Cheiro de título
Se alguém ainda tem dúvidas de que o Internacional é o grande favorito ao título da Copa do Brasil, provavelmente elas se desfizeram às 23:45 desta quarta. Quando Andrezinho marcou o golaço de falta que pôs o colorado nas semifinais do torneio, foi construída a cena de um time que está prestes (sem trocadilhos com o autor do gol) a levantar um importante caneco.
O jogo foi de uma tensão e magnitude tal que, tivesse o Flamengo segurado o empate que lhe classificava, o primeiro parágrafo deste texto valeria para o rubro-negro carioca, e não seria oportunismo algum. Aquele que sobrevivesse a este grande duelo ganharia muita força nas duas fases que restam.
A partida foi extremamente equilibrada, com duelos táticos maravilhosos entre as equipes de Tite e Cuca. O Flamengo fez aquilo que sugeri ontem: não se fechou em demasia, marcou no campo adversário e enfrentou o rival de igual para igual. Por vezes, a marcação era tão firme na frente que deixava os avantes colorados no mano-a-mano com a zaga. Padeceu de um certo cobertor curto o time da Gávea, mas fez um primeiro tempo relativamente melhor que os donos da casa. D'Alessandro até teve espaço por momentos, mas não conseguiu abastecer a dupla de frente. O Flamengo controlava as tentativas coloradas, Willians fez partida primorosa anulando estas ações mais agudas. A diferença deu-se nas conclusões. Enquanto a bola carioca não entrava por pouco, o Inter foi fatal quando teve a chance. Foi no erro de Juan, o contra-ataque velocíssimo de Nilmar e Taison, 1 a 0.
Precisando da vitória no segundo tempo, o Flamengo não se abriu tanto quanto no primeiro tempo. O jogo, inclusive, parecia mais próximo de um segundo gol vermelho que do empate. Os cariocas ciscavam, rondavam a área, consagravam Lauro em cruzamentos, mas pouco chutavam. O Internacional jogava com assombrosa praticidade: Guiñazu, disparadamente o melhor em campo, roubava todas, a bola chegava num dos dois da frente e um contra-golpe era puxado. Porém, em jogos deste porte, há paradoxos inexplicáveis. Assim como o Inter abriu o placar quando o Flamengo jogava melhor, o rubro-negro devolveu na mesma moeda. Empatou em boa trama pela sua direita de ataque quando o time da casa controlava. Eram 29 minutos, pouco menos de 20 para o final. E aí passava o Flamengo.
O Internacional encheu seu time de atacantes, partiu para o abafa e, de tanto martelar, fez seu gol. Um golaço de Andrezinho, em cobrança de falta perfeita. Nos 20 minutos após empatar, o Flamengo não ousaria manter a marcação lá na frente, e nem se pode condenar Cuca por recuar o time numa situação deste tipo. Mas foi assim, dando chances de o Internacional chegar perto da área, que veio a derrota. Enquanto manteve o colorado longe dali, contendo D'Alessandro para dar a Danilo Silva a chance de ter a bola, o rubro-negro obteve sucesso.
Muito embora ainda haja resistências ao trabalho de Tite por parte da torcida colorada, o que se viu é um time extremamente bem treinado, compacto, que se recompõe muito rapidamente, algo fundamental no futebol veloz dos tempos atuais. Há pequenos ajustes, que dizem respeito às laterais. Ambos os homens de flanco apoiam pouco e quando o fazem são vacilantes, deixando D'Alessandro às vezes sozinho para pensar o jogo (quando Magrão joga, não foi o caso de hoje, isso é em parte amenizado). O Flamengo o marcou bem nos dois jogos, e ele pouco fez. Trata-se de um craque, mas não convém depender demais dele. Mas quando a equipe é bem treinada, sempre há alguém de trás que pode auxiliar, e assim tem sido mesmo. Hoje, foi Guiñazu quem ajudou a abastecer Taison e Nilmar, uma dupla dificílima de ser brecada sem faltas ou antecipações precisas.
A participação na Libertadores de 2010 está a quatro jogos do Inter. Não se pode menosprezar o Coritiba, tampouco Vasco ou Corinthians, que são os adversários que ainda podem apartar os colorados do sonho de voltar a disputar o título da América. Nem sempre o favorito vence, e hoje quase tivemos mais um exemplo. Mas este favorito existe, e o que está aos nossos olhos é bastante claro.
Copa do Brasil 2009 - Quartas de final - Jogo de volta
20/maio/2009
INTERNACIONAL 2 x FLAMENGO 1
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Paulo César de Oliveira (SP)
Público: 47.738
Renda: R$ 641.850,00
Gols: Taison 42 do 1º; Émerson 29 e Andrezinho 44 do 2º
Cartão amarelo: Guiñazu, Sandro, Rosinei, Aírton, Toró, Willians e Bruno
INTERNACIONAL: Lauro (6,5), Danilo Silva (5) (Alecsandro, 32 do 2º - 5), Índio (5,5), Álvaro (5,5) e Kleber (5); Sandro (6,5) (Andrezinho, 41 do 2º), Guiñazu (8), Rosinei (6) (Glaydson, 26 do 2º - 5,5) e D'Alessandro (5,5); Taison (7) e Nilmar (6,5). Técnico: Tite (6,5)
FLAMENGO: Bruno (6), Leonardo Moura (5,5), Aírton (5,5), Ronaldo Angelim (6) e Juan (4,5); Toró (5,5) (Éverton Silva, 19 do 2º), Willians (7), Kléberson (6) e Ibson (6); Zé Roberto (5,5) (Émerson, 16 do 2º - 6,5) (Welinton, 33 do 2º - 5) e Obina (5). Técnico: Cuca (6)
O jogo foi de uma tensão e magnitude tal que, tivesse o Flamengo segurado o empate que lhe classificava, o primeiro parágrafo deste texto valeria para o rubro-negro carioca, e não seria oportunismo algum. Aquele que sobrevivesse a este grande duelo ganharia muita força nas duas fases que restam.
A partida foi extremamente equilibrada, com duelos táticos maravilhosos entre as equipes de Tite e Cuca. O Flamengo fez aquilo que sugeri ontem: não se fechou em demasia, marcou no campo adversário e enfrentou o rival de igual para igual. Por vezes, a marcação era tão firme na frente que deixava os avantes colorados no mano-a-mano com a zaga. Padeceu de um certo cobertor curto o time da Gávea, mas fez um primeiro tempo relativamente melhor que os donos da casa. D'Alessandro até teve espaço por momentos, mas não conseguiu abastecer a dupla de frente. O Flamengo controlava as tentativas coloradas, Willians fez partida primorosa anulando estas ações mais agudas. A diferença deu-se nas conclusões. Enquanto a bola carioca não entrava por pouco, o Inter foi fatal quando teve a chance. Foi no erro de Juan, o contra-ataque velocíssimo de Nilmar e Taison, 1 a 0.
Precisando da vitória no segundo tempo, o Flamengo não se abriu tanto quanto no primeiro tempo. O jogo, inclusive, parecia mais próximo de um segundo gol vermelho que do empate. Os cariocas ciscavam, rondavam a área, consagravam Lauro em cruzamentos, mas pouco chutavam. O Internacional jogava com assombrosa praticidade: Guiñazu, disparadamente o melhor em campo, roubava todas, a bola chegava num dos dois da frente e um contra-golpe era puxado. Porém, em jogos deste porte, há paradoxos inexplicáveis. Assim como o Inter abriu o placar quando o Flamengo jogava melhor, o rubro-negro devolveu na mesma moeda. Empatou em boa trama pela sua direita de ataque quando o time da casa controlava. Eram 29 minutos, pouco menos de 20 para o final. E aí passava o Flamengo.
O Internacional encheu seu time de atacantes, partiu para o abafa e, de tanto martelar, fez seu gol. Um golaço de Andrezinho, em cobrança de falta perfeita. Nos 20 minutos após empatar, o Flamengo não ousaria manter a marcação lá na frente, e nem se pode condenar Cuca por recuar o time numa situação deste tipo. Mas foi assim, dando chances de o Internacional chegar perto da área, que veio a derrota. Enquanto manteve o colorado longe dali, contendo D'Alessandro para dar a Danilo Silva a chance de ter a bola, o rubro-negro obteve sucesso.
Muito embora ainda haja resistências ao trabalho de Tite por parte da torcida colorada, o que se viu é um time extremamente bem treinado, compacto, que se recompõe muito rapidamente, algo fundamental no futebol veloz dos tempos atuais. Há pequenos ajustes, que dizem respeito às laterais. Ambos os homens de flanco apoiam pouco e quando o fazem são vacilantes, deixando D'Alessandro às vezes sozinho para pensar o jogo (quando Magrão joga, não foi o caso de hoje, isso é em parte amenizado). O Flamengo o marcou bem nos dois jogos, e ele pouco fez. Trata-se de um craque, mas não convém depender demais dele. Mas quando a equipe é bem treinada, sempre há alguém de trás que pode auxiliar, e assim tem sido mesmo. Hoje, foi Guiñazu quem ajudou a abastecer Taison e Nilmar, uma dupla dificílima de ser brecada sem faltas ou antecipações precisas.
A participação na Libertadores de 2010 está a quatro jogos do Inter. Não se pode menosprezar o Coritiba, tampouco Vasco ou Corinthians, que são os adversários que ainda podem apartar os colorados do sonho de voltar a disputar o título da América. Nem sempre o favorito vence, e hoje quase tivemos mais um exemplo. Mas este favorito existe, e o que está aos nossos olhos é bastante claro.
Copa do Brasil 2009 - Quartas de final - Jogo de volta
20/maio/2009
INTERNACIONAL 2 x FLAMENGO 1
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Paulo César de Oliveira (SP)
Público: 47.738
Renda: R$ 641.850,00
Gols: Taison 42 do 1º; Émerson 29 e Andrezinho 44 do 2º
Cartão amarelo: Guiñazu, Sandro, Rosinei, Aírton, Toró, Willians e Bruno
INTERNACIONAL: Lauro (6,5), Danilo Silva (5) (Alecsandro, 32 do 2º - 5), Índio (5,5), Álvaro (5,5) e Kleber (5); Sandro (6,5) (Andrezinho, 41 do 2º), Guiñazu (8), Rosinei (6) (Glaydson, 26 do 2º - 5,5) e D'Alessandro (5,5); Taison (7) e Nilmar (6,5). Técnico: Tite (6,5)
FLAMENGO: Bruno (6), Leonardo Moura (5,5), Aírton (5,5), Ronaldo Angelim (6) e Juan (4,5); Toró (5,5) (Éverton Silva, 19 do 2º), Willians (7), Kléberson (6) e Ibson (6); Zé Roberto (5,5) (Émerson, 16 do 2º - 6,5) (Welinton, 33 do 2º - 5) e Obina (5). Técnico: Cuca (6)
Foto: Jefferson Bernardes/Vipcomm
Comentários
Que loucura. Andrezinho é Deus.
(Abraço, Prestes)
Fui dormir.
confio no coritiba e no azar eterno do inter na copa do brasil.
é interessante ver rj, sp, pr e rs na disputa. nenhuma ZEBRA, apesar de claramente o corinthians e o inter estarem como favoritos, qualquer um tem condições de ser campeão com méritos. afinal, copa é copa.
Mas a pisada em Nilmar (involuntária, segundo o isento Arnaldo César) e a cotovelada em D'Alessandro , punidas só com cartão amarelo, saíram barato.
E eu vi pênalti em Nilmar no lance que o Paulo César marcou falta do atacante sobre o zagueiro.
Nos últimos jogos, fiquei com a impressão de má vontade da arbitragem com o trio ofensivo colorado. Eu sei que os juízes não gostam de jogadores que simulam faltas, mas não dá pra tratar igual quem SOFRE muitas faltas. Mas vai ver que é fantasia da minha cabeça.
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Falando em fantasia, pelo jeito aquele gol do Gabiru até hoje traz pesadelos ao sono dos co-irmãos...
Quem já se atreveu a cantar em prosa e verso que Obina é melhor que Eto'o, merece um castigo como aquela cobrança de falta.
Os Deuses do Futebol não perdoam.
Dois gols "achados", por assim dizer. O Internacional teve mais RABO do que juízo. Tite claramente chamou o empate.
A cobrança foi ótima, mas não foi no ângulo. Não entendi porque o goleiro não saltou.
Sorte de campeão, acho difícil tirarem este caneco do colorado.
Tite: um retranqueiro com muita, muita sorte. É inacreditável o Inter colocar três volantes estritamente defensivos no segundo tempo, chamando o Flamengo para fazer o gol. O pior de tudo é que esse tipo de retranca é endossada pela diretoria. Ontem, o Fernando Carvalho deu entrevista dizendo que não gostou do Rosinei pq ele SAÍA DEMAIS. É foda.
uhsaduasdhsdahusdahuasuhashasdhuasd
Análise perfeita do jogo, Vicente. Quanto às projeções discordo: Inter e Corinthians tem igual favoritismo.
Ah, e dá no mínimo nota SETE pro ÁLVARO. Foi um monstro.
Sobre Tite, eu acho que o Andrezinho deveria ter começado o jogo, para que a criação não ficasse restrita ao D'Alessandro, que obviamente seria marcado.
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Outra coisa: só não gosta do Guiñazu quem tem ele como adversário. Como joga !
No primeiro tempo, achei que o Flamengo foi muito bem. O time tem aquele miolo muito matreiro, com os dois laterais (Juan jogava muito bem até entregar o gol, jogador muito técnico) mais os meias. A marcação era boa também. Notei a mesma coisa que tu, o Flamengo oferecia espaço para o Danilo, incentivando que o Inter construísse por ele, o que obviamente não dava em nada.
Pelo replay, também não achei uma falta indefensável, o Bruno parece que demorou para se mexer. Mas se não fosse ele, o Flamengo teria perdido a vaga lá no Maracanã.
Mas fazer aquela falta, totalmente desnecessária foi uma falha do Ibson. O jogo tava pro Flamengo, e o cara me faz uma falta frontal, tendo D'alessandro, Andrezinho e Kleber pra cobrar, é correr riscos exagerados...
No mais, falo isso há uns 2 meses, só o Corinthians poderá parar o Inter.
LF, tens razão, o D'Alessandro não chegou a ser horrível, como no RJ. Exagerei ali. Mas não conseguiu o fino da bola, pois não lhe permitiram.
O melhor momento do Internacional foi o início do segundo tempo, quando o Flamengo, mesmo precisando do empate, errava um RODÍZIO de passes (ns).
Não foi um jogo ruim do Inter, longe disso. Defensivamente esteve bem e Guiñazu esteve normal, ou seja, excelente.
Não acho que o Inter deva entrar sempre com Andrezinho e D'Alessandro juntos, pelas razões que o Lourenço bem apontou. Mas o jogo de ontem, enfatizei naquele texto pré-jogo, era pros dois, sim, pelos motivos que desenvolvi no texto.
Como eu falei com o Batatinha hoje de manhã, um time que faz uma falta desnecessária daquelas no filho do Glay aos 43 do segundo tempo, contra os batedores que o Inter tem, não pode ficar impune. Infelizmente, hehe.
Discordo de algumas marcações do PC Oliveira, mas não vi arbitragem tão tendenciosa assim.
Prestes, tu já é o segundo colorado que elogia demais o Álvaro. Não vi tudo isso, mas se tiver a chance de rever parte do jogo posso lhe fazer justiça. Quanto ao favoritismo, entendo que é dividido, mas o Inter me parece mais time.
Abraço a todos e grato pelos elogios.
ele não é um grande jogador - não é nem o segundo melhor zagueiro do Inter - mas cresce em decisão, o que importa bastante.
eu previ no Carta na Mesa o que iria acontecer. Era o tipo de jogo que o Inter faria um gol, tentaria amorcegar e levaria o revés. Daí a minha crítica ao Tite: é um treinador previsível. O Cuca sabia que ele retrancaria o time, por isso não teve medo de colocar mais atacantes.
Por que o Andrezinho pode substituir o Magrão contra o Estudiantes, contra o Boca, e não pode contra o Flamengo?
Acho que no caso de ontem o jogo era perfeito para o Andrezinho sair jogando porque o Flamengo tem dois laterais que apoiam muito, o que certamente exigiria ainda maior atenção dos laterais colorados na marcação. Com a postura agressiva de marcação que o Cuca implantou, não foram os raros os espaços que o D'Alessandro encontrou - especialmente no primeiro tempo. Andrezinho os aproveitaria certamente melhor do que fez Rosinei (que até fez partida bem razoável ontem).
Guiñazu, Magrão, Andrezinho e D'Alessandro não só é temerário como me parece burrice.