Gana avança afim de fazer história
Em partida equilibrada, na qual as equipes alternaram bons e maus momentos, Gana levou a melhor sobre os Estados Unidos e segue representando a África no Mundial. As Estrelas Negras são a terceira seleção africana a atingir as quartas-de-final, e podem fazer história, sendo a primeira a chegar a uma semifinal. Ainda que consigam, não acalentarão o sonho de vermos uma seleção com a alegria e a ginga africanas chegando longe em uma Copa do Mundo.
O time ganês é pragmático, cozinha o jogo, marca muito e agride pouco o adversário. Os Estados Unidos têm uma equipe bem montada, que gosta de jogar, de ir pra cima do adversário. Mas vão para casa porque lhes falta um atacante matador e cochilam demais na defesa. O primeiro desses vacilos ocorreu logo aos cinco minutos de partida. Clark perdeu bola no meio-campo (a la Rodrigo Mancha), ninguém conseguiu conter Boateng, que acertou belo chute rasteiro no canto de Howard.
Muito nervosos no jogo, os norte-americanos não achavam os ganeses, que tocavam bem a bola. Novidade no time titular, o volante Clark ia especialmente mal na saída de jogo e precisou ser substituído logo aos 30 minutos de partida, por Edu, que fora titular no jogo anterior. Aos poucos os americanos baixavam a poeira e conseguiam equilibrar o jogo. Embora ainda nervosos, tiveram boa chance com Findley, na qual começava a brilhar a estrela do goleiro Kingson. Gana respondeu prontamente com Asamoah, para boa intervenção de Howard. A entrada de Edu já corrigira a saída de bola norte-americana.
No intervalo, o técnico Bob Bradley arrumou ainda mais o time. Tirou o atacante Findley para botar o bom meia Feilhaber, e adiantou Dempsey que havia jogado o primeiro tempo muito longe do ataque. Os Estados Unidos ganharam o domínio do meio-campo, mas ainda assim, a defesa de Gana se impunha com força física e bom posicionamento. Mas foi Dempsey, mais perto do gol, quem jogou a bola entre as pernas de Mensah para sofrer o pênalti, muito bem batido por Donovan. Os estadunidenses ainda obrigariam Kingson a fazer ótimas intervenções, sem evitar, contudo, que o jogo fosse à prorrogação.
Gana não fora tão mal na segunda etapa. Em muitos momentos tinha mais posse de bola, conseguia envolver os norte-americanos. Mas o time peca muito nas conclusões das jogadas e é pouco objetivo. Apesar de contar com dois pontas (Ayew e Inkoom), dois meias habilidosos (Asamoah e Boateng), além do centro-avante Gyan, a equipe ganesa trama poucas tabelas perto do gol, não há aproximação entre os jogadores. Jogadores técnicos como Boateng e Ayew não partem para cima dos adversários, muitas vezes se veem isolados, e nem sempre optam pela melhor jogada, tentando passes para trás, cruzamentos para ninguém, chutes despretensiosos ou simplesmente firulas.
A seleção de Gana causa certa raiva ao espectador. Dá a impressão de que poderia agredir mais, jogar com mais vontade de ganhar. Ainda assim, não faltou eficiência a Gyan, logo aos dois minutos da prorrogação. Gana ao menos teve, com os gols de Boateng e Gyan, a eficiência que não tivera na fase de grupos, quando só marcou duas vezes de pênalti. Os dois souberam aproveitar os cochilos da defesa ianque, que já falhara contra Inglaterra e Eslovênia. Os norte-americanos se abateram, passaram a jogar bolas improdutivas na área, e pelo alto a defesa africana se mostrava firme. Ainda esboçaram mais pressão no fim do tempo extra mas era tarde.
Gosto de ver como o time de Bob Bradley tenta agredir os adversários. Mas os volantes sobem demais, como os laterais, deixando a dupla de zaga exposta. Foi o que os vitimou em Rostenburg, num estádio que parece o Beira-Rio. O time ganês só me dá gosto nos raros momentos em que ataca com fome e lucidez. Mas talvez seja um time mais talhado para os matas que Camarões de Roger Milla, ou Senegal de Diouf. Gana tem muita força física, a defesa não é infalível, mas falha pouco, e goleiro tem estrela (apesar do frango contra a Austrália). Sabe cadenciar o jogo e irritar o adversário e mostrou hoje que pode matar os duelos nos contra-ataques. O Uruguai, contudo, tem um meio-campo forte fisicamente, uma boa defesa, e dois jogadores muito mais decisivos que os da seleção africana. Não duvido de uma vitória ganesa, mas aposto na Celeste.
Foto: Gyan não está nem aí para os erros norte-americanos e já é um dos artilheiros da Copa do Mundo (Fifa)
O time ganês é pragmático, cozinha o jogo, marca muito e agride pouco o adversário. Os Estados Unidos têm uma equipe bem montada, que gosta de jogar, de ir pra cima do adversário. Mas vão para casa porque lhes falta um atacante matador e cochilam demais na defesa. O primeiro desses vacilos ocorreu logo aos cinco minutos de partida. Clark perdeu bola no meio-campo (a la Rodrigo Mancha), ninguém conseguiu conter Boateng, que acertou belo chute rasteiro no canto de Howard.
Muito nervosos no jogo, os norte-americanos não achavam os ganeses, que tocavam bem a bola. Novidade no time titular, o volante Clark ia especialmente mal na saída de jogo e precisou ser substituído logo aos 30 minutos de partida, por Edu, que fora titular no jogo anterior. Aos poucos os americanos baixavam a poeira e conseguiam equilibrar o jogo. Embora ainda nervosos, tiveram boa chance com Findley, na qual começava a brilhar a estrela do goleiro Kingson. Gana respondeu prontamente com Asamoah, para boa intervenção de Howard. A entrada de Edu já corrigira a saída de bola norte-americana.
No intervalo, o técnico Bob Bradley arrumou ainda mais o time. Tirou o atacante Findley para botar o bom meia Feilhaber, e adiantou Dempsey que havia jogado o primeiro tempo muito longe do ataque. Os Estados Unidos ganharam o domínio do meio-campo, mas ainda assim, a defesa de Gana se impunha com força física e bom posicionamento. Mas foi Dempsey, mais perto do gol, quem jogou a bola entre as pernas de Mensah para sofrer o pênalti, muito bem batido por Donovan. Os estadunidenses ainda obrigariam Kingson a fazer ótimas intervenções, sem evitar, contudo, que o jogo fosse à prorrogação.
Gana não fora tão mal na segunda etapa. Em muitos momentos tinha mais posse de bola, conseguia envolver os norte-americanos. Mas o time peca muito nas conclusões das jogadas e é pouco objetivo. Apesar de contar com dois pontas (Ayew e Inkoom), dois meias habilidosos (Asamoah e Boateng), além do centro-avante Gyan, a equipe ganesa trama poucas tabelas perto do gol, não há aproximação entre os jogadores. Jogadores técnicos como Boateng e Ayew não partem para cima dos adversários, muitas vezes se veem isolados, e nem sempre optam pela melhor jogada, tentando passes para trás, cruzamentos para ninguém, chutes despretensiosos ou simplesmente firulas.
A seleção de Gana causa certa raiva ao espectador. Dá a impressão de que poderia agredir mais, jogar com mais vontade de ganhar. Ainda assim, não faltou eficiência a Gyan, logo aos dois minutos da prorrogação. Gana ao menos teve, com os gols de Boateng e Gyan, a eficiência que não tivera na fase de grupos, quando só marcou duas vezes de pênalti. Os dois souberam aproveitar os cochilos da defesa ianque, que já falhara contra Inglaterra e Eslovênia. Os norte-americanos se abateram, passaram a jogar bolas improdutivas na área, e pelo alto a defesa africana se mostrava firme. Ainda esboçaram mais pressão no fim do tempo extra mas era tarde.
Gosto de ver como o time de Bob Bradley tenta agredir os adversários. Mas os volantes sobem demais, como os laterais, deixando a dupla de zaga exposta. Foi o que os vitimou em Rostenburg, num estádio que parece o Beira-Rio. O time ganês só me dá gosto nos raros momentos em que ataca com fome e lucidez. Mas talvez seja um time mais talhado para os matas que Camarões de Roger Milla, ou Senegal de Diouf. Gana tem muita força física, a defesa não é infalível, mas falha pouco, e goleiro tem estrela (apesar do frango contra a Austrália). Sabe cadenciar o jogo e irritar o adversário e mostrou hoje que pode matar os duelos nos contra-ataques. O Uruguai, contudo, tem um meio-campo forte fisicamente, uma boa defesa, e dois jogadores muito mais decisivos que os da seleção africana. Não duvido de uma vitória ganesa, mas aposto na Celeste.
Foto: Gyan não está nem aí para os erros norte-americanos e já é um dos artilheiros da Copa do Mundo (Fifa)
Comentários
O primeiro tempo foi o único momento em que Gana me agradou na Copa. Confio na Celeste.
Uma das cenas mais bonitas desta Copa.
Jogador não tem q reclamar quando é substituído, mas não custa o treinador fazer um afago numa situação daquelas. Ali me ganhou, o Bob Bradley.