Liderança e preocupações
O Grêmio teve na noite desta quarta reparado o prejuízo que teve em sua estreia na Libertadores deste ano: naquela noite, há exatamente um mês, o tricolor patrolou a Universidad de Chile, mas não saiu do 0 a 0 no Olímpico. Hoje, teve uma atuação acidentada, de altos e baixos, cheia de problemas. Mesmo assim, conseguiu sair com uma vitória de Cochabamba, que o coloca não só na liderança, como muito bem encaminhado para se classificar às oitavas de final.A equipe de Celso Roth, apesar do ótimo resultado, tem de ser muito cobrada. Porque a diferença de qualidade entre Grêmio e Aurora é abissal, tanto que o time perdeu gols novamente, teve um jogador expulso, se descontrolou, fez um péssimo segundo tempo e, mesmo com tudo isso, conseguiu ganhar a partida. Não é a frustrada expectativa criada por todos (menos dentro do clube, em princípio) de uma goleada que justificam as cobranças que têm de ser feitas: são os erros cometidos pelo time, alguns deles primários e que, certamente, não serão perdoados em caso de adversários mais complicados.
A correria inicial dos bolivianos era esperada, mas em menos de dez minutos o tricolor já criara duas chances claras de gol. Nunca chegou a fazer um grande primeiro tempo, pois por vezes apelava para a ligação direta quando o toque de bola pacencioso era o caminho mais indicado. Mesmo assim, controlou o jogo sem problemas e, para alívio de todos, saiu à frente antes do intervalo, num golaço de Jonas com bela assistência de Alex Mineiro.
O segundo tempo era para ser tranquilo, mesmo com o Aurora se atirando mais ao ataque. Victor fez bela defesa aos 3, mas o gol de Paredes, aos oito minutos, foi acidental. E foi muito mais maléfico para o time que uma simples perda parcial da vitória: o gol representou a derrocada psicológica do Grêmio, que se enervou demais, caiu na provocação de um time até certo ponto ingênuo e, por conta disso, perdeu Jonas tolamente expulso, aos 13 minutos. Um jogo que tinha tudo para ser fácil virou tarefa complicada por conta de erros infantis.
Ali a partida caiu de qualidade fortemente. Os gaúchos raramente eram acossados, mas, com apenas um avante entre os três zagueiros bolivianos, criavam pouco também. A entrada de Makelele no lugar de Ruy (começou bem, depois caiu na provocação e quase comprometeu) deu novo fôlego e uma jogada pela direita. O gol, entretanto, veio numa cobrança de falta fraca de Tcheco, que Dulcich deixou passar bisonhamente por entre as pernas. O azar dos outros jogos era compensado no finzinho da partida.
Sobre atuações individuais, a defesa mais uma vez foi bem no geral, especialmente Victor, muito seguro. Adílson foi mais uma vez bem no desarme, mas perdeu bolas fáceis quando foi à frente. Os alas começaram bem, mas caíram no segundo tempo. Tcheco não foi bem jogando longe do gol, e Souza, mesmo mais perto, não chegou a repetir seus melhores desempenhos. Jonas ia bem até a expulsão, e Alex Mineiro mais uma vez foi melhor garçom que definidor. No Aurora, destaque para Leonforte, zagueiro firme, e Paredes, autor do gol. Dulcich era o melhor nome do jogo até o frangaço. É uma equipe extremamente limitada, de nível do interior gaúcho.
Mesmo assim, o que valeu desta vez foi o bom resultado obtido fora de casa, que dentro das circunstâncias tornou-se ótimo, um alívio. O que se pode cobrar do Grêmio foi que a atuação esteve muito aquém do que aquilo que a equipe pode render - e até já rendeu nesta mesma Libertadores. Olhando para o jogo, venceu quem mais procurou o resultado. Se a estreia foi de um tropeço promissor, a terceira partida foi de uma vitória preocupante, novamente com muitos gols perdidos e, principalmente, um colapso nervoso que um time tão experiente não pode passar. Menos mal que as lições a serem resolvidas da Bolívia vieram com os três pontos. O Grêmio vira o turno, afinal, na liderança, mesmo com dois jogos de três fora, o que é ótimo. Porém, o sofrimento está sendo bem maior do que o necessário e o esperado, dada a qualidade do time e de suas atuações, especialmente as duas primeiras.
Taça Libertadores da América 2009 - Primeira Fase - Grupo 7 - 3ª rodada
25/março/2009
AURORA 1 x GRÊMIO 2
Local: Félix Capriles, Cochabamba (BOL)
Árbitro: Juan Soto (VEN)
Público: 11.059
Gols: Jonas 41 do 1º; Paredes 8 e Tcheco 42 do 2º
Cartão amarelo: Paredes, Edward Zenteno, Cardozo, Castellón e Ruy
Expulsão: Jonas 13 do 2º
AURORA: Dulcich (4), Leonforte (5,5), Edward Zenteno (5) e Mendez (4,5); Castellón (5) (Rodríguez, 36 do 2º - sem nota), Fernández (4,5), Escobar (5,5), Cardozo (5) (Sosa, 34 do 2º - sem nota), Bongioanni (4,5) e Marcelo Zenteno (4,5) (López, intervalo - 5,5); Paredes (5,5). Técnico: Julio Cesar Baldivieso (5,5)
GRÊMIO: Victor (6,5), Léo (6), Réver (6) e Rafael Marques (5,5); Ruy (4,5) (Makelele, 39 do 2º - sem nota), Adílson (5,5) (Thiego, 44 do 2º - sem nota), Tcheco (6), Souza (5,5) e Fábio Santos (5); Jonas (5,5) e Alex Mineiro (5) (Herrera, 19 do 2º - 5). Técnico: Celso Roth (5,5)
Foto: AFP
Comentários
Não achei o Aurora esse time ruim que falavam tanto, ao menos no toque de bola. Mas concordo que o Grêmio ficou um tanto recuado. Poderia ter ambicionado mais um pouco, já que chegavam fácil no gol adversário.
Como o Grêmio perde a cabeça quando toma um gol, velho. Isso aí precisa ser corrigido. Se for assim pro resto da Libertadores, a gente não passa das quartas.
E que juizinho bem ruim, por favor! Chegava a aplicar faltinhas bobas, e outras deixava de marcar faltas clamorosas. Ao menos, valeu o esforço do time.
Sai capeta!
essa historia e a do amauri na selecao italiana/brasileira tao levando os trofeus chatice do ano e budum do ano, desde ja'.
e o jonas parece que realmente aprendeu a chutar, ate' chutando meio de bico, como aquela no travessao. parece a historia do sobis, que publicamente admitiu que foi reeducado a chutar depois de um tempo nos profissionais. na primeira temporada dele, se via potencial, mas sem conclusao decente. depois, virou goleador e foi pra selecao. ok, jonas NUNCA vai pra selecao com aquela cara de colono dele, mas enfim.
Perfeito.
Me preocupa o fato de o Grêmio ter aceitado a provocação dos bolivianos (unica dificuldade que eles ofereceram). Novamente se imagina o que acontecerá contra um time mais tarimbado
e outra, o grêmio tem que chutar mais de BICO. alex MG e RONAS e SOUZA tão muito preciosistas. o RONAS até é o menos preciosista, mas os outros dois querem sempre dar um toque a mais, sempre um drible a mais. EU ACHO que quando um time tem facilidade pra chegar na frente da área adversária, tem que limpar e chutar.
Sou a favor de botar a dupla de argentinos de titular no resto da primeira fase da libertadores, assim Jonas e Alex MIneiro fazem um bom estágio jogando contra Aimoré, Grêmio Santanense e São Paulo de Rio Grande e voltarão menos EMPERIQUITADOS pro campo na Liber.
No mais, Grêmio inelogiável. Mesmo tendo atuações cheias de defeitos nos outros dois jogos, o Grêmio fez de longe sua pior partida. O primeiro tempo foi de predomínio, gols perdidos e o que estávamos acostumados a ver. Tomamos um gol ridículo, caímos na provocação dos bolivianos, paramos de criar (Réver era armador e finalizador). Não dá para entender porque o Celso manteve 3 zagueiros (Réver arrancava, mas não era meio campista ontem) até o fim. Falam da altitude, mas o técnico não mexeu em um time que não dava resposta até os 35 do segundo tempo. Tcheco e Ruy se arrastavam. O gol nem vou elogiar, mal deu para comemorar. E ainda agüentar alguém falando em imortalidade no vestiário. Não sei mais nada.
é o CLEMER BOLIVIANO - e, sim, eu sei q ele é argentino...
Bah, análise perfeita do Lourenço.
Os colorados da mesa olharam para os gremistas e a conclusão foi a mesma: "Não é o momento!"
Aliás, o blogger acaba de me dizer q o Grêmio deve escalar a BLARBI no ataque.
Breves notas extras:
1) Estou cercado de corintianos (felizmente, não-praticantes) na casa onde estou hospedado em SP, e o vizinho de lado é um corintiano doente do tipo que grita a cada lateral do time. Só isso me impediu de soltar um PQPVAISEFUDERCARALHO quando a Sportv repetiu o gol do Ronaldo por outro ângulo...
2) Consegui ouvir o CnM dessa semana, finalmente. Excelente, parabéns aos presentes pelo alto nível técnico =)
3) Comentarista do Sportv falou em Victor na Seleção. MEDO. MUITO MEDO!
Abraços a todos!
Gustavo, o próprio Victor demorou a bater tiro de meta pouco antes do gol do Tcheco. O 1 a 1 estava de bom tamanho, pensavam, por causa da expulsão. Esqueceram talvez que vencer era mais do que necessário, pois perder pontos para o Aurora significaria um revés difícil de reverter.
Faraon, é verdade.
Vine, aquele frango não poderia passar impune de modo algum. Até porque decidiu o jogo. Foi uma infelicidade, a atuação dele foi muito boa, mas foi o lance capital da partida.
Concordo, Lourenço. Agora, o gol do Tcheco foi um revival daqueles jogos em que o Grêmio não criava muito e saía com a vitória, de certo modo. E entendo teu desabafo no sentido de melhorar as finalizações. Porém, obviamente, muito pior que perder gols é não criar jogadas para fazê-los. Isto sim se constitui num problema bem mais sério. E não tenho essa certeza de que trocar a dupla de ataque resolveria. Parece-me uma questão que ultrapassa a simples imperícia, vai muito do psicológico, da afobação mesmo.
Eu ia dizer que DULCICH é VdP na veia.
Em segundo lugar, minha insatisfação não tem como centro a perda de gols, muito menos os atacantes que aí estão. Está no estilo de jogo, no jeito de ser, como ficou mais claro ainda no segundo comentário.
Natusch, um elogio que se pode fazer ao Grêmio é justamente a cobrança que todos estamos fazendo: o tricolor só está sendo cobrado porque é um bom time e tem todas as condições de jogar muito mais do que isso. Mas, convenhamos: mesmo com os problemas em Porto Alegre e Tunja, esta é a primeira atuação ruim do Grêmio nesta Libertadores.
É muito comentário para responder, eu tenho o direito de me embananar de vez em quando. É o ônus da grandeza, hehe.
Enfim, depois eu volto, se der tempo. Preciso dar uma saída e buscar um emprego que me recompense MONNETRImente (VdeP estilo "soco no coração", by Gil Brother) =P
Notem que ninguém aqui falou em altitude. Alguns jornalistas chegaram a cogitar que o time estivesse sofrendo os efeitos dos 2,5 mil metros de Cochabamba durante a transmissão. Porém, o próprio fato de Roth só substituir o segundo jogador perto dos 40 do segundo tempo anulam esta teoria.
Começa o texto "Gremio de Brasil derrotó sin complicaciones..."
Só pode ser rivalidade local.
Imaginem tocar flauta em colorados caso o Inter ganhasse do Aurora por 2 a 1. Para quando perder do União Rondonópolis, o que eu teria a dizer? Esgotaria a minha fonte de inspiração.
(crepusculo do Aurora chegou a doer na alma)
Tá certo, tu é CIENTISTA, tinha me esquecido.
Dois Chicos num só mundo é demais pra mim.
hdsjhdsjds