Grandeza na queda

Será possível dizer que uma equipe tradicional dentro de seu campeonato seja rebaixada com apenas 4 pontos ganhos em 13 jogos, nenhuma vitória, quatro empates, nove derrotas, 14 gols marcados, 36 gols sofridos, 10% de aproveitamento tenha caído "de pé"? Sim, é a resposta.

Porque a maior prova de grandeza do Brasil, que ontem levou 3 a 1 do Veranópolis e foi rebaixado à Segundona do Gauchão, está no fato de que o clube aceitou disputar o campeonato mesmo após a tragédia que vitimou fatalmente dois jogadores e um membro da comissão técnica, além de ferir gravemente dezenas no dia 15 de janeiro, cinco dias antes de sua estreia no estadual.

Ao contrário de clubes como o 15 de Novembro, que, mesmo localizados em uma região mais rica do Estado, fecham o departamento de futebol após uma queda para a Segundona, o Brasil, da empobrecida zona sul do Rio Grande, não temeu o desafio. Nem cogitou ficar de fora da peleia, mesmo que todas as dificuldades apontassem para um rebaixamento. Mesmo que a queda fosse iminente antes do começo, e que tenha sido cogitado que o clube entrasse na disputa extraordinariamente imune a um provável rebaixamento.

Os xavantes têm é de se orgulhar. Não da esperada péssima campanha do time no Gauchão 2009, mas da bravura que teve em aceitar disputá-lo, como se fosse um participante qualquer, sem regalias. Economicamente, não tenho motivos para acreditar que o time voltará à elite gaúcha em 2011. Mas convém não duvidar da força deste clube e de sua torcida, que certamente lhe empurrarão de volta ao maior campeonato do estado, seja ano que vem, seja mais tarde.

Aurora x Grêmio
O fato de o Grêmio estar leve de ânimo para subir os Andes é ótimo. Concentração certamente há dentro do grupo, dada a prioridade absoluta que o clube dispensa à Libertadores, desde o mais alto escalão da diretoria ao funcionário mais humilde do clube, passando, evidentemente, pelo grupo de jogadores. Portanto, é difícil esperar menosprezo ao Aurora. Aqui de fora, é fácil apontar que o tricolor deve vencer a partida e encaminhar sua classificação, fechando o turno na liderança e tendo duas das três partidas restantes em casa. Dentro das quatro paredes do vestiário, porém, esta confiança em excesso (justificadamente, aliás, dada a diferença entre os dois adversários de hoje) não se fará presente, por certo.

E a vitória, por que encaminharia a classificação, se ainda temos um turno inteiro pela frente? Porque já no dia 7 de abril, 4ª rodada, o tricolor teria o Aurora, jogo que será de três pontos. Iria a 10, com Universidad e Boyacá se entredevorando, provavelmente se segurando. Isso, claro, na pontuação. Mas se La U vencer, iria a 7, contra 6 do Chicó. Poderia igualar o tricolor se o vencer em Santiago, com o Chicó indo a 9 na penúltima, caso derrote o Aurora. Aí, Grêmio x Chicó, Aurora x Universidad fariam uma última rodada trepidante, com o tricolor ainda à frente e jogando em casa. Ou seja, vencendo o Aurora duas vezes e confirmando o favoritismo, o Grêmio, na pior das hipóteses, chega na última rodada líder por pontos empatado, mas ainda tendo um jogo no Olímpico a fazer.

Mas que este parágrafo não chegue aos olhos de Roth e seus jogadores antes do jogo de hoje. Nem aos profissionais do Aurora, também.