Soluções e problemas crônicos

Ontem, mais uma vez, ficaram evidenciados os virtudes e os problemas deste Grêmio versão 2010. Foi mais uma partida irregular do time de Silas: com a bola nos pés, o tricolor é muito bom time – o que sinaliza bons jogadores, especialmente na parte ofensiva; sem ela, muitos problemas, principalmente na contenção no meio-campo, o que deixa a zaga completamente exposta, como tem sido praxe.

Na partida, a mesma irregularidade. O Grêmio alternou momentos de domínio completo sobre o Veranópolis com minutos de pavor. Quase goleou, ao mesmo tempo que quase sofreu um empate que levaria a decisão para os pênaltis. A curiosidade é que o Grêmio fez 2 a 0 e 3 a 1 justo nos momentos em que estava pior. E levou os dois gols que sofreu quando jogava bem. O primeiro gol do Veranópolis veio quando o tricolor controlava a partida com facilidade e já até havia perdido algumas chances de ampliar para 3 a 0 no início do segundo tempo.

Há um problema crônico, não resolvido, que segue atormentando os tricolores: os volantes. Ontem, Ferdinando mostrou mais uma vez que desarma pouco, é lento e erra passes. Não pode ser titular, e deveria, inclusive, estar abaixo de Túlio (que hoje em dia é a sexta e última opção de Silas) na hierarquia da posição no Olímpico. A seu favor, Ferdinando pode argumentar que marcou sozinho. Fábio Rochemback saiu daqui em 2001 volante e voltou em 2009 um meia: com a bola nos pés, fez boa partida (apesar da falha no primeiro gol dos serranos); sem ela, não marcou ninguém. Um retrato deste Grêmio atual.

Quando entrou Willian Magrão, o VEC não chegou mais com perigo. Eis aí um titular. O gol de Romano, no finzinho, foi quase acidental: a bola despretensiosa fez uma curva improvável, e Victor levou seu primeiro frangaço em mais de dois anos de Grêmio. Magrão pode ser o camisa 5, não precisa contratar. O tricolor tem seis volantes no elenco, uma demasia até. Ele já jogou na primeira função no final de 2007 e no início de 2009, e sempre deu conta do recado. Não é o ideal, suas arrancadas sumirão um pouco, mas resolveria este mal que acomete todo o time. A seu lado, podem jogar Adílson, Fernando ou até Maylson. Rochemback deveria ser aproveitado mais à frente, pois depender dele na marcação tem sido um problema.

Agora, as coisas boas. Mário Fernandes, que não fez grande partida, marcou um golaço, seu primeiro como profissional. Rafael Marques compensou as falhas dos volantes com boas antecipações, desarmes e cabeçadas. Fábio Santos fez grande partida, jogou até mais do que vinha fazendo Lúcio. É um bom jogador, injustiçado por parte da torcida, mas que merece a continuidade, pois nunca comprometeu. Hugo fez um golaço, numa patada inapelável.

Mas os destaques principais são as camisas 9 e 10. São craques em suas posições. Borges fez sua melhor partida no Grêmio. Mesmo com 1,75 de altura, ganhou no corpo sempre dos zagueiros na proteção, fez um belo gol, deu assistências e ainda fez uma jogadaça em velocidade no gol de Hugo. Já Douglas, quando toca na bola, sempre é extremamente perigoso. Faz lançamentos perfeitos, tem facilidade incrível em colocar seus companheiros na cara do gol. Ainda é driblador e perfeito nas bolas paradas indiretas. Para quem sentia falta de Tcheco neste último quesito, uma substituição mais que à altura.

São José 0 x 2 Inter/SM

Bagé recupera o colorado santa-mariense. Para quem fizera 8 pontos, contra 19 do adversário, os 2 a 0 sobre o Zequinha em pleno Passo d’Areia é um excepcional resultado. E um aviso ao Grêmio, de que o duelo do sábado valendo vaga na final do Carvalhão não é jogo jogado. Aliás, dois jogos, duas vitórias do Grupo 1, o fraco. Alguns dirão que a chave do Grêmio não é pior que a do Inter: é só mais copeira. Não deixam de ter razão, pelo menos por enquanto.

Inter x Juventude

A chegada de Pato Abbondanzieri hoje à tarde quase ofuscará a decisão que o Inter contra o Juventude. O jogo vale como uma espécie de último teste para a estreia na Libertadores, terça que vem, contra o Emelec. Fossati deve, pela lógica, escalar hoje aquele time que considera ideal, a menos que alguém lesionado ou não com 100% de condições físicas seja poupado. Índio, por exemplo.

Domingo, será a vez de confiar no Inter B. É improvável que o colorado jogue com titulares, mesmo no Beira-Rio, a dois dias de sua partida contra os equatorianos. Em vez de utilizar alguns titulares hoje e alguns domingo, deverá pôr todos contra a Papada e nenhum ou quase isso nas semifinais. Isto, claro, se passar pelo time de Caxias. Mas a superioridade é tanta sobre o fraquíssimo Juventude que seria grande zebra projetar o contrário.


Flamengo 1 x 2 Botafogo

O Botafogo quebra a escrita e elimina o rubro-negro. Imagino a festa de desafogo da comunidade alvinegra no Rio de Janeiro. Depois desta grande surpresa (o claudicante Fogão ganhar de virada do campeão brasileiro), a revanche contra o Vasco, dos recentes 6 a 0 e de Dodô. Uma final inusitada para quem só previa Fla-Flus decidindo tudo. No Rio, apesar de Andrade, Joel ainda manda.


Fiasco
O Palmeiras não anda bem neste ano, mas levar 4 a 1 do São Caetano no Palestra é o maior dos fiascos. E domingo tem o clássico contra o São Paulo. Dias difíceis para o contestado Muricy Ramalho.


Foto: a dancinha de Jonas, melhor momento do futebol mundial (Fábio Berriel/Agif/Gazeta Press).