Seleção da década do Grêmio
Iniciando mais uma minissérie, o Carta na Manga elege a seleção desta década de Grêmio e Internacional na opinião de seus redatores. Hoje começamos com a gremista, que é composta de jogadores das mais diferentes épocas - exceto, claro, aqueles anos malditos que o torcedor tricolor sequer gosta de mencionar.
Victor (2008/09): tecnicamente o melhor goleiro em gramados gaúchos desde Taffarel. Um dos dramas gremistas após a saída de Danrlei do clube, em 2003, era achar um substituto. Eduardo Martini, Tavarelli, Márcio, Eduardo e Marcelo Grohe não corresponderam. Galatto foi o herói do jogo mais dramático da história do clube, e Saja chegou a ser ídolo da torcida no vice da Libertadores. Mas Victor consegue reunir tudo isso: é salvador como foi Galatto em 2005, ídolo até mais que Saja em 2007 e tecnicamente perfeito. Mesmo sem títulos ainda pelo clube, é um expoente técnico. Não à toa, é escolhido há dois anos o melhor goleiro do País e chegou à seleção brasileira.
Anderson Lima (2000/01/02/03): chegou com o milionário time da ISL, em 2000, com cartaz, mas sem tanta badalação como outros. Entretanto, dos contratados naquele ano, foi um dos que mais se firmou no time titular. Excelente batedor de faltas, foi peça-chave no 3-5-2 montado por Tite em 2001 e 2002. Tinha personalidade forte, chegando a ser capitão do time algumas vezes. Saiu e nunca mais teve um substituto do mesmo quilate.
Marinho (2000/01): tecnicamente não é melhor que Anderson Polga ou William, mas todo time do Grêmio que se preze precisa ter um xerifão atrás. Além disso, Marinho foi esplêndido em Gre-Nais (não perdeu um sequer), fez dois Campeonatos Brasileiros ótimos e, mesmo que tenha experimentado certa irregularidade, fez um partidaço no jogo que deu ao Grêmio a maior glória de sua magra década inicial no século XXI: os 3 a 1 sobre o Corinthians e o título da Copa do Brasil de 2001, quando inclusive marcou um gol e salvou outro em cima da linha.
Réver (2008/09): Réver foi outra contratação pouco badalada, mas muito acertada. De cara virou titular, comandou a zaga no vice-campeonato brasileiro de 2008 e, embora um 2009 pobre em resultados, quase sempre primou por atuações de alto nível. Bom no cabeceio, no desarme e na saída de jogo, é um jogador moderno, de grande qualidade técnica, completo. É, ao lado de Miranda, o melhor zagueiro em atividade no País.
Gilberto (2002/03): os gremistas lamentavam a saída de Rubens Cardoso no fim de 2001. Mal sabiam que Gilberto qualificaria ainda mais a ala esquerda. Verdade que entra aqui de lateral neste time de 4-4-2, mas nunca jogou nesta função. Atuou como um ala legítimo no 3-5-2 de 2002 e como meia no 4-4-2 de 2003. Foi no Grêmio, aliás, que Gilberto passou a ser meio-campista de fato. Mesmo sem conquistar títulos, até hoje a torcida não o esquece por seus gols, assistências perfeitos, dribles envolventes e tabelas precisas.
Anderson Polga (1999/00/01/02/03): foi o jogador prata-da-casa mais bem sucedido do grande Grêmio do início da década. Chegou à seleção e foi pentacampeão mundial em 2002. Contestado como volante, achou seu lugar na zaga com Tite e se destacou. Depois, com mais confiança, teve grandes atuações inclusive em sua função de origem, como nos inesquecíveis 4 a 2 sobre o River Plate, em Buenos Aires, pela Mercosul de 2001 (quando marcou um golaço de fora da área). Como foi mais importante que qualquer primeiro volante que o time tenha tido, entra neste time com a camisa 5 - e, convenhamos, nem é uma improvisação tão grande, certo?
Lucas (2005/06/07): entrou no time aos poucos na Série B e logo tomou conta da segunda função do meio, sendo escolhido pela Placar o melhor jogador do Brasileirão de 2006, aos 19 anos, um recorde nos 40 anos do prêmio. Lucas destacou-se pela vitalidade impressionante, desarme preciso, distribuição de jogo com qualidade, forte chegada ao campo de ataque e bom chute de fora da área.
Tcheco (2006/07/08/09): Rodrigo Fabri foi artilheiro do Brasileiro de 2002, Roger e Diego Souza são ambos mais jogadores que ele. Mas Tcheco foi um dos líderes da fase de recuperação do Grêmio, ídolo da torcida, artilheiro do Grêmio nesta década (43 gols), além de ser um jogador com qualidades inegáveis na distribuição de jogo e em bolas paradas. Mesmo sem ter ganhado títulos de expressão e tido desempenho irregular ao longo dos quatro anos que jogou no Olímpico, foi um dos condutores do tricolor às boas campanhas recentes.
Zinho (2000/01/02): há quem diga que Zinho viveu a melhor fase de sua carreira no Grêmio, entre os 32 e os 34 anos de idade. Não é um exagero: sua técnica refinada, liderança e espírito vencedor acabaram por influenciar um time de grandes jogadores, mas que, mesmo assim, gravitava em torno dele. Foi um coadjuvante no time de Ronaldinho em 2000, mas tornou-se o cérebro do time campeão da Copa do Brasil de 2001 e que beliscou a Libertadores de 2002. Como se não bastasse tudo isso, foi o segundo artilheiro da década (42 gols) e ainda marcou nada menos que cinco gols em um mesmo jogo, contra o Mamoré, pela Sul-Minas de 2002. Tem seus pés na calçada da fama do clube. Deixou saudades.
Anderson (2004/05): Ronaldinho pode ter feito chover em 2000, mas Anderson merece muito mais esta vaga que ele. Não apenas por não ter agido de forma duvidosa com o clube, mas por ter sido o autor do gol da sobrevivência do Grêmio como clube de futebol. Fora isso, tinha uma técnica espantosa na conclusão e no drible. Isso aos 17 anos. Ainda torço para que um dia Alex Ferguson se dê conta do desperdício que é colocá-lo a jogar de segundo volante. Seguramente, Park e Nani não são melhores que ele.
Marcelinho Paraíba (2001): jogou quatro meses no Grêmio. Foi a passagem curta de um jogador mais marcante pelo Olímpico desde Dener e seus três meses de Azenha, em 1993. Marcelinho foi o diferencial de qualidade no ataque do melhor time montado pelo Grêmio desde a Era Felipão. Marcou 16 gols neste breve período, alguns deles decisivos, como três nas duas finais do Gauchão de 2001, o do título da Copa do Brasil no Morumbi e os inesquecíveis três gols contra o São Paulo, pela mesma competição e no mesmo estádio. A passagem de Marcelinho pelo Olímpico foi tão intensa que o carinho dele pelos gremistas é imenso e recíproco. Inúmeras foram as vezes em que o tricolor tentou repatriá-lo nestes últimos oito anos - todas sem sucesso.
Mano Menezes (2005/06/07): Tite pode ter montado o melhor Grêmio da década com grandes méritos, mas Mano é o símbolo da volta do tricolor forte e grande. Pegou um time ridículo para iniciar o trabalho e foi moldando a estrutura tática a partir dos reforços que vinham paulatinamente durante a Série B - ou seja, trocou os pneus com o carro andando. Não só subiu como fez grandes campanhas nos anos seguintes, sempre com times onde havia seu inegável dedo na organização e no modo de jogar. Transformou-se no melhor técnico brasileiro, algo que os corinthianos estão saboreando bem de pertinho nos últimos 24 meses.
Vários outros jogadores e até treinadores merecem menção: Danrlei, Saja, Galatto, Patrício, Pereira, William, Mauro Galvão, Lúcio, Roger (o lateral), Jeovânio, Eduardo Costa, Tinga, Sandro Goiano, Rafael Carioca, Willian Magrão, Gavilán, Diego Souza, Rodrigo Fabri, Fábio Baiano, Roger (o meia), Rodrigo Mendes, Souza, Hugo, Cláudio Pitbull, Christian, Maxi López, Luís Mário, Carlos Eduardo, Tite, Celso Roth. Todos fizeram bons trabalhos, dentro de suas possibilidades, apesar dos poucos títulos conquistados pelo tricolor neste período. Mas procurei escolher os nomes que tenham sido tecnicamente bons e importantes simbolicamente. Não foi tarefa fácil selecionar 11 entre tantos nomes que podem ser lembrados. E tenho a consciência plena de que cada um que se debruçar neste mesmo exercício que fiz chegará a nomes diferentes em várias posições. É praticamente impossível unanimidade nestes casos.
Comentários
Enfim, seleções sempre dão o que falar...
Na minha modesta opinião, Wiliam não perde em liderança para ele, além de passar mais confiança aos companheiros (todos que jogaram ao lado dele foram bem: Teco, Evaldo, Pereira, Léo, Schiavi, isso é um bom sinal), além de não cometer tantos pênaltis.
Se essa seleção fosse feita ano que vem, certamente teríamos a dupla Réver e Mario Fernandes, pois o guri tem tudo para arrebentar em 2010. Gosto muito do futebol e da personalidade (em campo) dele. Espero que não suma após as férias, rsrsrsrs.
No mais, toda seleção é mesmo algo pessoal. O William realmente foi um grande zagueiro que o Grêmio teve nesta década, e tudo o que tu falou é verdade - a respeito de que vários outros jogaram bem mesmo ao lado dele). Mas alguns pontos me fizeram pensar mais no Marinho que nele: a bela história de recuperação do Marinho (que terminou 2000 em baixa e foi um grande nome das conquistas de 2001, fazendo até gol na final), o fato de ir muito bem em Gre-Nais (não perdeu um sequer), aquela janelinha fantástica no Fabiano Cachaça, etc.
Mas essa questão da zaga é mesmo complexa: como eu disse pro Samir, queria um mais técnico e outro mais "sério". Considero Réver melhor que Polga, mas Polga tinha que entrar, pela história no clube e pelo Penta; então, dos "espanadores", Marinho me pareceu de longe o melhor (superior a Léo, Schiavi, Pereira, Domingos, Evaldo).
hehe
Vejamos: Danrlei, Arce, Mauro Galvão Adilson e Roger, Dinho, Goiano etc...
Não tem como deixar os campeões de fora.
- Clêmer (02/03/04/05/06/07/08/09)
- Ceará (05/06/07)
- Índio (05/06/07/08/09)
- Bolivar (03/04/05/06/08/09)
- Jorge Wagner (05/06)
- Edinho (03/04/05/06/07/08)
- Guiñazú (07/08/09)
- Tinga (05/06)
- Alex (04/05/06/07/08/09)
- Fernandão (04/05/06/07/08)
- Sóbis (04/05/06)
O detalhe é que enquanto o inter teve um juiz amigo contra o Nacional, o Grêmio teve um baita fdp contra o Olímpia.
Tcheco e Zinho jogaram muito, mas MUITO mais que o Ronaldinho. O time jogava pro Ronaldinho, enquanto Tcheco e Zinho jogavam para o time. Além disso a única conquista do Ronaldinho foi um gauchão, coisa que até o Pedro Jr conseguiu.
hdshsddsh
Bem, o primeiro que concorda a respeito do Marinho, então. O Rafael Carioca poderia ter entrado bem como o Eduardo Costa, mas penso que Polga e Lucas foram mais importantes.
Só que o Grêmio de 2001-2002 não era um "time médio" de jeito nenhum. Se tivesse jogado a Libertadores de 2001, teria feito frente a qualquer time. Em 2002 era o melhor time, mas jogou mal em Assunção e teve um erro de arbitragem no Olímpico.
só 2006 poderia salvá-lo, mas não rolou. Também por isso ele chorou como criança no final e se recusa até hoje a dar entrevistas sobre aquele jogo.
minha seleção gremista da década:
Tavarelli; Michell, Alessandro Lopes, Schiavi, Raone; Luciano Santos, Leanderson, Luciano Ratinho e Yan; Rico-melhor-que-Nilmar e Roberto Santos.
Viu, seleção quase só de um ano. hshs
Ademais, eu nunca direi que Tcheco e melhor que Ronaldinho. Em primeiro lugar, Ronaldinho foi mais ATACANTE que meia em 2000 - jogou na meia-cancha em 1999 (que não entra aqui nesta eleição), mas foi deslocado para a frente no ano seguinte dado o fracasso de Paulo Nunes ali. Portanto, disputaria posição com Anderson e Paraíba, a meu ver dois grandes jogadores e que contribuíram mais ao Grêmio que ele.
Ronaldinho é duas vezes o melhor do mundo, o melhor jogador que o futebol gaúcho já produziu em sua história. Nunca vou dizer o absurdo que Tcheco, a meu ver muito bom jogador E DEU, seja melhor que ele. Porém, não disputam posição. Só isso.
dhshsd
Claro, é natural que o time jogue para o ronaldinho. Com a bola que jogou e com os parceiros que tinha, não dava pra fazer outra coisa.
Sobre a questão de posicionamento: o Polga se destacou na zaga, não na volância, então esse, creio eu, não deve ser o critério para a escolha dele. Dá pra dar uma recuada bem discretamente ali...
Sobre personalidade, postura, sei lá, nem todo jogador tem que ser um gladiador, um líder... alguns podem só jogar bola.
Sei que essa discussão sobre ronaldo estar numa seleção do Grêmio será sempre interminável, mas por critério futebolísticos, ele não estar numa seleção EU acho inadmissível. Mas a seleção não é minha e os jogadores q ali estão tb estão por justiça e pelo que fizeram pelo Grêmio.
Sobre a postura, não quis cobrar do Ronaldinho ser um líder, um gladiador. Digo mais postura fora de campo mesmo. Mas é óbvio que tenho ciência de que foi provavelmente o melhor jogador que já vi com a camisa do Grêmio, em termos técnicos, ao menos.
O que eu discordarei sempre é colocá-lo na seleção de todos os tempos do clube. Aí tem muita gente mais importante que ele na história do Grêmio, mesmo que ele seja um craque em nível mundial.