem, quer sempre mudanças. Mas não é por aí, pelo menos ainda.
Rio de Janeiro: o Fluminense (3º, 16) tinha tudo para virar líder, mas se acomodou e deixou o Prudente (18º, 6) empatar no finzinho, um merecido castigo que frustrou o bom público presente de 29 mil torcedores. Destaque negativo para o horrendo gramado do Maracanã, que enfrentará sua milionésima obra nestes últimos 15 anos.
São Paulo: com Felipão de olho nas tribunas e Murtosa com um bigode mais preto que tinta de sapateiro, o Palmeiras (7º, 12) voltou bem ao Brasileirão. Na estreia de Kleber, destaque para Ewerthon, autor de um golaço que abriu a vitória de 2 a 1 sobre o poderoso Santos (4º, 12) no Pacaembu (9 mil). Marcel, ex-Grêmio, fez outro belo gol, chutando no ângulo do goleiro palmeirense Deola.
Sete Lagoas: estreia da Arena do Jacaré (3 mil) no Brasileiro, a nova casa dos times de Belo Horizonte, devido às obras de reforma do Mineirão para a Copa de 2014. Em campo, com dois gols de Diego Tardelli, o Atlético-MG (13º, 9) livrou-se da zona de rebaixamento ao fazer 3 a 2 no tocaio de Goiânia, que segue lanterna isolado, com apenas 4 pontinhos. O resultado fez o Grêmio cair mais uma posição: é 15º.
Comentários
Não gostei do pensamento da torcida do Grêmio. Talvez ela devesse REVELO (voltando à VdP)...
Antes disso, quase que o Avaí nos tira da Copa do Brasil. No Brasileirão, nenhum jogo decente, com algumas apresentações vergonhosas. Quem diz que o Grêmio era um dos melhores times do Brasil no 1o semestre é quem viu apenas o jogo da virada contra o Santos, porque o resto é triste...
Acho que o mau momento agora não pode servir para menosprezar os bons jogos do primeiro semestre. Há coisas daquela época que não deveriam ser esquecidas, mas retomadas. Por exemplo: escalar um meio-campo consistente na marcação.
Eu concordo que o time poderia render mais e considero o trabalho do Silas irregular, mas daí a considerar uma enganação o primeiro semestre vai uma certa distância. O Campeonato Brasileiro é sempre marcado por muito equilíbrio e irregularidade no desempenho das equipes. Há muita água para passar debaixo da ponte ainda antes de decretarmos o fim do ano não só do Grêmio, mas de qualquer outro time que o dispute (vide Flu-2009).
Abraço.