Vitória, a necessidade colorada

A volta de Fernandão ao Beira-Rio um ano e meio depois, que será representada em campo por um duelo magnífico - ele e Iarley contra Bolívar e Fabiano Eller, quatro multicampeões colorados - é o grande atrativo do jogo entre Internacional x Goiás. Além disso, mas em segundo plano, trata-se de uma briga direta por quem luta por Libertadores e título nacional. Isso, e o clima ameno e maravilhoso que vive Porto Alegre deverá ser suficiente para levar um grande número de torcedores ao Beira-Rio.

Mas o Internacional irá bem desfalcado, o que é prenúncio de imensas dificuldades diante de um adversário que pode até ser tecnicamente equivalente e coletivamente superior domingo. A entrada de Edu no ataque será apressada, o que é um problema e nunca o ideal, por causa da justa punição a Taison e da lesão inconveniente de Alecsandro. Jogará Bolaños também, homem que não vem rendendo fixado no ataque, sem aquela espontaneidade de partir de trás que tinha na LDU, um pouco mais recuado que jogava. Já Léo é um guri que parece ter potencial pelo que se diz, mas que Tite não deve confiar muito, dadas as substituições ocorridas na Vila Belmiro. Deve ser opção para um aperto.

O Inter precisa muito da vitória. O caráter de duelo só aumenta a necessidade. Aliando isso à péssima campanha de 11,1% nos últimos três jogos e ao fato de o jogo ser em casa, vira obrigação, e os desfalques sérios no ataque precisam ser superados. Aliás, a torcida precisa estar ao lado do time amanhã. Por sinal, a última vez que o Beira-Rio viu um domingo de futebol foi em 28 de junho, nos 3 a 0 sobre o Coritiba, show de Bolaños, na distante oitava rodada. Se os gremistas tiveram todo o direito de reclamar da tabela do Gauchão deste ano, os colorados podem fazer o mesmo com relação ao Brasileirão. Constantes jogos no meio de semana, a grande maioria às 21:50, só tiram público do estádio. Deveria haver um maior equilíbrio, que só ocorrerá a partir de setembro, quando as rodadas viram semanais. A maratona de julho/agosto em casa para o Inter foi toda no meio de semana, à noite.

Engenhão
Chance melhor de vencer fora não há, no momento. O Botafogo ainda não ganhou sob o comando de Estevam Soares, tem uma penosa campanha de 10 empates, apenas 22 pontos, zona de rebaixamento. A bola queima nos pés dos cariocas, não só do Fogão, de todos eles. A equipe da estrela solitária ensaiou uma recuperação após vencer o Avaí, mas desde os 3 a 2 sobre o Inter não consegue mais três pontos na mesma rodada. Já são cinco jogos na penúria.

A torcida vai embalada pela goleada sobre o Atlético-MG, mais uma que dá esperanças, e a contratação do excelente Fábio Rochemback, que é mais um reforço para 2010 que 2009. E a vinda de Fábio é ótima para o plantel atual, mesmo que ele só chegue a Porto Alegre na hora do jogo do Rio de Janeiro: desvia-se o foco da desgastante discussão sobre os fracassos gremistas fora do Olímpico, todos se concentram com tranquilidade no Botafogo e esquecem os fantasmas. Alguém tem dúvidas de que a "maldição" é uma rival muito mais perigosa para amanhã que o time carioca?

A curiosidade é saber como será recepcionado o volante Túlio, que teve bonita trajetória no Botafogo. Outra é saber se Lúcio entra no segundo tempo, pois parece já ter condições de jogar. Autuori prudentemente espera um jogo em casa para escalá-lo desde o início.

Em tempo:
- Fanástica a mobilização da torcida do Avaí para o jogo de hoje à tardinha.

- Nem os 27 mil torcedores presentes no Maracanã brecaram a campanha do Ceará, que fez 2 a 0 no Vasco e quebrou a invencibilidade dos cariocas no Rio de Janeiro. Anda com cara de quem vai subir o time nordestino.

- Ontem, conversando com um amigo colorado, fui perguntado por ele a respeito do jogo de domingo, no Beira-Rio. Em tom de brincadeira, eu disse "vai ser 1 a 0, gol do Fernandão". Jamais pensei em usar esta combinação de palavras na minha vida.