Dividir para governar?
Em meio à notícia de que Ricardo Teixeira pensa em adequar o calendário brasileiro ao europeu, para evitar que os times se descaracterizem em meio ao Brasileirão, o São Paulo consegue sete vitórias consecutivas e começa a despontar como favorito mais uma vez ao título nacional. Não que Internacional, Palmeiras, Goiás e Corinthians devam jogar a toalha, longe disso. Estes dois fatos aparentemente sem qualquer correlação, verdade, põem em xeque a fórmula atual do Brasileirão.
Sempre fui um defensor dos pontos corridos, pelo fato de ele priorizar o Campeonato Brasileiro em detrimento dos estaduais, muito mais que o argumento da "justiça" do campeão. Campeão justo é aquele que vence de acordo com o regulamento estabelecido, dentro do campo, sem favorecimentos, seja o torneio de longa duração ou em mata-mata. Mas a grande evolução que vejo nos últimos anos no futebol nacional é o aumento de número de jogos no Brasileirão. Antes, os estaduais tinham fatia no calendário igual à do maior campeonato do País, quando devem ser apenas preparativos a ele.
O argumento de que os clubes paulistas dominam o Brasileiro de pontos corridos é forte e deve ser levado em conta, sim. O que é falacioso é argumentar que, com isso, a torcida e os demais times perdem interesse na competição. O Brasileirão por pontos corridos é um sucesso, aumentou as médias de público, foi um passo adiante na organização do calendário nacional. O que não significa que não tenha problemas. Todas as fórmulas têm; umas mais, outras menos. Nos últimos cinco anos, entendi que esta é a que tem menos contrapontos negativos. Agora, porém, começo a rever um pouco minha posição.
O que me faz pensar que talvez devamos experimentar outro modo de disputa para o Brasileirão passa muito pouco pela hegemonia paulista. É, fundamentalmente, uma discordância quanto à possibilidade de alterar o calendário nacional. Jogadores saem em agosto, mas saem também em janeiro. Os times que começariam a disputar o título brasileiro mudariam quase tanto quanto mudam agora. Nem vou falar na questão de jogar no escaldante verão tupiniquim, que seria outro absurdo.
Talvez seja a hora de pensarmos na hipótese de fazer como no Campeonato Argentino. Dois torneios, dois campeões nacionais por ano. Teríamos dois campeonatos onde os times entrariam e terminariam sem grandes alterações de elenco, onde o título seria ainda mais disputado, não se perderia a emoção das disputas por vagas continentais. Perderia um pouco da graça ter dois campeões brasileiros no mesmo ano? Talvez, sempre fui resistente a isso, mas os hermanos nos mostram que não. Pode ser uma questão de cultura, como foi a adaptação aos pontos corridos para um povo que se acostumou às emoções imediatas do mata-mata.
É difícil tomar posição definitiva. Só testando para saber se daria certo. Mas vale a pena tentar. Pelo menos é minha posição por enquanto, até que algum de vocês me traga argumentos consistentes, que me convençam do contrário.
Como seria se os Brasileiros de pontos corridos fossem divididos em dois*
Apertura 2003: Cruzeiro campeão, Santos vice
Clausura 2003: Cruzeiro campeão, Goiás vice
Apertura 2004: Santos campeão, Ponte Preta vice
Clausura 2004: Santos campeão, Atlético-PR vice
Apertura 2005: Corinthians campeão, Fluminense vice
Clausura 2005: Internacional campeão, Corinthians vice
Apertura 2006: São Paulo campeão, Internacional vice
Clausura 2006: São Paulo campeão, Grêmio vice
Apertura 2007: São Paulo campeão, Botafogo vice
Clausura 2007: São Paulo campeão, Santos vice
Apertura 2008: Grêmio campeão, Cruzeiro vice
Clausura 2008: São Paulo campeão, Flamengo vice
* Quadro meramente ilustrativo, pois é claro que os interesses mudariam a partir dos títulos hipotéticos de campeão de turno. Convém notar que, dos 12 títulos disputados, 8 ficariam com paulistas. Mudaria pouco neste aspecto, mas ao menos a questão do "pré-janela" e "pós-janela" seria um acréscimo positivo.
Sempre fui um defensor dos pontos corridos, pelo fato de ele priorizar o Campeonato Brasileiro em detrimento dos estaduais, muito mais que o argumento da "justiça" do campeão. Campeão justo é aquele que vence de acordo com o regulamento estabelecido, dentro do campo, sem favorecimentos, seja o torneio de longa duração ou em mata-mata. Mas a grande evolução que vejo nos últimos anos no futebol nacional é o aumento de número de jogos no Brasileirão. Antes, os estaduais tinham fatia no calendário igual à do maior campeonato do País, quando devem ser apenas preparativos a ele.
O argumento de que os clubes paulistas dominam o Brasileiro de pontos corridos é forte e deve ser levado em conta, sim. O que é falacioso é argumentar que, com isso, a torcida e os demais times perdem interesse na competição. O Brasileirão por pontos corridos é um sucesso, aumentou as médias de público, foi um passo adiante na organização do calendário nacional. O que não significa que não tenha problemas. Todas as fórmulas têm; umas mais, outras menos. Nos últimos cinco anos, entendi que esta é a que tem menos contrapontos negativos. Agora, porém, começo a rever um pouco minha posição.
O que me faz pensar que talvez devamos experimentar outro modo de disputa para o Brasileirão passa muito pouco pela hegemonia paulista. É, fundamentalmente, uma discordância quanto à possibilidade de alterar o calendário nacional. Jogadores saem em agosto, mas saem também em janeiro. Os times que começariam a disputar o título brasileiro mudariam quase tanto quanto mudam agora. Nem vou falar na questão de jogar no escaldante verão tupiniquim, que seria outro absurdo.
Talvez seja a hora de pensarmos na hipótese de fazer como no Campeonato Argentino. Dois torneios, dois campeões nacionais por ano. Teríamos dois campeonatos onde os times entrariam e terminariam sem grandes alterações de elenco, onde o título seria ainda mais disputado, não se perderia a emoção das disputas por vagas continentais. Perderia um pouco da graça ter dois campeões brasileiros no mesmo ano? Talvez, sempre fui resistente a isso, mas os hermanos nos mostram que não. Pode ser uma questão de cultura, como foi a adaptação aos pontos corridos para um povo que se acostumou às emoções imediatas do mata-mata.
É difícil tomar posição definitiva. Só testando para saber se daria certo. Mas vale a pena tentar. Pelo menos é minha posição por enquanto, até que algum de vocês me traga argumentos consistentes, que me convençam do contrário.
Como seria se os Brasileiros de pontos corridos fossem divididos em dois*
Apertura 2003: Cruzeiro campeão, Santos vice
Clausura 2003: Cruzeiro campeão, Goiás vice
Apertura 2004: Santos campeão, Ponte Preta vice
Clausura 2004: Santos campeão, Atlético-PR vice
Apertura 2005: Corinthians campeão, Fluminense vice
Clausura 2005: Internacional campeão, Corinthians vice
Apertura 2006: São Paulo campeão, Internacional vice
Clausura 2006: São Paulo campeão, Grêmio vice
Apertura 2007: São Paulo campeão, Botafogo vice
Clausura 2007: São Paulo campeão, Santos vice
Apertura 2008: Grêmio campeão, Cruzeiro vice
Clausura 2008: São Paulo campeão, Flamengo vice
* Quadro meramente ilustrativo, pois é claro que os interesses mudariam a partir dos títulos hipotéticos de campeão de turno. Convém notar que, dos 12 títulos disputados, 8 ficariam com paulistas. Mudaria pouco neste aspecto, mas ao menos a questão do "pré-janela" e "pós-janela" seria um acréscimo positivo.
Comentários
A única coisa que deveria continuar é a TABELA ANUAL para definir os rebaixados e os outros dois classificados para a Libertadores (além dos campeões de cada torneio). Simples, simples demais até.
Dá para fazer um turno de abril a julho; returno de agosto a dezembro; estaduais entre o fim de janeiro e o início de abril.
Inter enfrentou um Corinthians reserva em SP. Grêmio jogou contra André Santos, Christian, Douglas. Os times mudam demais.
Sem contar aquelas situações de jogar com um time já rebaixado e etc..
O que fica realmente complicado é a questão dos "dois times": um Flamengo no primeiro semestre, outro, bem mais fraco, no segundo, por exemplo. Não seria mais justo fazer dois campeonatos, mas tendo sempre o mesmo Corinthians, o mesmo Cruzeiro, o mesmo Goiás?
A questão da janela não me incomoda muito, eu acho que se confundiu ela com a queda do nível do futebol no começo da década. Hoje em dia, ela também tem ajudado muitos times. O Grêmio, que não é dos times ricos, melhorou o time em 2006, 2008 e 2009. O brabo é os jogadores bons saindo, seja em que época for. Tanto é que os europeus não reclamam da janela no meio da temporada deles, porque os seus times se reforçam.
Acho que o número de jogos para o Brasileiro bom atualmente, 38. Os times têm jogado entre 60 e 70 jogos num ano, não é muito mais que os grandes europeus. Se tiver de diminuir, concordo, tem de ser nos estaduais. Atualmente, o campeão paulista joga 23 vezes, o que é muito. Tem que ser uns 15 ou 16 jogos, no máximo 20.
Concordo também a respeito de Libertadores e Copa do Brasil.
Bem lembrado sobre a Copa do Brasil. Tá caindo de maduro, e me parece que é unanimidade o desejo de os que voltem a participar os times envolvidos na libertadores.
Acho que botar a final ia meio que contra meu propósito de fazer os times começarem e terminarem mais ou menos com a mesma força. Mas enfim, poderia ser uma possibilidade.
É óbvio que isso tudo que proponho não é para resolver os problemas do futebol brasileiro. É uma forma apenas de amenizá-los momentaneamente. Para resolver, teria que mexer em muitas coisas mais.
E, por favor, nem usa os termos "apertura" e "clausura" que tem gente que vai querer manter em espanhol.
Entretanto, disse embaixo do próprio quadro que mostra quem seriam os campeões, meu objetivo com esta ideia é muito menos o de evitar uma supremacia dos times de São Paulo, afinal, é campeonato, e não beneficência. O negócio é não alterar as forças dos times durante o certame.
Acho que o Charles Miller podia entrar nessa parada...
e
copa FAMÍLIA SARNEY
Como sempre, o grande problema será "encaixar" os estaduais, esta grande perda de tempo na vida dos clubes brasileiros. No dia que os clubes paulistas e cariocas se derem conta da besteira que são estes campeonatos, talvez algo aconteça.
Nós estamos tendo esta discussão aqui, mas me parece que o que será mudado não será discutido - está na cabeça do Ricardo Teixeira. Aposto que a mudança será quase irrelevante.
Não concordo com a ideia de DOIS campeões brasileiros por temporada. O campeão será aquele que vencer os dois torneios OU a final entre os dois campeões. Somente isso.
Não sou exatamente contrário à ideia de uma final entre os campeões dos torneios, mas é o que eu disse: vai meio que contra à ideia de que os times começam e terminam o campeonato com a mesma força. O campeão do primeiro semestre poderá chegar para a final em dezembro enfraquecido pela janela. Claro que aí entra também no campo hipotético, mas é um aspecto que precisa ser considerado.
Acho legal que o título brasileiro seja essa coisa quase INTANGÍVEL, husauhsasadhusauhshussad
hjdfhdsfds