Battisti no Brasil, Tarso na Itália*
No primeiro teste de um ano que prevê exigências para a seleção, o time de Dunga passou com louvor. A vitória de 2 a 0 sobre a Itália mostrou um Brasil sempre superior, com controle do jogo durante os 90 minutos, um toque de bola envolvente como há tempos não se via, time equilibrado e ainda por cima forte defensivamente.
Logo aos 3 minutos, a Itália teve um gol mal anulado, em que Grosso entrou nas costas de Maicon e marcou. Obviamente isto prejudicou a partida dos italianos, mas é inegável que a vitória brasileira foi consistente. Desde os primeiros minutos, via-se um time muito afim de jogo, sem firulas desnecessárias ou dribles tão falsos quanto bijuterias baratas. Foi numa destas trocas de passe coletivas que veio o gol de Elano, aos 12 minutos, em tabela que ainda envolveu Ronaldinho e Robinho.
A partir daí, o primeiro tempo foi todo brasileiro. A Itália só tentava chegar na base do chuveirinho, e em apenas uma oportunidade Pepe ganhou dos zagueiros, ainda assim tocando para fora. O time de Lippi entrou num falso 4-5-1, pois Di Natale e Pepe eram praticamente ponteiros que muitas vezes não voltavam para marcar e compor o meio. Com superioridade técnica e numérica no meio, o Brasil tomou conta do jogo, mesmo que seu centroavante estivesse numa tarde absolutamente nula.
Talvez a grande diferença deste jogo para outros é que Robinho e Ronaldinho estiveram quase sempre ligados e interessados. Vez por outra pecavam por excesso de preciosismo nas jogadas, mas na maioria delas formaram dupla aguda e afinada. Tanto que foi numa roubada de bola em que Robinho deu o bote em um apático Pirlo que saiu o segundo gol, dele próprio, com drible precioso e arremate com extrema categoria. No segundo tempo, foi Ronaldinho quem chamou o jogo para si. Mas Robinho e Elano baixaram um pouco o ritmo, o que dificultou que houvesse uma maior quantidade de ações ofensivas por parte do Brasil. A Itália foi quem melhorou consideravelmente, quando já no intervalo quatro substituições ocorreram, corrigindo o ofensivismo de escalação inesperado do primeiro tempo. Toni e Camoranesi substituíram com grande vantagem a Gilardino e Pepe. A Azzurra melhorou e até poderia ter diminuído (Júlio César brilhou), mas nunca dominou o jogo ou ameaçou a vitória brasileira, já que a seleção demonstrou grande maturidade, administrando o resultado jogando futebol.
Sobre atuações individuais, quase todos foram bem, à exceção de Adriano, que, bem marcado pelo excelente Cannavaro, não viu a cor da bola. Os laterais e Gilberto Silva foram os mais discretos, mas ainda assim eficientes. Felipe Melo teve boa estreia. Esqueçam aquele meia habilidoso, porém irregular, dos tempos de Grêmio: fez com correção a tarefa de segundo volante, marcando bem por zona e saindo para o jogo com naturalidade. Sem dúvida é melhor opção que Mineiro ou Josué neste momento. Na Itália, Cannavaro mostrou a categoria de sempre. Grosso teve iniciativa, coisa que faltou a Zambrotta. Toni e Camoranesi devem ser titulares, pois jogam mais os titulares de hoje. Os campeões do mundo, a bem da verdade, ressentiram-se muito de Pirlo, que teve tarde discreta: acertou dois lançamentos maravilhosos nos gols anulados, mas esteve em baixa rotação e ainda perdeu a bola que resultou no 2 a 0. Se ele estivesse inspirado como habitualmente, a parada teria sido bem mais dura.
Este amistoso pode não ter definido uma escalação ainda para o Brasil, e nem acredito que esta tenha sido a pretensão de Dunga. Porém, o esquema tático parece claro: um primeiro volante mais recuado, um segundo que saia para o jogo, um terceiro homem que participe do combate e da criação (Elano ou Júlio Baptista) e um meia que encoste nos atacantes. Deve ser Kaká, e Ronaldinho que espere sua vez. Muitos bradarão por Kaká, Ronaldinho, Robinho e Adriano juntos, mas um deles tem de sair. Senão é quadrado mágico, e tudo estará arruinado. Àqueles que conversarem com alguém que discorde da retirada de um deles, sugiro que sempre utilizem o jogo de hoje como argumento. Será irrefutável.
Amistoso
10/fevereiro/2009
BRASIL 2 x ITÁLIA 0
Local: Emirates Stadium, Londres (ING)
Árbitro: Howard Webb (ING)
Público: 60.077
Gols: Elano 12 e Robinho 26 do 1º
Cartão amarelo: Perrotta, Grosso e Zambrotta
BRASIL: Júlio César (7), Maicon (5,5), Lúcio (6,5), Juan (6,5) (Thiago Silva, 32 do 2º - sem nota) e Marcelo (5,5); Gilberto Silva (5,5) (Josué, 43 do 2º - sem nota), Felipe Melo (6) (Júlio Baptista, 43 do 2º - sem nota), Elano (7) (Daniel Alves, 24 do 2º - 4,5) e Ronaldinho (7); Robinho (7,5) e Adriano (4) (Pato, 35 do 2º - sem nota). Técnico: Dunga (7,5)
ITÁLIA: Buffon (5,5), Zambrotta (5), Cannavaro (6), Legrottaglie (5) e Grosso (5,5); De Rossi (5) (Aquilani, 13 do 2º - 5), Montolivo (4,5) (Perrotta, intervalo - 5), Pirlo (4,5) (Dossena, 29 do 2º - 5), Pepe (5) (Camoranesi, intervalo - 5,5) e Di Natale (5) (Rossi, intervalo - 5); Gilardino (4) (Toni, intervalo - 5,5). Técnico: Marcello Lippi (4,5)
* Título que adota a sugestão de bolão da partida, proposta nesta terça à tarde pelo nosso leitor Felipe Levin.
Logo aos 3 minutos, a Itália teve um gol mal anulado, em que Grosso entrou nas costas de Maicon e marcou. Obviamente isto prejudicou a partida dos italianos, mas é inegável que a vitória brasileira foi consistente. Desde os primeiros minutos, via-se um time muito afim de jogo, sem firulas desnecessárias ou dribles tão falsos quanto bijuterias baratas. Foi numa destas trocas de passe coletivas que veio o gol de Elano, aos 12 minutos, em tabela que ainda envolveu Ronaldinho e Robinho.
A partir daí, o primeiro tempo foi todo brasileiro. A Itália só tentava chegar na base do chuveirinho, e em apenas uma oportunidade Pepe ganhou dos zagueiros, ainda assim tocando para fora. O time de Lippi entrou num falso 4-5-1, pois Di Natale e Pepe eram praticamente ponteiros que muitas vezes não voltavam para marcar e compor o meio. Com superioridade técnica e numérica no meio, o Brasil tomou conta do jogo, mesmo que seu centroavante estivesse numa tarde absolutamente nula.
Talvez a grande diferença deste jogo para outros é que Robinho e Ronaldinho estiveram quase sempre ligados e interessados. Vez por outra pecavam por excesso de preciosismo nas jogadas, mas na maioria delas formaram dupla aguda e afinada. Tanto que foi numa roubada de bola em que Robinho deu o bote em um apático Pirlo que saiu o segundo gol, dele próprio, com drible precioso e arremate com extrema categoria. No segundo tempo, foi Ronaldinho quem chamou o jogo para si. Mas Robinho e Elano baixaram um pouco o ritmo, o que dificultou que houvesse uma maior quantidade de ações ofensivas por parte do Brasil. A Itália foi quem melhorou consideravelmente, quando já no intervalo quatro substituições ocorreram, corrigindo o ofensivismo de escalação inesperado do primeiro tempo. Toni e Camoranesi substituíram com grande vantagem a Gilardino e Pepe. A Azzurra melhorou e até poderia ter diminuído (Júlio César brilhou), mas nunca dominou o jogo ou ameaçou a vitória brasileira, já que a seleção demonstrou grande maturidade, administrando o resultado jogando futebol.
Sobre atuações individuais, quase todos foram bem, à exceção de Adriano, que, bem marcado pelo excelente Cannavaro, não viu a cor da bola. Os laterais e Gilberto Silva foram os mais discretos, mas ainda assim eficientes. Felipe Melo teve boa estreia. Esqueçam aquele meia habilidoso, porém irregular, dos tempos de Grêmio: fez com correção a tarefa de segundo volante, marcando bem por zona e saindo para o jogo com naturalidade. Sem dúvida é melhor opção que Mineiro ou Josué neste momento. Na Itália, Cannavaro mostrou a categoria de sempre. Grosso teve iniciativa, coisa que faltou a Zambrotta. Toni e Camoranesi devem ser titulares, pois jogam mais os titulares de hoje. Os campeões do mundo, a bem da verdade, ressentiram-se muito de Pirlo, que teve tarde discreta: acertou dois lançamentos maravilhosos nos gols anulados, mas esteve em baixa rotação e ainda perdeu a bola que resultou no 2 a 0. Se ele estivesse inspirado como habitualmente, a parada teria sido bem mais dura.
Este amistoso pode não ter definido uma escalação ainda para o Brasil, e nem acredito que esta tenha sido a pretensão de Dunga. Porém, o esquema tático parece claro: um primeiro volante mais recuado, um segundo que saia para o jogo, um terceiro homem que participe do combate e da criação (Elano ou Júlio Baptista) e um meia que encoste nos atacantes. Deve ser Kaká, e Ronaldinho que espere sua vez. Muitos bradarão por Kaká, Ronaldinho, Robinho e Adriano juntos, mas um deles tem de sair. Senão é quadrado mágico, e tudo estará arruinado. Àqueles que conversarem com alguém que discorde da retirada de um deles, sugiro que sempre utilizem o jogo de hoje como argumento. Será irrefutável.
Amistoso
10/fevereiro/2009
BRASIL 2 x ITÁLIA 0
Local: Emirates Stadium, Londres (ING)
Árbitro: Howard Webb (ING)
Público: 60.077
Gols: Elano 12 e Robinho 26 do 1º
Cartão amarelo: Perrotta, Grosso e Zambrotta
BRASIL: Júlio César (7), Maicon (5,5), Lúcio (6,5), Juan (6,5) (Thiago Silva, 32 do 2º - sem nota) e Marcelo (5,5); Gilberto Silva (5,5) (Josué, 43 do 2º - sem nota), Felipe Melo (6) (Júlio Baptista, 43 do 2º - sem nota), Elano (7) (Daniel Alves, 24 do 2º - 4,5) e Ronaldinho (7); Robinho (7,5) e Adriano (4) (Pato, 35 do 2º - sem nota). Técnico: Dunga (7,5)
ITÁLIA: Buffon (5,5), Zambrotta (5), Cannavaro (6), Legrottaglie (5) e Grosso (5,5); De Rossi (5) (Aquilani, 13 do 2º - 5), Montolivo (4,5) (Perrotta, intervalo - 5), Pirlo (4,5) (Dossena, 29 do 2º - 5), Pepe (5) (Camoranesi, intervalo - 5,5) e Di Natale (5) (Rossi, intervalo - 5); Gilardino (4) (Toni, intervalo - 5,5). Técnico: Marcello Lippi (4,5)
* Título que adota a sugestão de bolão da partida, proposta nesta terça à tarde pelo nosso leitor Felipe Levin.
Foto: AP
Comentários
anda complicada a vida pros laterais direitos do brasil sil...