Quebra da previdência

Tcheco, Iarley, Roberto Carlos. Todos jogadores de alto nível, não resta dúvida. Mas outra coisa eles têm em comum: já passaram há tempo dos 30 anos. E se somarão a Alessandro, William e Ronaldo, para citar apenas os possíveis titulares, que estão nesta situação. Não vejo com bons olhos a montagem do Corinthians para a Libertadores buscando apenas jogadores experientes. Não que eu tenha algo contra atletas de idade mais avançada, pelo contrário, ainda mais se têm qualidade, como é o caso. Mas a formação de grandes equipes normalmente é marcada pela mescla de experiência com juventude. E o time de Mano Menezes para 2010, pensado deste jeito, não terá esta conta equilibrada. A Libertadores é uma competição que exige muito fisicamente. Além da voltagem e do ritmo serem maiores que num Campeonato Brasileiro, há jogos em condições inóspitas, na altitude, por exemplo. Times bem sucedidos normalmente têm um ou dois jogadores mais velhos cuja lentidão é compensada pelo pulmão dos outros. No caso do Corinthians, pelo time que se projeta, pelo menos Roberto Carlos, Tcheco e Ronaldo já jogam num ritmo bem menos intenso que os demais. A situação de Iarley não difere muito. Alessandro ainda está em boas condições, e William, protegido num bom sistema defensivo, também não deve constituir problema. No caso corinthiano, a aposta de Mano Menezes parece ser claramente num meio-campo que compense o desgaste dos medalhões. Jucilei, Elias e Defederico são jovens, todos têm menos de 25 anos, e muita vitalidade. Mesmo assim, as laterais, funções que exigem muito preparo físico, estão a cargo de dois trintões. No caso de Roberto Carlos, já mais perto dos 40 que dos 30. Com tantos jogadores de renome, muitos jovens devem ser emprestados ou negociados. Bill, Boquita e Diego, por exemplo, dificilmente terão chances. O peso dos nomes que chegam também dificultam contratações de jogadores com a juventude que o time precisa para se equilibrar em termos etários. Mano Menezes terá trabalho, e não será pouco. Tudo o que ele precisa é encontrar um Carlos Eduardo nas categorias de base, ou trazer um Diego Souza. Dois nomes que deram ao seu Grêmio a vitalidade que precisava na bela campanha de 2007, compensando o cansaço de Schiavi, Sandro Goiano, Tuta e Patrício - nomes tecnicamente inferiores aos que o Timão tem buscado, é verdade. Mas, ainda assim, trintões. Todos os que chegam podem contribuir, mas o ideal é que não fossem maioria. Num time acelerado, usa-se a cadência de Tcheco, a segurada na posse de bola de Iarley, a experiência de Roberto Carlos. Pensar o time pelo contrário - temos os jogadores técnicos experientes e moldamos o resto para correr por eles todos - tende a não dar certo. Mandos e desmandos Não deixa de ser irônico. No dia em que a Federação Paranaense confirma o esdrúxulo regulamento do supermando (confere ao líder da primeira fase do estadual o mando de campo em todas as partidas da fase final), um de seus mais ilustres filiados, o Coritiba, é denunciado e pode perder o direito de jogar no Couto Pereira por até 30 partidas em 2010. Fruto do absurdo ocorrido domingo passado. Humanas e exatas A flauta sempre vale, mas é ignorância atentar contra os matemáticos. Quando um cálculo indica que uma equipe tem 95% de chances de ser rebaixada, não quer dizer que ela será - apenas sugere que a probabilidade de que isto aconteça seja alta. Trata-se de um artifício para tornar numérica a gravidade da situação de uma equipe. Bradar contra os matemáticos é o mesmo caso do marido traído que põe a culpa no sofá: transferência de responsabilidade por medo de enxergar a óbvia causa do problema. Cofre cheio O Internacional está realmente em boa saúde financeira, pelo jeito. Pagar R$ 4 milhões por Andrezinho não é qualquer um que consegue no Brasil. Não que não seja bom jogador, mas investir tamanha fortuna num bom coadjuvante, seu caso, é um exagero. Com este dinheiro e um pouco mais de criatvidade, é possível trazer algum jogador que de fato decida, que é o que faltou ao time depois da ida de Nilmar para a Espanha. Lástima Uma pena o doping de Jobson. Que se recupere logo, pois tem tudo para ser um ótimo jogador. Semifinais A nossa Copa de Enquetes definiu os semifinalistas. Brasil (86%) e Inglaterra (80%) passaram fácil por Holanda e França nas quartas. A Itália (64%) superou a Costa do Marfim com certa dificuldade, enquanto a Argentina (53%) suou sangue para derrotar a Alemanha. Avante às semifinais!