Esquema arquivado

O Grêmio sofreu mais do que precisava. Silas tentou uma formação ousada ao extremo, faceira, para usar o linguajar gaúcho. Levou o gol do Caxias e não quis colocar um volante para equilibrar o time e buscar o resultado com maior segurança. De fato, parece um contrassenso diminuir o número de jogadores ofensivos para buscar uma vitória. Tanto que somente após o 3 a 2 ingressaram Túlio e Maylson, e os três pontos foram assegurados. Ao contrário de domingo, porém, desta vez Silas mexeu bem porque escalou mal. A escalação do meio com apenas Adílson marcando estava, desde antes da partida, condenada ao fracasso. Seja em que esquema for: 4-4-2, 3-5-2, ou qualquer outro (o 4-4-2 foi o que se viu na prática). O tricolor mostrou bom poder ofensivo, mas não por possuir cinco bons jogadores juntos na frente. Ao contrário, a falta de alguém lá atrás contrastava com o excesso de jogadores na frente. O Grêmio foi, até a entrada de Túlio, um time rachado em dois: Victor, Ferdinando, Réver, Rafael Marques, Fábio Santos e Adílson de um lado; Souza, Hugo, Leandro, Jonas e Borges de outro. Com efeito, Leandro passou o primeiro tempo inteiro procurando seu espaço. Mesmo perdido, mostrou muita disposição (cresceu de produção no segundo tempo). Souza jogou por demais recuado, o que o torna menos objetivo e mais ciscador. Jogando atrás, tende a perder bolas que deixem a defesa completamente exposta ao contra-golpe. De fato, este time desequilibrado que Silas pôs em campo só teve uma consequência prática no andamento da partida: até a recomposição com Túlio e Maylson, o Grêmio foi um time sempre exposto aos contra-ataques perigosos do organizado Caxias de Julinho Camargo. E, não tivessem entrado estes dois jogadores após o terceiro gol, teria conseguido empatar novamente, tal era o espaço que tinha para penetrar o sistema defensivo tricolor. Mas Silas felizmente já sinalizou que não pretende repetir a experiência. Preferirá promover a disputa de posição destes cinco, mais Douglas, por quatro vagas. Aliás, se há uma hora para fazer testes é esta. Silas tem todo o direito de testar o time que quiser nestes primeiros jogos de Gauchão (à exceção do Gre-Nal, jogo de maiores consequências e dificuldades). Ao menos, o técnico do Grêmio pôde tirar algumas lições destes dois primeiros jogos, especialmente o de ontem: Jonas vem jogando muito e merece a titularidade ao lado de Borges. Hugo também vem produzindo o suficiente para se manter no time. Lúcio obterá sua vaga naturalmente, pois joga e vem jogando melhor que Fábio Santos. Souza não pode jogar tão recuado. E, claro, este esquema faceiro, definitivamente, merece ser arquivado. Vale a pena somente como alternativa em meio a um jogo para sufocar um adversário fraco dentro do Olímpico. Sofrer quatro gols em dois jogos contra times do interior é muito. Imbatíveis O Grêmio não perde no Olímpico há 40 jogos, desde setembro de 2008. O Inter não perde pelo Gauchão desde abril de 2008. São 22 jogos sem perder pelo Estadual. Botafogrenal Renato Cajá e Herrera marcaram os gols da vitória alvinegra. Não são os únicos ex-Dupla Gre-Nal que jogam no Fogão. Ontem, atuaram também Marcelo Cordeiro e Leandro Guerreiro. Foto: os "siameses" Jonas e Adílson comemoram mais uma vitória do Grêmio (Lucas Uebel/Preview.com/Gazeta Press).