Ritmo de festa
A volta de Robinho ao Santos representa bem a dimensão do fracasso de 2006: simplesmente todos os quatro atacantes daquela seleção tão badalada estão de volta ao Brasil. Não que jogar aqui seja o fim do mundo, pelo contrário: mas todos só estão de volta à terrinha porque não deram certo em seus clubes europeus - e aquela Copa tem sua parcela de culpa nisso.
Se a tendência caminhar junto com a de seus outros três ex-companheiros de Copa da Alemanha, Robinho deve fazer sucesso nestes seis meses na Vila Belmiro. Ronaldo, mesmo mais lesionado que em campo, foi vital ao Corinthians em 2009; Fred, apesar de uns bons seis ou sete meses de completo migué, foi decisivo ao Fluminense na reta final do Brasileirão; Adriano foi o mais bem sucedido, jogando quase todas as partidas do Flamengo e sendo um dos pilares do hexacampeonato nacional. Isso sem falar em Roberto Carlos, claro.
E é bom que Robinho aproveite bem este semestre que o Manchester City lhe dá de lambuja. Porque será sua última chance de provar que tem alguma utilidade num futebol de alto nível. Não pensem que o time inglês é bonzinho: também está lhe dando uma última oportunidade. O mau futebol de Robinho nos últimos quatro anos e meio (!!!) se justifica por várias coisas: treinador que não sabe utilizá-lo, frio europeu... Nunca é ele. Curioso é que muitos colegas de imprensa caíam nesta lenga-lenga. Caíam...
Torço, sem muita esperança de sucesso, que mesmo os mais condescendentes com Robinho encarem essa sua passagem pelo Santos como sua última chance também de provar alguma coisa em alto nível. Entre eles, Dunga. É louvável que Robinho tenha aceitado jogar a Copa América de 2007 sem deixar a seleção na mão, como Kaká e Ronaldinho, por exemplo. Porém, a seleção precisa de alguém que jogue para ela, e não a utilize simplesmente como um trampolim para fazer estripulias circenses sem qualquer sentido prático. Não precisa de alguém que, na hora de celebrar o gol da vitória, fique na frente das câmeras comemorando como se estivesse ajudando muito, quando na verdade está escondido atrás de um marcador que chega firme.
Talvez o Santos desperte novamente em Robinho aquele jogador altamente promissor, com inegável potencial de craque que vimos fazer miséria em gramados brasileiros no início da década passada. Isso é possível. Discordo dos que acham que o time da Vila Belmiro despontará como favorito a tudo só porque Robinho chegou, pelo contrário. Num time que já tem em Neymar - que, diga-se, começa muito bem o ano - um jogador já por vezes pouco objetivo, o desafio de Dorival Júnior para acomodar tanta gente habilidosa para produzirem em favor do time é imenso. É hora, aliás, deste técnico firmar-se como um dos grandes do País: fazer Robinho jogar bola, algo parecido com o que Mano Menezes fez com Ronaldo. Um desafio tão grande quanto o do colega gaúcho.
Inusportável será a babação de ovo em cima da contratação que, aliás, já pudemos notar desde ontem. A festa da mídia do entretenimento esportivo está agitadíssima como há tempos não víamos. Só falta Ronaldinho voltar.
Gre-Nal
Mistérios de parte a parte. Silas pode entrar no 3-5-2, pois pretensamente diminuiria o vazamento defensivo do Grêmio. Mas um 4-4-2 com Mário Fernandes na direita seguraria um pouco mais Kleber, arma importante do Inter pela esquerda. Será um duelo interessante do clássico. Preocupante é ver que Souza é titular abosluto do meio e que Leandro disputaria vaga com Hugo no meio-campo, quando deveria ser reserva de Jonas, não de meia-esquerda.
No Inter, Fossati faz mistério também. Entretanto, duvido que o time mude do que foi quarta-feira, até pela atuação soberba diante do Juventude. Claro, com a alteração de Giuliano no lugar do operado D'Alessandro. Bom para o time, mas é bom lembrar que o argentino é Homem Gre-Nal.
Metallica
Noite inesquecível do melhor e mais puro heavy metal. Ótimo vê-los de volta, depois de quase terem acabado. Só dois poréns: aquele Parque Condor não existe. Fazer o público pagar preço de três dígitos de reais para sair todo enlameado é inadmissível. Será que Olímpico e Beira-Rio não poderiam ser utilizados? O São Paulo libera o campo do Morumbi e nem por isso o gramado é ruim.
Outra coisa: taxistas do aeroporto sumirem após o show porque se recusam a levar pessoas com os pés sujos e enfrentar um tráfego lento são nada menos que muito pouco profissionais. Um verdadeiro absurdo, ainda mais que quando chegamos bem vestidos após uma viagem de avião o tratamento é VIP, com direito a "bom dia, dotô!". Lembrando, faltam quatro anos para a Copa do Mundo. Se não querem levar um público elitizado de Porto Alegre para casa apenas por causa disso, que dirá quando os hooligans desembarcarem na Capital para assistir aos jogos da Inglaterra?
Reduzindo a marcha
Voltamos a um regime de plantão até o período do Carnaval. Na verdade, escreverei sempre que possível, e nos primeiros dias isso será bem mais tranquilo e possível. Apenas não conseguirei comentar tão frequentamente como gostaria, mas a produção de colunas seguirá parecida com o que vocês estão acostumados, e será quase diária. Não pensem que estarei na praia apenas tomando água de coco na sombra. Os ares do Oceano Atlântico fazem muito bem a uma dissertação de Mestrado, acreditem.
Comentários
Boas "férias".
Abração!
HAS TAKEN MY SIGHT
TAKEN MY SPEECH
TAKEN MY HEARING
TAKEN MY ARMS
TAKEN MY LEGS
TAKEN MY SOUL
LEFT ME WITH LIFE IN
HEEEEEEEEEEEEEEELLLLLLLLLLL!!!!!!
Robinho jogou 3 anos e meio no Brasil sem ninguém à altura, teve passagem na Europa ainda mais consistente do que Fred e Nilmar, enfim.
Ao contrário, peço que até os mais críticos de Robinho, que esqueceram que ele não precisa mais provar no Brasil que é extraclasse, tenham um pouco mais de boa vontade com ele. Se jogar 50% do que jogava no Santos, é titular de todos os times do Brasil. E está no grupo da Copa.
Não me considero dos mais críticos do Robinho. Sou um dos que dá a última chance, não o larguei desta vez, como muitos. E dou a última chance antes de ele virar um novo Denílson ou tentar a sorte nas Arábias, onde as firulas dele valerão milhões de petrodólares.
Dou a última chance porque ele jogou demais, mas há quatro anos não faz nada. Quatro anos não são quatro meses, convenhamos. E tu falou bem, 26 anos. Porém, ele age como se tivesse 17 ou 18. Quando tinha essa idade, em 2002, decidiu um Brasileirão em favor do Santos, destruindo o Corinthians na final. Parecia mais maduro do que hoje.
Mas não estou secando. Quero que ele volte a jogar bem (menos contra o Grêmio) e se torne um atacante importante para a seleção. Porém, duvido que isto aconteça. Mas não terei problema algum em me retratar se for o caso.
Vamos ver. Nem sou tão cético assim - acho que ele vai jogar bem algumas partidas, sim, mas tenho sérias dúvidas que volte a desempenhar futebol de alto nível. É o caso dos outros recentes repatriados, com exceção talvez de Adriano: estão muito bem, mas não chegaram num nível capaz de pleitear vaga na seleção. A diferença de Robinho é que, por algum motivo, a vaga é sua quase que por decreto. Vejamos se ele vai jogar o suficiente para, ao menos, justificá-la...
E muito obrigado, Ícaro, pelos gentis elogios!
E duvido que o Robinho dê mesmo certo.
É verdade que os da ida reclamaram e disseram que se soubessem que iríamos até o local do show não teriam vindo, mas mesmo assim fizeram a corrida e acharam um modo de não ficar no engarrafamento infernal.