De novo, não...

A Holanda não quer mais ser o time que joga bonito e fica pelo caminho. Suas quatro vitórias neste Mundial foram chatas. Contra a Eslováquia, os laranjas trataram de resolver o jogo e administrar. O time joga para encaixar alguns bons ataques com o quarteto ofensivo, enquanto cozinha o jogo tocando a bola, ou se defendendo, sempre de forma muito compactada.


A partida começou com as duas equipes tentando tomar as rédeas do jogo, apertando a marcação na frente, com os eslovacos dispostos a atacar, repetindo a estratégia de sucesso diante da Itália. A Holanda tinha mais qualidade, ficava mais com a pelota e tentava resolver logo o jogo.


Com as duas equipes atacando, tivemos várias boas insinuações até os 18 minutos da primeira etapa. Foi quando a Eslováquia gostava do jogo, e Sneijder acertou lindo lançamento perto de sua área, para colocar Robben perto da área adversária, no lado direito, como sempre. Ali, o atacante fez o que lhe é trivial. Cortou para o meio e chutou de pé esquerdo para abrir o placar.


Depois do tento, o time holandês dominou o jogo, ditando o ritmo como queria. Ora cozinhava a posse de bola, tocando de lá pra cá, recuando até o goleiro; ora partia para cima com Robben, Sneijder, Van Persie e Kuyt. Sem a bola, ora recuava todo o time até o meio-campo para esperar os eslovacos, ora apertava a saída adversária. Sempre com o time bem compactado, retomando a pelota sem grande esforço. Sem espaços, os eslovacos não sabiam o que fazer. Hamsik tentava começar a armação muito longe do gol, ainda no campo de defesa. Quando encontrava Stoch ou Weiss pelas pontas, os dois se viam sozinhos e completamente acuados por dois, três holandeses.


No início da segunda etapa, a Holanda voltou dando nova carga, a fim de matar o jogo, obrigando o goleiro Mucha a dois milagres. Depois da pressão inicial, a partida seguiu na mesma toada anterior, com os laranjas administrando um resultado perigoso. Aos 20 minutos, os eslovacos trataram de alertar os adversários, acelerando mais o jogo, encaixando tabelas, e ai foi a vez de Stekelenburg realizar dois milagres consecutivos. O treinador Bert Wan Marjik resolveu agir, promovendo sangue novo no ataque, mas o gol do alívio só saiu aos 39, depois que o arqueiro Mucha – que vinha fazendo grande partida – se precipitou. No apagar das luzes, Vittek marcou um merecido gol de honra, ele que havia lutado muito entre os zagueiros laranjas e marcou seu quarto gol neste Mundial.


A Holanda é um time extremamente pragmático, que impressiona pelo posicionamento. É difícil passar de sua intermediária defensiva, onde sempre há dois, três marcadores em cima da bola. É uma equipe que erra poucos passes, tem paciência para jogar e conta com dois jogadores diferenciados na frente: Robben e Sneijder. O ponto fraco é que o time é confiante demais, joga como se fosse marcar o gol da vitória a qualquer momento, e como se jamais possa levar o gol de empate. Contra a Eslováquia já correu algum perigo. Contra um time mais qualificado isso pode ser letal. Um possível duelo contra o Brasil, pelas características das duas equipes tem grandes chances de ser um jogo chato.


Os eslovacos fizeram campanha digna nesta Copa do Mundo, dentro de suas possibilidades. Revelaram ao mundo bons nomes de ataque, como Stoch, Weiss e Vittek, e pecaram demais na defesa, levando sete gols em quatro jogos. Muito para um time mediano correr atrás.


Foto: Versão 2010 da Laranja joga pra ganhar, de meio e zero se preciso. (Jerry Lampen/Reuters)

Comentários

Vicente Fonseca disse…
Um possível duelo contra o Brasil, pelas características das duas equipes tem grandes chances de ser um jogo chato.

Incrível que um jogo entre Brasil x Holanda possa ser chato, pois são sempre históricos. Mas faz todo o sentido esta frase.
Chico disse…
Vitória tranquila da Laranja Mecânica.
Igor Natusch disse…
Muito bem apontada pelo Prestes a incrível PACIÊNCIA do time holandês. De fato, chega a ser enervante o modo como eles cozinham o jogo sem pressa, esperando o momento surgir. Não tem outra seleção nessa Copa com uma característica tão acentuada nesse sentido. E aí sim, a tendência é de um Brasil x Holanda muito estudado, com as equipes esperando uma a outra. Se vai ser chato, não sei - mesmo porque um golzinho cedo muda a história de qualquer jogo - mas que vai ser um grande confronto tático, sem dúvida que vai.

Vittek é um baita centroavante. Merece jogar em algum time de ponta do mercado europeu, fácil. E Mucha é um dos grandes goleiros dessa Copa, seguro e muito ágil embaixo das traves. Por esses dois nomes, mais Hamsik que foi bem nos momentos decisivos, se explica a até que bem digna campanha da Eslováquia nessa Copa.