Os mais novos emergentes do futebol mundial
Foi-se o tempo em que o Japão era sinônimo de três pontos na conta dos adversários. Esta seleção que hoje venceu a Dinamarca ao natural por 3 a 1 e se garantiu nas oitavas pode até não chegar tão longe quanto a Coreia do Sul de 2002, nem fazer tanta história quanto a Coreia do Norte de 1966. Mas, seguramente, é a melhor seleção asiática que vi nas seis Copas do Mundo que tive a oportunidade de assistir. E talvez seja a melhor de todas, mesmo.
Contra a Holanda, a tática ultradefensiva dos nipônicos deu a impressão de que o time é pior do que realmente é. Mesmo assim, já no sábado pudemos ver uma seleção que se defendeu bem e, quando precisou atacar, incomodou os neerlandeses. Hoje, foi além. Precisando de um empate para passar de fase, era esperado que se fechasse e esperasse os nórdicos para contra-golpear.
Não foi o que se viu. O Japão impôs-se desde o início e, embora não tenha a mesma tradição dos dinamarqueses, mostrou que é muito melhor. Pode-se dizer que foram dois gols de bola parada no primeiro tempo, mas é preciso ressaltar que o resultado parcial de 2 a 0 refletia exatamente o que era a partida. Os nipônicos dominavam o jogo com um toque de bola acima da média. Honda era um demônio, rápido e habilidoso, enquanto Endo mostrou, no seu gol, uma técnica que lembrou David Beckham em seus melhores dias, como naquele golaço nos 2 a 0 da Inglaterra sobre a Colômbia, em 1998.
A Dinamarca, por outro lado, foi uma completa decepção. Para quem foi campeão de um grupo complicado nas Eliminatórias (contra Portugal e Suécia), o futebol mostrado esteve muito aquém do esperado. Tomasson está visivelmente decadente, Bendtner briga com a bola, pois joga longe do gol, a zaga vaza constantemente e nem o bom goleiro Sorensen vive momento técnico digno. As bolas erguidas, mesmo com toda a altura de seus jogadores, foram vencidas facilmente pela zaga japonesa, onde o brasileiro Túlio Tanaka se destacou pela firmeza e seriedade.
O único resquício de ingenuidade foi o pênalti cometido em Agger, mas o gol que definiu o escore foi a prova definitiva da superioridade do Japão. Depois de várias tabelas envolventes ao longo do jogo, Honda driblou o marcador com extrema categoria e rolou para Okazaki colocar com calma. Um gol que em nada lembra uma seleção conhecida apenas pela correria, falta de habilidade e perna dura, como o estereótipo que se construiu a respeito dos orientais.
Embora Itália x Dinamarca pudesse ser bem mais atraente, Paraguai x Japão tem tudo para ser um jogo muito interessante. São dois dos bons times dessa Copa. E é bom não dar os paraguaios como já classificados, pois a parada será duríssima.
Camarões 1 x 2 Holanda
Foi a estreia de Robben nesta Copa, e a jogada do gol de Huntelaar foi toda dele. Embora tenha vencido a Itália, a Eslováquia é bem menos time, e será grande surpresa se eliminar os laranjas. É bom que todos fiquemos de olho, pois deve ser esta Holanda a adversária do Brasil num possível enfrentamento pelas quartas-de-final.
Foto: Sorensen não alcança a cobrança perfeita de Endo (AFP).
Comentários
Esse Honda jogou demais mesmo.
Vai ser jogo duríssimo para os paraguaios, mas ainda aposto nos guaranis.
o grande desafio para times sem tradição como australia, nz, japão, coréia e estados unidos é deixar de parecer FUTEBOL FEMININO. ou seja: goleiros confiáveis, melhorar a bola alta e a bola parada e a finalização com força. acho que todos mostraram que aprenderam bastante nos últimos anos.
acho que essa copa também está mostrando que o fator local sempre foi muito importante: nos campos africanos, a zebra tá correndo solta e os times de menos tradição estão botando frente. gosto muito, afinal, futebol é um jogo que valoriza muito os subestimados.
Os africanos eu achei que eram deste grupo uma época, mas estagnaram, pararam no tempo. A experiência em gramados europeus os ajuda como jogadores, individualmente, mas coletivamente ainda penam demais. Nesta Copa, colocarão menos times nas oitavas que os próprios asiáticos.
E o título do post é muito feliz. De fato, está em curso um interessante rearranjo de forças, com o bom desempenho de seleções antes menosprezadas e o momento de reestruturação de algumas tradicionais escolas de futebol. Pessoalmente, estou adorando a Copa!