Voltar vivo

Times argentinos adoram decidir fora de casa. Ou melhor, começar o mata-mata em seus domínios. Faz sentido: usufruem da pressão do fator local para abrir vantagem e a administram com catimba no campo adversário. Quando adolescente, sempre ouvia, em jogos da Libertadores e da extinta Supercopa, que derrota por um gol fora de casa era considerada boa pelos times do lado de lá do Prata. Agora, o que mais se ouve – e já não soa tão inédito assim, pela nossa experiência de 21 anos de Copa do Brasil – é que o importante é vencer em casa sem levar gols.

É justamente este discurso que entoa o Banfield. Fernández, perigoso atacante, diz exatamente isso: o 1 a 0 é o ideal, o 2 a 0 mais ainda. Jogar para vencer sem levar gols inclui a tentativa de exercer uma grande pressão no adversário em todos os sentidos. O Banfield, provavelmente, vai tentar impedir o Inter de jogar. Não sei se terá condições físicas para isso. Portanto, se o colorado levar o primeiro tempo (onde os argentinos ainda certamente terão fôlego) sem derrota parcial, será um ótimo começo de confronto.

Jorge Fossati foi claro ontem em sua coletiva. Se não estiver aplicando um migué histórico na imprensa sul-americana, tirará Alecsandro em favor de Fabiano Eller. Mantém dúvida entre D’Alessandro e Giuliano, com Andrezinho seguindo no time. Com isso, armam-se condições para um 3-6-1, com Walter no ataque. É um jogador de características mais propícias a jogar isolado que Alecsandro, pois tem mais movimentação. Entretanto, como qualquer avante isolado, precisa das chegadas constantes dos meias para funcionar e não ser destruído pela zaga adversária.

A entrada de Eller se explica não somente por um maior resguardo tático, mas também por um cuidado redobrado com a bola aérea defensiva, muito falha no Gre-Nal. Não se trata de um zagueiro alto, mas é atento, experiente e tem impulsão.

O Inter precisa voltar vivo da Argentina. Até mesmo uma derrota por 1 a 0 é reversível, apesar de difícil. Não será fácil, ainda mais depois da derrota no clássico, mas é a missão que terá de ser cumprida. E ninguém mais que Fossati sabe disso.

Argentina x México
Com seis titulares fora, incluindo Verón, o Estudiantes teve uma atuação medíocre, mas venceu o fraquíssimo San Luis, pior time desta fase da Libertadores e lanterna no México, por 1 a 0, encaminhando classificação. O Vélez, por outro lado levou 3 a 0 do Chivas, fazendo aquilo que o Inter não pode fazer: voltar morto. Pode ser uma boa notícia, mas há um alerta: nasce, inesperadamente, um outro time a ser vigiado nesta Libertadores.

Brasil x Brasil
É uma pena que seja ao mesmo tempo de Banfield x Inter. Flamengo x Corinthians marca o duelo das duas maiores torcidas brasileiras, dos dois mais conhecidos craques que atuam no país, dos dois campeões nacionais do ano passado. Nada é mais imperdível. Noite para o controle remoto.

Comentários