Não será desta vez...

...que o Boca igualará o Independiente, tornando-se o clube mais vezes campeão da Libertadores, com sete conquistas. Nem será 2009 o ano da revanche sado-masoquista que alguns gremistas alimentam contra os xeneizes. O Boca Juniors está fora da Copa.

A derrota para o Defensor, a qual não pude acompanhar, é a afirmação do time violeta numa competição a qual esteve alijado de seguir adiante até o último minuto da primeira fase. Pois o valeroso time uruguaio tanto insistiu que abriu quatro vezes vantagem sobre o Independiente Medellín, a cada vez que o adversário exigiu. E buscou duas vezes o empate diante do Boca em Montevidéu. E fez o gol fora, sem levar, que o garante nas quartas-de-final.

O Estudiantes foge de um confronto doméstico, mas terá trabalho contra um adversário duríssimo. Notem que uma semifinal charrúa não está descartada. Caso Nacional e Defensor passem por Palmeiras e Estudiantes, o que não será nada fácil, podemos ter um uruguaio na final, 21 anos depois. É complicado, mas aos orientais, que por tanto sofrimento estão acostumados a passar, sonhar pouco custa.

Quero saudar os colegas de Carta na Mesa Fred Posselt Martins e Luís Felipe dos Santos pela coragem de indicar, com razões fundamentadas, longe de meros palpites, que o Boca Juniors não iria longe nesta Libertadores. Ambos foram verdadeiros baluartes na defesa da ideia (a qual resisti a me filiar) de que o bicho papão argentino morreria cedo. Não é preciso dizer que isto faz do Carta na Mesa o único programa futebolístico que foi capaz de por em xeque o time da Bombonera.

Foto: Reuters

Comentários

Como é bom ver de novo um time uruguaio jogando com vontade, desarmando os xeneizes no carrinho, no balão, armando contra-ataques velozes e vencendo fora de casa por 1x0. Espero que continue assim na Copa, e se tenha uma semifinal de uruguaios e brasileiros.

Baita goleiro esse Martín Silva! Salvou pelo menos umas cinco bolas à queima-roupa.

E que lamentável esse time do Boca. Errando passes bobos, sucumbindo a marcações, perdendo chances de gol de dentro da área que não perderia em outros tempos e uma zaga longe de ser boa. Só a camisa mesmo poderia salvar essa equipe, o que nem sempre acontece no futebol. E não aconteceu hoje.

Agora, 4 brasileiros, 2 uruguaios, 1 venezuelano e 1 argentino. Vejamos como fica nas semi.
Vicente Fonseca disse…
O Silva já tinha se destacado naqueles jogos com o Grêmio em 2007, mas falhou naquele gol de falta do Tcheco. Lembro até hoje de uma defesaça dele à queima roupa em chute do William na pequena área, no jogo de Montevidéu.
Felipe disse…
O Boca desse ano é o pior que eu já vi! Apático, sem alma, melancólico. Toda a magia que envolve o Boca e a Bomboneira desapareceu hoje. E o que mais surpreende é que o time argentino é repleto de bons jogadores: Riquelme (a única coisa que fez foi se fardar), Palácio (errou tudo), Palermo (sequer conseguiu errar), entre outros. O que mostra que, quando um time não se entende fora de campo, também não se entende dentro dele.
Felipe disse…
Ah, La Brujita levantará essa Copa, 40 anos depois.
luís felipe disse…
1. obrigado.

2. olhem só a PATADA que um torcedor do River deu:

Es hora de tomar cartas en el asunto. No puede ser que un equipo que es favorecido por la diosa fortuna y le toca un grupo de mierda en la primera ronda, que luego le suspenden un partido para que vuelva a jugar su máxima estrella, que empata en 2 de visitante (con la regla del gol ídem), quede eliminado como local frente a un equipo que tiene no más de 2000 hinchas en total.

No se puede desprestigiar así a la Argentina. Ya estoy armando grupo de Facebook para que le prohíban participar en la próxima Libertadores, eso sí, al menos le queda el campeonato que era su obsesión.

Tampoco se puede permitir desilusionar así a las legiones de fanáticos japoneses y a la barra del buzo azulcito que para en la tercera bandeja.

Igual reconozco que Defensor es un equipo copero, sólo River pudo eliminarlo las 5 o 6 veces que se cruzaron.

Saludos, me voy que se me calienta el plato que estoy degustando (?).
3. JORGE DA SILVA. Desde já ganha meu voto para maior treinador dessa Libertadores. Há três anos no comando do Defensor, esquemas diferentes, jogadores diferentes, sem dinheiro, sem grandes instalações, o cara faz sempre trabalhos competentes. Escreveu seu nome na história ao ganhar o terceiro campeonato uruguaio do clube e agora escreve de novo, ao eliminar o Boca e chegar pela segunda vez nas quartas de final, onde seu time nunca conseguiu alcançar.

Esse é um baita treinador. O time violeta-branco tinha claríssimas limitações técnicas, mas os caras se achavam em campo com grande facilidade. Bem que algum time brasileiro qualquer podia investir nesse cara.

VAI, JUVENTUDE!
André Kruse disse…
Nem será 2009 o ano da revanche sado-masoquista que alguns gremistas alimentam contra os xeneizesPor 30 segundos eu lamentei a eliminação do Boca.

Surpreendente. Mas achava que o Boca não passaria pelo Estudiantes.
Vicente Fonseca disse…
Maravilhoso o texto do cara do River. Onde saiu isso, Luís?

O mais saboroso desta rivalidade é que mesmo com o time dele caindo aos pedaços, perdendo a vaga para o San Martín na primeira fase, consegue achar motivos para tocar flauta.

E eu nunca tinha pensado por este viés de que o adiamento do jogo foi para que o Riquelme jogasse. Interessante.

Felipe, no Boca está ocorrendo a tal fadiga dos metais. Sempre fui meio contra esse conceito, por achar que na maioria das vezes ele é indicado precipitadamente, mas Riquelme tem um gênio muito difícil. Ninguém aguenta ele mais.

André, eu vibrei com a eliminação do Boca. Depois de pegarmos River, Nacional e Olimpia em 2002 e São Paulo, Defensor, Santos e Boca em 2007, tava na hora de termos um pouco de sorte. Fica a revanche pra depois :)
Anônimo disse…
Essa mania argentina de achar que Buenos Aires é a Turim dos pampas só podia dar nisso, o Boca tá igual a Juventus: um monte de velhinhos cansados, muita camisa, e pouco time.
Mas eu achava que ao menos às quartas eles chegavam, e caíam para o outro argentino...

Fazer o quê ? Dá-lhe Verón !
luís felipe disse…
do la traço redó ponto net.

é um desabafo à campanha - que chegou a ter DEZ MIL ADEPTOS - da torcida do Boca para que o River nunca mais disputasse competições internacionais, dado os fiascos habituais nesses certames.
Faraon disse…
Não pude ver o jogo, mas pelos melhores momentos parece discutível esta história de que o Boca é um time ruim que não joga nada, etc. Parece ter criado inúmeras chances e não marcou, em grande medida, por conta deste goleiro Silva. Que sirva de lição contra o Caracas.

Confesso que uma energia negativa toma conta de mim. No próximo Carta no Éter Físico e Digital, estudo um palpite que remete às velhas apostas faraônicas.
Felipe disse…
David "Faraon" Coimbra, vendo os melhores momentos talvez não dê pra ver, mas vendo o jogo, simplesmente não era o Boca. Não tinha aquele toque de bola envolvente, aquela pressão empurrando o adversário contra a parede. Era como se o Botafogo tivesse vestido a camisa do Boca.
natusch disse…
Eu tinha tido uma conversa com o Fred por MSN logo depois do primeiro jogo contra o Defensor no qual falávamos justamente disso: de como os xeneizes não eram mais os mesmos, faltava criatividade, força e vontade de vencer um jogo em que esteve duas vezes na frente. Disse até que era uma boa se eles chegassem numa eventual final contra o Grêmio (sou torcedor, ora) porque seriam um adversário muito mais batível do que em 2007. Só não esperava que fossem cair já contra o Defensor, mas enfim. O Fred deve lembrar, se bobear até comentei algo por aqui.

Agora fica sinceramente complicado prever quem vai chegar nas cabeças da competição. Cruzeiro x São Paulo é imprevisível, e se o Grêmio passar pelo Caracas teremos uma semifinal tensa e sem favorito, daquelas de soltar faísca mesmo. Do outro lado, acho (vejam bem, ACHO) que o Nacional é o nome mais forte - mas o Estudiantes está com pique de quem pode chegar, e tanto Palmeiras quanto Defensor estão embalados por resultados difíceis e "milagrosos". E depois dizem que essa Libertadores é a mais fraca dos últimos tempos... =P

P.S.: Já tomaram seu Guaraná DOLLI hoje? =P
Vicente Fonseca disse…
Ontem mesmo falei com o Prof. Newton Bignotto, de Filosofia, da UFMG. Grande figura, extremamente atencioso, é uma das provas vivas de que futebol não é algo incompatível com atividade intelectual.

Cruzeirense fanático, comparece sempre ao Mineirão, e acompanha futebol pela TV frequentemente, e não apenas o seu Cruzeiro. Disse-me que está pessimista com o futuro do time. Wagner, segundo me contou, só volta no fim de junho da lesão que sofreu. Ramires, vendido ao Benfica ontem, é outro que diz ser insubstituível, no qual acho que todos aqui concordamos. Mesmo que saia apenas ao final da Libertadores, vê como uma perda irreparável e de deixar a torcida bem murcha.

Por tudo isso, me disse que vê o Cruzeiro como capaz de passar pelo São Paulo, já que Rogério Ceni anda fazendo falta. Mas não acha que passa pelo Grêmio numa eventual semifinal. Não é só aqui, pelo visto, que há desconfianças quanto ao rumo do representante do Estado na Libertadores.
Lourenço disse…
Mas também não dá para valorizar o time do Defensor como grande time. A primeira fase e o jogo contra o Boca em Montevidéo mostram um time no máximo médio, que deve ser eliminado logo adiante. Fico feliz que pegamos o San Martín (todos preferiam pegar o San Martín, na verdade), mas o Defensor não é muito melhor, se melhor for, que o Caracas.
Lourenço disse…
Não sei, o Felipe tá chineleando tanto o Boca. Nem parece aquele torcedor eufórico após o duelo contra o já não-é-mais-o-mesmo Boca Juniors (juniors em homenagem à base de calouros que formou o time naqueles embates).
Não adianta ter um time de bons medalhões se o mesmo não renova o elenco ou o gás dos tais medalhões. Riquelme tá rachando o grupo, a zaga tá ruim, Abbondanzieri nem desembarcou ainda na Argentina e os volantes estão seguindo o mesmo caminho dos zagueiros.

Houve muitas bolas ontem que "pingaram" dentro da área do Defensor e que, noutros tempos, jogadores xeneizes mandariam pra dentro das redes. Houve chances que o goleiro brilhou, mas também existiram oportunidades criadas que não foram concluídas, e muito menos aproveitadas, por pura displicência.

Concordo com o Lourenço, o Defensor é um time limitado, mas foi muito competente ontem. Jogou tipicamente como se deve jogar um time limitado contra um adversário mais qualificado: fechado, marcando a saída de bola, apostando em contra-ataques velozes e aproveitando as poucas chances que recebem.

Contra times que visivelmente apresentam defeitos comprometedores, isso quase sempre é eficiente. Foi assim na decisão do Gauchão de 2006, na decisão do Mundial de 2006, na semifinal do Paulistão de 2007... e foi assim ontem.

P.S.: Lembro dessa conversa, Natusch. Tu até chegou a brincar dizendo que o Defensor faria o crime. E Guaraná Dolly me fez sentir as seis safenas.