Relembrando 2009

O Internacional goleou o Juventude com facilidade constrangedora para um time que, há três anos, jogava a Série A. Ao contrário do que pensei, o colorado não sentiu tanto o fato de estar estreando apenas agora. Muito devido à manutenção quase que completa do time que terminou a temporada passada. Jorge Fossati escalou um 3-5-2 com dois volantes e D'Alessandro. Entretanto, a criação não ficou somente a cargo do argentino. O técnico uruguaio achou uma interessante forma de aproveitar Kleber neste sistema. No primeiro tempo, o ala esquerdo foi praticamente um meia-atacante - tanto que fez dois gols em menos de 15 minutos, um deles corretamente anulado. O 5 a 0 veio quando o time da casa quis: fez dois gols, diminuiu o ritmo, decidiu que deveria construir uma goleada, e assim foi. Destaque para Taison, que voltou a marcar gols depois de mais de cinco meses de jejum. O Juventude, é verdade, não exigiu quase nada. A zaga bate cabeça constantemente, o meio é fraco fisicamente e o ataque, por tudo isso, inexiste. Mas o Inter fez o que o time grande deve fazer: passar por cima. Algo que o Grêmio, por exemplo, não tem conseguido - mesmo que os times que o tricolor tenha pegado até agora sejam melhores que o Ju hoje. E é por isso que o Gre-Nal de domingo tem um favorito, e ele veste vermelho: apesar de começar a temporada depois, o Inter está mais pronto que o Grêmio, que ainda busca sua ideia de time, sua escalação e esquema ideais. O colorado, mesmo que fisicamente possa estar um pouco atrás, é um time mais entrosado e, por enquanto, conta com melhores opções de reposição. Preocupante é a lesão de D'Alessandro. Em princípio, achei que fosse migué de Gre-Nal, mas fica confirmado que o argentino ficará mais de um mês fora. Estará alijado, inclusive, da estreia colorada na Libertadores. Giuliano voltará ao time, o que não deixa de ser boa notícia. O time da virada A alcunha não deveria ser motivo de orgulho, mas de preocupação para os gremistas. Porque contra times melhores nem sempre é possível reverter a desvantagem. Ontem, só foi possível devido à grande qualidade da dupla de ataque e à queda de rendimento físico do Santa Cruz no segundo tempo. Após o golaço de Jonas (sua jogada clássica, corte no zagueiro para dentro e conclusão firme logo a seguir), era visível que a virada era questão de tempo. O ótimo resultado que é vencer nos Plátanos não pode, mais uma vez, esconder os problemas tricolores. Apesar de ser time misto, Silas escalou mal a equipe. Não há explicação possível que justifique Lúcio, que voa tal qual em 2007, na reserva do anêmico Fábio Santos. No segundo tempo, o técnico gremista ainda mexeu mal. Retirou Maylson, um dos melhores, para investir em Mithyuê. Enquanto isso, Joílson, Fábio Santos e Ferdinando tinham atuação bem abaixo da que fazia o camisa 10 gremista. Faltou bom senso e criatividade a Silas na hora de trocar as peças. Entretanto, o que deve ser saudado é uma pequena melhora no setor defensivo. Ainda há problemas, especialmente nos volantes, mas a peneira que se visualizava nos dois primeiros jogos já não é tão evidente. Parte por causa da postura do time desde o início, de adiantar a marcação e jogar o Santa Cruz contra seu próprio campo. Mário Fernandes fez outra grande partida. Ontem ficou claro que, na zaga, seu imenso potencial é sub-aproveitado. Merece ser lateral-direito, e até de ala pode jogar num eventual 3-5-2. Kléber Pereira Como disse ontem, não considero uma boa contratação, ainda mais que Carvalho sinalizou um nome de alto impacto. Kléber Pereira foi um grande centroavante, mas chega a Porto Alegre precisando provar que seus gols não são coisa do passado. Quem vê o número de 28 marcados pelo Santos em 2009 não enxerga que o segundo semestre dele foi fraquíssimo. Mas pode dar certo, ser no mínimo bom reserva. Tem potencial superior ao de Alecsandro, e uma capacidade de irritar a torcida com gols perdidos tão grande quanto a do atual titular. Rafael Carioca O volante pode estrear hoje pelo Vasco, contra o Macaé. Pelo jeito, Vagner Mancini andou revendo seus conceitos a respeito do jogador. Libertadores Newell's e Emelec empataram num jogo de muita luta, muita velocidade e nenhum gol. Tudo segue indefinido. Do pouco que vi, não me pareceu que os argentinos jogaram mal, apesar do resultado. Os equatorianos seguem sendo o adversário mais fácil para o Inter. Ainda mais porque o Colosso del Parque, em Rosário, é daquele estádios que metem medo. O jogo lá promete ser difícil. Já o Cruzeiro empatou na Bolívia, 1 a 1 com o Potosí. Vai se classificar no Mineirão. Destaque para o carro-maca, que fez curva fechada e jogou Wellington Paulista no chão. Foto: Bolívar comemora o segundo dos cinco gols colorados (Internacional).