Saída de Fossati não resolverá os problemas do Inter
Ano passado, o Grêmio demitiu Celso Roth na primeira fase da Libertadores. Não foi um erro: errado, viu-se meses depois, foi ter ficado 45 dias sem técnico em favor de um profissional que saiu logo na primeira proposta que apareceu do exterior.
A demissão de Fossati do Internacional era questão de tempo. O problema é que este tempo passou, ou ainda não deveria ter chegado. Poderia ter sido oficializada na derrota para o São José, quando o time já não jogava bem; ou nas derrotas seguidas para Grêmio e Banfield, mesmo que em uma fase mais adiantada da competição continental. O Inter, entretanto, espera a semifinal para mandar o técnico de volta ao Uruguai. Sim, há três jogos pelo Brasileirão e um mês de parada para a Copa do Mundo. São os 45 dias que o Grêmio perdeu em 2009, e que o Inter pode recuperar em 2010 se anunciar logo o novo treinador, minimizando os estragos por ter posto fora o planejamento inicial.
Fossati não fez bom trabalho no Beira-Rio. Seu período ficou marcado, primeiro, por teimosia em um esquema que parecia imutável, para depois passar de indecisão em torno de três sistemas (3-6-1, 3-5-2 e 4-4-2), o que dificultou a formação de um time confiável. Os resultados, na Libertadores, foram bons. O Inter ainda está vivo, entre os quatro melhores, ainda que vá passando aos trancos e barrancos. Mas o desempenho do time raramente foi satisfatório. Evidentemente, o colorado tinha chances de ganhar a América com Fossati, afinal, tem conseguido passar de fase – e por adversários de respeito, diga-se. Mas também é verdade que nada podia garantir isso, ainda mais com o desempenho fraco que a equipe vem mostrando. Caindo para o São Paulo em agosto, com Fossati no comando de um time que vai mal no Brasileirão, o ano estaria praticamente perdido. E é uma tendência não tão improvável assim, principalmente por aquilo que o time (não) vem apresentando.
Sou normalmente contrário a demissões de técnico, especialmente quando a equipe vai conseguindo resultados, jogando bem ou não. Só a entendo como um mal necessário no caso de um clima insustentável, como Roth ano passado no Grêmio, ou quando o próprio técnico quer sair. Talvez ambos sejam o caso agora. Mas, como não frequento o Beira-Rio para saber se a pressão é igual ou parecida com aquela, é meu dever deixar este fator de lado por enquanto.
Por isso, entendo como um erro a demissão de Fossati. Poderia ter caído antes, ainda que o ideal fosse tentar mantê-lo. A continuidade e a convicção são amigas inseparáveis dos bons resultados. Por mais que Fossati realmente não tenha ido bem, merecia mais tempo para trabalhar. Claro, talvez nem ele queira mais prosseguir, já deu a entender várias vezes. Isso também pode ter pesado na decisão de Carvalho e Piffero, e não pode ser simplesmente desconsiderado.
O Inter, porém, precisa também questionar a qualidade do seu grupo de jogadores. Será que a culpa é toda de Fossati? Será que o plantel colorado é tão qualificado como os dirigentes pensam? Fossati não foi bem, mas não é capaz de milagres. O time pode render mais, é verdade. Mas o Inter, hoje, tem um goleiro titular pouco confiável, um lateral-direito pouco produtivo, zagueiros lentos e, à exceção de Bolívar, ultrapassados, um Kleber cada vez mais discreto, D’Alessandro em fase de hibernação, e atacantes insuficientes. Trata-se de um dos grupos mais fracos desde 2005, talvez só pior que o do Brasileirão de 2007. Quando há problemas em todos os setores de um time, o técnico tem culpa no cartório. Mas, neste caso, não é só ele. Trocar Fossati por Mário Sérgio ou Abel Braga na base do pensamento mágico, confiando 100% no que o Inter tem disponível no seu elenco, não surtirá efeito positivo algum nesta trajetória.
Enquete
E aí, quem será o novo técnico do Inter? É o palpite sobre quem assume, não uma torcida por algum dos nomes. Responde ali do lado!
Comentários
mas o pior está por vir... Cuca... tem a cara do Fernando Carvalho... colocar um treinador fraco e que não vai disputar beleza com ele (ao contrário de um Carpegiani, de um Falcão)! sem falar de Luxemburgo, Muricy e Fernandão que imploraram par vir pro inter e F.C. esculachou... eis o nosso câncer...
Agora, dos nomes falados, creio q Mário Sérgio seja o mais forte.
Valeu pelos elogios, Marcelo!
Felipão já disse que só vai definir pra onde vai quando a Copa terminar. Ele pode fazer isso, tem nome, tem status. "Ah, mas o Inter pode oferecer um milhão pra ele". Pode, mas duvido que aceite. Ele quer tempo pra relaxar um pouco. Mais: ele disse que, só depois que ele analisar as propostas oriundas da Europa é que ele vai ver as propostas brasileiras.
O Inter pode até tentar, mas pra mim, seria um tiro no escuro e uma perda de tempo. Com a corda no pescoço, acho brabo que o Carvalho tente arriscar dessa forma agora. Ainda mais que as eleições estão logo ali...
Lembrando que esse grupo teve problemas com o Tite também. Se todo técnico tem problemas com esse elenco, é porque tá na hora de mexer no elenco, não? É muito cacique pra pouco índio.
A última vez que Inter teve Abel em ano de Copa do Mundo não foi nada nada boa.
Caro Franke, lembre que, além de ser ano de Copa, eles perderam o Gauchão para nós e três dos quatro semifinalistas de 2010 são iguais aos de 2006: Inter, São Paulo e Chivas.
Acho que aí está o ponto fundamental. Observando de fora me parece que este é um fenomeno bem comum no beira-rio, achar que o time é um cano e que apenas o treinador impede que o time ganhe todos os jogos por goleada. Lembram do Joel em 2004?
O Mário vem aí, empata quatro jogos, vira campeão da Libertadores e vai embora, uasdasuhdasuhdauhhasduh
JOEL é a melhor opção. Em 2000, ganhou o Brasileiro com o Vasco assumindo o time nas semifinais.
Futebol é FOLCLORE,fodam-se os resultados, uhfshudfshudsshuhuf
Falando sério agora. Tem nomes que eu não entendo como ainda surgem nas especulações. Nelsinho Baptista, por ex, é SEMPRE lembrado quando a Dupla fica sem treinador e JAMAIS virá, porque é fraco e ainda por cima saiu pela porta dos fundos do Inter, como todos bem lembram. Eu voto no Cuca, embora não descarte o Falcão de modo algum. As coisas que ouvi na Gaúcha foram bem sintomáticas, e Falcão seria a chance de ter um caráter mágico tão caro ao Inter de ultimamente (taí o Tinga que não me deixa mentir) sem ter que esperar por uma dificílima negociação com Abel Braga. Mas Cuca saiu por cima do Fluminense, livrando o time da queda de modo espetacular em 2009 e demitido esse ano por uma questão mercadológica que pouco ou nada teve a ver com futebol. É a minha aposta.
Se bem que, na verdade, a demissão do Fossati é que foi muito PREGOSSE (valeu, VdeP)...
Mas vai ser ele, para meu desencantamento completo com o futebol ocidental.