Dois anos sem jogar é o menor dos males

Uma promessa do futebol brasileiro se esvai por conta das drogas. É uma pena começarmos 2010 lamentando que Jobson ficará dois anos sem jogar futebol por conta de doping, em vez de celebrarmos um belo começo de temporada de um atacante com grande potencial. E a situação ainda se agrava pelo fato de ser crack, e não "simplesmente" cocaína, o motivo de seu exame ter dado positivo. Da cocaína já vimos algumas pessoas se livrarem, a duras penas. Do crack, estes exemplos praticamente inexistem - e se ele fumou mesmo a pedra, não há muitas dúvidas de que já esteja viciado. Muito, muito triste.

Mas como sou um otimista incorrigível, quero aqui dizer que lá no fundo tenho a irracional esperança de daqui a dois anos ver Jobson ter se constituído num desses casos raros de recuperação desta dependência tão pesada. De vê-lo virar um exemplo de volta por cima no esporte, como de certa forma foi Dinei quando se livrou do cocaína, ou Narciso, que superou a leucemia. Se Jobson conseguir se recuperar, sairá da treva onde atualmente se encontra para um lugar de referência, não só como esportista, mas, principalmente, ser humano.

É difícil, mas tenho esperança. E quanto mais as pessoas puderem ajudá-lo no tratamento, ao invés de julgá-lo de forma precipitada e preconceituosa, mais chances há de que este quadro tão improvável se torne realidade. Alô, Botafogo! Jobson lhe ajudou a escapar da Série B ano passado. É hora de retribuir.

Porto Alegre x Inter
O Inter B vai ao Lami para o seu primeiro jogo fora de casa. Perto dela, é verdade. Não deverá ter grandes dificuldades. O Porto Alegre iniciou levando 5 a 1 do Veranópolis, deixando claro que tem imensas fragilidades e precisará melhorar muito se não quiser dar fiasco no Gauchão. A gurizada vem entrosada, motivada e de olho numa vaga do grupo que disputará a Libertadores. Dá para conseguir uma vitória. Em termos de tabela, é quase obrigação: não deixando o Grêmio abrir mais que três pontos de distância, o colorado poderá ultrapassar o rival em pontos vencendo o Gre-Nal de Erechim e, assim, obter a enorme vantagem de decidir no Beira-Rio os mata-matas do Carvalhão. A responsabilidade da gurizada é, até lá, levar o time na tabela no mínimo em uma situação de desvantagem administrável em relação ao rival.

Quem sobra?
Mesmo que Douglas não venha, o Grêmio tem excesso de bons jogadores do meio para a frente. É um problema ótimo para Silas resolver. Em princípio, considero que Borges e Hugo serão titulares. O primeiro por ser o único centroavante de ofício; e o segundo por ser a única opção de pé canhoto. Dito isso, há duas opções: um 4-4-2 ortodoxo, onde Souza joga na meia e Leandro disputa vaga com Jonas; ou um 4-3-3 a la Corinthians '09, onde Jonas sobra e Leandro disputa vaga com Souza pela direita - e aí seria necessária a contratação de um 10, como Douglas.

De todo modo, é ótimo que o Grêmio tenha excesso de opções. Todos jogarão várias vezes, pois a temporada é longa e acidentada. Se a saída de um para o ingresso de outro for necessária, e mesmo assim o nível técnico seja mantido, é sinal de bom plantel. E se todos estiverem em condições e alguns desses bons jogadores ficarem no banco, melhor ainda. Silas terá sempre a opção de fazer como fez domingo: usar um deles para mudar o andamento da partida, podendo alterar o time taticamente e pleitear melhor um bom resultado.

Follmann
Numa das piores fases de sua história, o Juventude tem um alento: seu time sub-20 já é um dos quatro melhores na Copa São Paulo de Juniores. Com três defesas do goleiro Follmann na decisão de pênaltis, a equipe eliminou o CFZ. No jogo, 1 a 1, com a Papada buscando o empate quando tinha 10 homens em campo. Pode estar aí a base para uma retomada dos bons ares no Alfredo Jaconi.

Foto: o desespero de Jobson: ficar dois anos sem jogar é só o menor de seus problemas (Márcio Mercante/Ag. O Dia).