Para que o Gauchão valha a pena

Ganhar o Gauchão, dizem, só não é pior que perdê-lo. Mas ganhar o Gauchão em cima do maior rival é, sim, maravilhoso. Quem experimentou esta sensação não é capaz de dizer o contrário, por mais que seja contra os campeonatos estaduais, não lhes dê a mínima importância (o que normalmente é mentira) ou, simplesmente, queira que eles tenham menor duração – meu caso.

Os estaduais só existem por causa dos clássicos. Gauchão sem Gre-Nal é um Gauchão pela metade. É um Gauchão sem sua razão principal de existir. Evidentemente, outros clássicos também são importantes (Ca-Ju e Bra-Pel principalmente), mas nenhum é mais importante que o da Capital. Este é um dos poucos méritos desta fórmula de disputa: todos jogam contra todos em algum momento. Ao menos o jogo em Erechim é garantido. Mas trata-se de uma partida entre times que mal saíram das fraldas em termos futebolísticos (duas semanas após a pré-temporada, sem ideias consolidadas), ao contrário de hoje: de 31 de janeiro para cá, muita coisa mudou.

O Grêmio, principalmente. Daquele jogo em Erechim, no máximo seis jogadores estarão em campo hoje. O tricolor melhorou nestes três meses, e não foi tão pouco como alguns imaginam. Encontrou um sistema tático, acertou a defesa com Rodrigo, recuperou Willian Magrão. Vem sofrendo uma turbulência desde a derrota para o Pelotas e a lesão de Maylson. As duas últimas semanas foram mais complicadas, mas os dois meses anteriores foram da afirmação de Douglas, do estouro da dupla Jonas e Borges e do próprio Maylson, claro, que fará falta. Sua última semana foi pior que a do Inter, mas é simplório desconsiderar o restante do ano. Tanto que são os dois meses anteriores que fazem a finalíssima ser no Olímpico.

Já o Internacional só agora ameaça engrenar uma boa fase. Viveu seu melhor momento justamente no clássico de Erechim. Após a derrota para o Novo Hamburgo houve atuações pouco consistentes e até mesmo catastróficas, mudanças de esquema, perda de jogadores, problemas no ataque e extra-campo. O time só se classificou na rodada final da Libertadores e ganhou, aos trancos e barrancos, o segundo turno do Gauchão. Mas estes triunfos ocorreram justamente do domingo passado para cá, o que indica, se não um crescimento vistoso, ao menos uma melhora nos resultados. Isto dá confiança. Confiança, às vésperas de um Gre-Nal, é importantíssimo.

Há decisões mais importantes no meio de semana, por competições maiores, para ambos os lados. O Inter poupará alguns titulares para hoje, é a tendência; o Grêmio não. Seja como for, são os clássicos que fazem o Gauchão valer a pena de verdade. Que venham os Gre-Nais, pois!