Virada em Pelotas

O Grêmio pode tomar vários pontos positivos de sua vitória de virada na Boca do Lobo. As comemorações pelo grande resultado obtido em Pelotas terão ainda mais legitimidade se Silas souber diagnosticar os problemas apresentados no primeiro tempo, que deram a impressão de que o tricolor fracassaria tristemente em seu primeiro compromisso no ano. A derrota da etapa inicial pode ser atribuída a diversos fatores. Ao contrário do que parece, o Grêmio não foi muito pior que o Pelotas. Teve, sim, dificuldades em penetrar a defesa do Lobão, mas o jogo foi equilibrado. O fato é que o time da casa soube aproveitar melhor as oportunidades que teve. Enquanto o Pelotas jogava em ritmo de Copa do Mundo, o Grêmio parecia (como estava, de fato) saindo da pré-temporada. Mesmo assim, houve problemas sérios. Dick jogava solto pela direita, a zaga estava sempre exposta ao mano-a-mano com os atacantes pelotenses, o ataque carecia de ritmo. Aí entram os primeiros méritos de Silas. Não se pode dizer que escalou mal o time, mas com certeza mexeu muito bem. Jonas deu movimentação ao setor de frente (deve ter garantido a renovação com a atuação de hoje), o esquema mudou, Borges ganhou parceria mais aguda para tabelamentos. O Pelotas se encolheu. O gol de pênalti de Jonas foi puro mérito de Leandro, em jogada com a sua cara. Quando Dick foi expulso, a virada que já estava desenhada tomou formas definitivas. E ela passou por uma grande atuação de Hugo na segunda etapa, comandando a equipe mais recuado, na meia-cancha, em chutes potentes e lançamentos precisos para os atacantes, aproveitando o espaço que o cansado time da casa já dava. O Grêmio começa bem o Campeonato Gaúcho. Mostrou problemas, principalmente físicos, mas também estruturais. O Pelotas teve muito espaço para contra-golpear no primeiro tempo, e isso é problema de marcação lá na frente, onde Hugo e Souza pouco se aplicaram neste aspecto. Mesmo assim, conseguiu se impor a um adversário mais entrosado e preparado fisicamente, e conseguiu um belo resultado que dá moral. Estes problemas apresentados devem se dissolver nas próximas rodadas, com o andar da carruagem - o que não significa que não se precise pensar em resolvê-los já. E a melhor notícia, além da bela atuação de Hugo no segundo tempo e da ousadia de Silas na hora de mexer no time, foi o golaço de Borges. De centroavante autêntico. Pelotas É um time bem experiente. Jardel, Gavião, Maicon Sapucaia, Tiago Duarte e Sandro Sotilli são figurinhas para lá de carimbadas no cenário do futebol pampeano, além de Maurinho, bicampeão brasileiro em 2002/03, por Santos e Cruzeiro. O goleiro Jonatas mostrou segurança. Verdade que o time vinha extremamente motivado, em situação extraordinária, voltando ao Gauchão, contra o Grêmio, com estádio renovado. Mas promete dar trabalho neste Gauchão, ainda mais que o matreiro Beto Almeida está no comando. Internacional 4 x 2 Ypiranga Muito boa a estreia do Inter B. Venceu com grande facilidade um dos times tidos como dos principais do interior, sufocando-lhe em boa parte do jogo. O trio Ytalo, Leandro Damião e Walter, além de ter feito os gols, mostrou ótima movimentação, sempre insinuante e vertical, com Wagner Libano também merecendo menção. Desta vez, ao contrário de 2007, o Rolinho não parece que fará fiasco. Sigo achando um erro poupar os titulares nestas primeiras rodadas, mas a pontuação do colorado no campeonato, ao menos, não deverá ficar comprometida como há três anos. Poucos tropeços Dos grandes clubes, chamam a atenção os maus resultados do Corinthians e, especialmente, do São Paulo. Pela escalação que entrou em campo, é um time aberto demais. Um meio com Hernanes, Richarlyson, Léo Lima e Marcelinho Paraíba é possível, desde que haja três zagueiros. São só dois. Então, que os dois laterais sejam estritamente marcadores. Jorge Wagner é um deles. Ricardo Gomes terá de repensar seu time-base. Ronaldinho Pelo que vem jogando desde novembro, anda merecendo vaga na Copa do Mundo. Não precisa (nem deve) passar por cima de toda a hierarquia armada criteriosamente por Dunga. Mas mais que Robinho (muito mais, por sinal) ele joga e vem jogando. Ontem, contra o Siena, atuação de gala como nos velhos tempos de Grêmio e, especialmente, Barcelona. O terceiro dele foi uma pintura. É o debate dos próximos meses envolvendo a seleção. O Milan, aliás, já encosta na Inter. A distância é 6 pontos, mas há um jogo atrasado por fazer. Foto: Réver e Tiago Duarte brigam na ótima partida de abertura do Gauchão (Carlos Queiroz/Diário Popular/Futura Press).