Mestre no teste de fidelidade

Paulo Autuori abdicou de todas as ideias esdrúxulas que tinha na cabeça e pensava por em prática. Repetiu a formação de outros jogos, com as alterações obrigatórias por suspensões, e, assim, repetiu também o desempenho habitual do Olímpico: o quarto 4 a 1 em casa, a sexta goleada aplicada em Porto Alegre no campeonato, e uma atuação que só não foi melhor este ano que a contra o Corinthians, mas chegou perto.

A doce história se repetiu. Eram 29 minutos de jogo e tudo estava definido. A partida começou complicada, com o Atlético-MG achando espaços que a defesa gremista deixava vagos. Mas cedinho, Réver já subiu mais que a zaga e fez 1 a 0, numa bola parada bem aproveitada por Tcheco. Dali em diante, o Grêmio se impôs de forma definitiva e dominou a equipe de Celso Roth. Aos 23, bela jogada de Souza que Perea aproveitou, de cabeça. Aos 29, golaço de Souza em batida de falta.

Interessante notar que os defensores foram isso mesmo, defensores: Thiego, Mário Fernandes, Réver e Bruno Collaço foram quase quatro zagueiros. O lateral-esquerdo ainda arriscou umas subidas isoladas, mas foram muito menos que Fábio Santos e Jadílson costumavam. No meio, por vezes, uma linha de quatro homens: Túlio, muito aberto pela direita, foi quase um ala no primeiro tempo, uma "bengala" de Thiego. Adílson jogou mais centralizado, enquanto Tcheco e Souza trocavam constantemente de lado, este último mais movediço, tabelando bastante com os dois avantes.

O segundo tempo foi um pouco diferente do que costumam ser jogos assim, onde o mandante goleia nos 45 iniciais: o tricolor manteve um ritmo forte, talvez porque o próximo jogo seja só semana que vem, deixando o jogo ainda interessante e aberto. Jonas fez o quarto em mais uma jogada ímpar de Souza, houve chances para o quinto, até que Evandro descontou em belo arremate e esfriou de vez a partida.

Uma grande atuação coletiva do Grêmio, destacada através de várias performances individuais: Mário Fernandes mais uma vez fez boa partida, mas não ganha a posição, que pode ser dada a Rafael Marques e não Léo, pela entrevista de Autuori. Réver e Souza foram os melhores, mas Victor fez mais um milagre, Perea incomodou muito a zaga, Túlio fez bem seu papel à frente da zaga no segundo tempo e pela ala no primeiro, e Tcheco voltou a jogar bem. O Atlético-MG, por sua vez, mostrou sérios problemas defensivos, o que não é um costume dos times de Roth. Mas as soluções ofensivas, todas, foram insuficientes. Mas é um time que faz campanha, e isso só valoriza a vitória do Grêmio.

Agora é o Botafogo no Engenhão. Uma boa chance de vencer, dadas as deficiências sérias do alvinegro carioca, especialmente quando joga em casa. Como sempre, fica a frase: se jogar lá o que jogou hoje aqui, o Grêmio vence a primeira fora. Senão, a campanha não deslancha nunca e fica neste perde-ganha eterno.

Em tempo:
- Banco já um pouco melhor hoje: entraram Makelele, Herrera e Douglas Costa, que se não sumidades, ao menos são opções mais consistentes.

- Lúcio apresentado, Leandro praticamente confirmado. Duas boas contratações, que dão profundidade ao plantel e nível ao time.

- Reação dividida a respeito de Roth: vaias fortes, mas também aplausos nas sociais.

- Wilson Souza Mendonça, como sempre, com preguiça para tudo. Péssimo árbitro, que deixa o quadro da CBF ao final do ano.

Campeonato Brasileiro 2009 - 21ª rodada
23/agosto/2009
GRÊMIO 4 x ATLÉTICO-MG 1
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Wilson Souza Mendonça (PE)
Público: 22.051
Renda: R$ 348.150,00
Gols: Réver 8, Perea 23 e Souza 29 do 1º; Jonas 12 e Evandro 33 do 2º
Cartão amarelo: Bruno Collaço e Jonílson
GRÊMIO: Victor (7), Thiego (5,5), Mário Fernandes (6,5), Réver (7) e Bruno Collaço (5); Túlio (6), Adílson (5,5), Tcheco (6,5) e Souza (8) (Douglas Costa, 36 do 2º - sem nota); Jonas (6) (Herrera, 28 do 2º - 4,5) e Perea (6,5) (Makelele, 35 do 2º - sem nota). Técnico: Paulo Autuori (7,5)
ATLÉTICO-MG: Bruno (5), Marcos Rocha (5,5) (Evandro, 33 do 1º - 6), Welton Felipe (4,5), Alex Bruno (4,5) e Thiago Feltri (5); Jonílson (4,5), Renan (4,5), Carlos Alberto (4) e Renan Oliveira (5,5) (Júnior, 27 do 2º - 5); Éder Luís (4) (Rentería, intervalo - 4) e Diego Tardelli (5). Técnico: Celso Roth (4)

Foto: o cafetero Perea comemora o segundo gol do tricolor (Gazeta Press).

Comentários

Unknown disse…
quando tava 3-0, aplausos pra roth tb nas arquibancadas...

e o engraçado foi o autuori quaser confirmar o leandro. antes da entrevista saiu algo "leandro volta par ao japão, parece que o verdy não quer liberar o jogador". na entrevista, o autuori larga "é, o leandro deve se apresentar na terça, como tá previsto"... msdfglishdfg
luís felipe disse…
a campanha esquizofrênica do Grêmio acaba agora, pois o Botafogo é freguesaço.

Aliás, rodada previsível a próxima, para a dupla grenal. Santos ganha do Inter na Vila e Botafogo perde do Grêmio. Qualquer resultado fora isso é zebra.
Gustavo disse…
Não sei daonde o Botafogo é freguesaço do Grêmio? Nem lembro quando foi a última vez que o Grêmio o venceu no Rio.

Importante dizer: diferentemente de certos (Diogo Olivier), a atuação do Tcheco ontem foi longe de ser excelente. Foi apenas média.

Acho que o verdadeiro símbolo da esquizofrenia tricolor é o Souza, que oscila de qualidade como UMA ONDA NO MAR (chama o síndico). O ERRO PADRÃO do Tcheco é menor, ele alterna jogos medianos com TERRÍVEIS.
Gustavo disse…
Bah, acabei de ter uma VISÃO. Pior aproveitamento fora de casa contra um dos piores aproveitamentos em casa = EMPATE.
Vicente Fonseca disse…
Última vitória do Grêmio no Rio contra o Botafogo foi 3 a 1, em 2001, partidaça do Zinho.
Uma partida que tem arbitragem de Wilson de Souza Mendonça me deixa em pânico, mas a atuação avassaladora do Grêmio salvou o pernambucano, que será aposentado neste ano (antes logo do que tarde...).

Cada vez que o Grêmio faz 4 em casa eu me irrito mais com as atuações e resultados fora de casa. Se não ganhar do Botafogo não ganhará de ninguém.
natusch disse…
Creio que vencer o Botafogo é nada menos do que IMPERATIVO nesse momento. Não existe jogo mais perfeito para finalmente obtermos uma vitória fora de casa - se vencemos, podemos tomar um embalo no campeonato e começar realmente a aspirar o G-4, ainda mais visto que o próximo adversário fora de casa (Náutico) é perfeitamente vencível também. Se não ganharmos no fim de semana, ao contrário, sinceramente acho que nem precisaremos mais nos preocupar com isso, pois a luta pelo G-4 fica um sonho distante e ganhando em casa e perdendo fora ficamos fácil no meio da tabela, o que para Sula é mais do que suficiente. Ou seja, agora é hora, ou vai ou racha de vez!

Ontem o Grêmio não surpreendeu. Venceu com plena autoridade um adversário esforçado mas inferior, que já no primeiro turno tinha achado uma vitória em MG graças à visão distorcida de um juiz zarolho, para não dizer outra coisa. Só lamentei o golzinho do Galo, pois me tirou um placar exato que faria muita diferença para o lanterna no Bolão...
André Kruse disse…
Última vitória do Grêmio no Rio contra o Botafogo foi 3 a 1, em 2001, partidaça do Zinho

Partidaço do Emerson
Lourenço disse…
Foi a última grande partida do Emerson pelo Grêmio.*


























*Claro que alguém vai lembrar o jogo contra o Talleres, alguns meses depois.
Unknown disse…
nesse dia, eu fui numa janta no antigo COPÃO, no beira-rio, com uma camisa do gremio. classificamos e eu saí fazendo aviãozinho...
Vicente Fonseca disse…
Dias depois, Lourenço. Foi tudo ali por novembro. Era uma época tão boa, tudo dava tão certo, que o Émerson encarreirava uma sequência boa de atuações em alto nível.