Como em 1970

Costumamos dizer que o Brasil, quando chega mal na Copa do Mundo, a vencerá. E quando chega bem, dando espetáculo, massacrando, tenderá ao fracasso. Pois a seleção de Dunga está reunindo, no momento, o que há de melhor nestas duas possibilidades. Não dá show, mas vem muito sólida e eficiente, crescendo de produção gradativamente.

Depois das desconfianças justificadas dos primeiros dois anos de Dunga ao leme dos canarinhos, o Brasil mostra notória evolução do começo do ano para cá. 2009 tem sido a temporada de consolidação das ideias de Dunga. Inegavelmente, Felipe Melo acertou o meio-campo. Pode não ser nenhum craque, mas sua melhor saída de jogo em relação a Josué o qualifica para a segunda função. Elano já vinha mostrando bom futebol, mas Ramires é um acréscimo do qual a equipe não pode prescindir. Hoje, de novo, foi muito bem.

Sobre a partida, uma goleada construída com certa facilidade e muita autoridade diante da atual campeã do mundo. O Brasil jogou de forma inteligente. Como os italianos precisavam da vitória para seguir adiante, tomaram a iniciativa. Mas os brasileiros postaram-se atrás no começo para depois impor seu jogo de toque de bola naturalmente. As saídas rápidas em contra-ataque eram outro trunfo. Depois de pressão, vieram os gols. Dois de Luís Fabiano, outro contra.

É bem verdade que a Itália jogou muito pouco, mas isso não tira os méritos do Brasil, que a transformou em time pequeno à base de um jogo objetivo, sem firulas. O segundo tempo foi de tentativas frustradas italianas e adminstração brasileira. Mostrou muito mais conjunto e entrosamento. Méritos de Dunga, que precisa, sim, ser reconhecido. Não louvado, pois falta muito tempo ainda para a Copa. Mas há chances reais do hexacampeonato, muito maiores que em 2006, quando anunciei o fracasso do time de Parreira nos corredores da Fabico antes mesmo daquela Copa começar. Desde que a coisa evolua como tem evoluído, claro. Sem precipitações.

Para as semifinais da Copa das Confederações, a fraca seleção sul-africana, de Joel Santana, é a adversária. É a dona da casa, mas se tudo ocorrer como deve, teremos o duelo com a Espanha, na final que todos mais aguardavam. Por hoje, os 39 anos do tri foram comemorados como no Estádio Azteca: goleada, sobre a Itália.

Copa das Confederações 2009 - Grupo B - 3ª rodada
21/junho/2009
ITÁLIA 0 x BRASIL 3
Local: Loftus Versfeld, Pretória (AFS)
Árbitro: Benito Archundia (MEX)
Público: 41.195
Gols: Luís Fabiano 36 e 42 e Dossena (contra) 44 do 1º
Cartão amarelo: Chiellini e Dossena
ITÁLIA: Buffon (5), Zambrotta (5), Cannavaro (5,5), Chiellini (5) e Dossena (4,5); De Rossi (4,5), Montolivo (5) (Pepe, intervalo - 5,5), Pirlo (4,5) e Camoranesi (5,5); Iaquinta (4) (Rossi, 37 do 1º - 5,5) e Toni (5) (Gilardino, 11 do 2º - 4,5). Técnico: Marcello Lippi (4)
BRASIL: Júlio César (6), Maicon (5,5), Lúcio (7), Juan (5,5) (Luisão, 23 do 1º - 6) e André Santos (5,5); Gilberto Silva (6) (Kléberson, 38 do 2º - sem nota), Felipe Melo (5,5), Ramires (6,5) (Josué, 40 do 2º - sem nota) e Kaká (6,5); Robinho (6,5) e Luís Fabiano (7,5). Técnico: Dunga (7,5)

Foto: Luís Fabiano firma-se como centroavante goleador da seleção (Agência/Reuters)

Comentários

Anônimo disse…
lúcio GASTOU a bola. muita categoria e precisão. é um fenômeno.
natusch disse…
Sinto cheiro de hexa.
Sem mais.