Palavras ao vento

Uma nova tendência que tem atingido os clubes brasileiros poderá fazer do Grêmio campeão de audiência, líder de cotas de televisão e maior vitrine do futebol nacional para 2011. Depois de o Fluminense repatriar Fred, de o Corinthians trazer Ronaldo, de Adriano voltar para o Flamengo, surge o boato de que Ronaldinho estaria cogitando da possibilidade de regressar a seu clube formador em junho de 2011, quando expira seu contrato com o Milan.

Ontem fiquei sabendo que o presidente Duda Kroeff recebeu Roberto Assis Moreira, irmão e empresário de Ronaldinho, em sua sala. Seria parte das comemorações dos 20 anos do primeiro título da Copa do Brasil de 1989, time do qual Assis foi um dos protagonistas, ao lado de Cuca, Edinho e Paulo Egídio. Mesmo depois de tudo que ele fez com o Grêmio, o argumento da comemoração é muito válido, ainda que a ideia de recebê-lo com tais pompas e cordialidade não seja simpática à grande maioria da torcida tricolor. Mas é o estilo de Duda, ser conciliador. É um homem cordato e educado, sempre foi bem claro isso.

Aí surge aquela brincadeira com tom de verdade: por que não Ronaldinho voltar ao Grêmio, para encerrar sua carreira como jogador? Pergunta que causará polêmica imensa, e não à toa.

Ronaldinho saiu do Grêmio da forma mais litigiosa possível. Mesmo marcando gols nos primeiros dois jogos de 2001, quando acertou sua transferência ao Paris Saint-Germain por debaixo dos panos, era vaiado pela torcida. Ficou oito meses sem jogar naquele ano, por força de recursos pedidos por Homero Bellini Júnior, então dirigente jurídico gremista. A torcida não podia ouvir falar em seu nome. A péssima atuação na Copa de 2006 e a derrota para o Internacional na final do Mundial Interclubes do mesmo ano foram a gota d'água.

Fora o justificável ranço, há também a decadência técnica. Desde aquela noite de 17 de dezembro de 2006 em Yokohama, Ronaldinho não é nem sombra do melhor jogador do mundo de 2004 e 2005. Parece ex-atleta desde os 27 anos, idade em que deveria estar no auge. Conseguiu perder seu lugar cativo na seleção brasileira, com Dunga retirando-o do grupo sem que a mídia ansiosa por craques fizesse qualquer objeção.

Voltando para o Grêmio: aquele Ronaldinho, que nem precisa ser o do Barcelona, mas 70% daquele, cairia hoje como luva ao lado de Maxi López neste ataque que precisa de um companheiro para o Toro Rubio. Seria uma parceria que dificilmente não teria sucesso. Acho até que, se ele voltasse hoje para a Azenha, jogaria bem mais que no Milan. Como fez Adriano ano passado no São Paulo, como tem feito Ronaldo no Corinthians. O marketing em cima dele, se bem trabalhado, poderia recuperar parte do prejuízo da época. Ronaldinho e a Arena, se vierem quase ao mesmo tempo, dariam ao Grêmio um glamour de preço ainda incalculável. Colocaria o clube sob os holofotes da mídia brasileira e internacional. Mas àqueles que começam a se empolgar com esta ideia, advirto: calma. Nunca confiem no que diz Assis. Ele mente desde a época em que era jogador, porque falaria uma verdade bem intencionada agora?

O difícil será convencer a torcida a aturar alguém que a deixou na mão há menos de uma década e que, bem ou mal (e não quero insentar a incompetência dos dirigentes), foi parte de uma crise financeira e institucional que comprometeu boa parte da década do clube, levando-o quase ao abismo. A este gremista aqui, voltar de graça não será suficiente. Disse, à época, que só o aceitaria se não recebesse salários. Duda Kroeff e o Departamento de Marketing do Grêmio têm dois anos para me convencer que não estou exagerando.

E nada de Calçada da Fama, por hora, a alguém que só ganhou um Gauchão e uma Copa Sul pelo clube.

São Paulo
Giuliander Carpes acaba de me confirmar que Ricardo Gomes é mesmo o novo técnico do São Paulo. Escolha, a mim, surpreendente. É um técnico que fez alguns bons trabalhos, lembro daquele no Juventude. Mas não me parece alguém do nível de Muricy. Veremos o que fará com toda a estrutura que dispõe o tricolor paulista. É um nome de renovação, ao menos, disso não se pode queixar.

Muricy, aliás, que saiu aplaudidíssimo do clube hoje. É ídolo. O torcedor soube reconhecer quem ganhou três Brasileiros, merecidamente.

Comentários

Ainda acho que o Ricardo Gomes é uma aposta de médio risco. Obviamente que o São Paulo pode conquistar o título com esse elenco e a tradição. Mas também pode ficar de fora de uma Libertadores caso tudo dê errado.

Enfim, veremos como fica essa história.
DJ Aldebaran disse…
O dia que o mercenarinho trairucho, vulgo dentuço pilantra, voltar ao Olímpico, cancelo meu título de sócio na hora! Todos os integrantes da família Assis Moreira deveriam ser declarados 'persona non-grata' no Olímpico até o fim de sua descendência.
natusch disse…
Acho uma PÉSSIMA idéia, de modo geral. Basicamente, o Ronaldinho mostrou ser na época uma pessoa de caráter questionável ou, na melhor das hipóteses, uma pessoa facilmente manipulável pelo irmão gatuno. E de uns tempos para cá, tem sido tudo, menos um bom profissional. A idéia de ter de volta alguém que recebeu muita coisa do Grêmio e queria retribuir sem deixar um centavo que fosse de legado é, para mim, muito desagradável. Se jogar MUITA bola e render MUITOS títulos (além de, é claro, vir por PREÇO DE BANANA), eu posso até mudar de idéia...
Gustavo disse…
Se formos analisar futebolisticamente e principalmente, em termos publicitários, seria bom a presença do Ronaldinho no Grêmio. Apesar dele não ser nem sombra de quando saiu do Grêmio, provavelmente seria melhor do que muitos jogadores do elenco atual do tricolor.

Porém, concordo 200% com o Vicente: Assis é um grande mentiroso e não dá pra confiar em uma só palavra que ele diz. Portanto, o lance é relaxar.
Gustavo disse…
Uma ressalva: só aceitaria ele no Grêmio se fosse DE GRAÇA. shshshshshsh
Little Potato disse…
Nessa onda de volta pra casa dos filhos pródigos, quero frisar que não aceito a volta do Edinho ao Beira-Rio NEM QUE ELE PAGUE SALÁRIO AO INTER !