Pato rouba a cena do galã

O jogo que marcou a estreia daquilo que promete ser uma meteórica passagem de David Beckham pela Itália foi bem agradável de se assistir. Ao contrário daquilo que se tem como estereótipo do Campeonato Italiano, Roma e Milan fizeram um jogo movimentado, sem grande qualidade técnica, mas alguns lances bonitos mesmo assim se fizeram presentes. E os dois atacantes isolados das duas esquadras foram o grande destaque da noite romana.

O tempo inteiro notou-se que Carlo Ancelotti ainda não descobriu uma forma de fazer o Milan funcionar com Beckham. Pirlo, Kaká, Seedorf, Ronaldinho e Pato podiam jogar juntos porque atrás deles sempre havia o incansável Gattuso. Mas o guerreiro se lesionou gravemente, só deve voltar a jogar em agosto ou setembro. Com isto, Pirlo foi recuado a cabeça-de-área, para que o inglês pudesse fazer sua tradicional função de meia bem aberto pela direita. Claro, não podia dar certo. Ancelotti tem três opções: o correto seria escalar Flamini antes de Pirlo, já que é um jogador de maior poder de marcação; ou retirar um entre Ronaldinho ou Seedorf; ou deixar o inglês no banco aguardando vez. Mas obviamente Beckham não veio para ser reserva.

Diante de um adversário forte, que ainda não se achou na temporada, o 2 a 2 até que ficou no lucro. A Roma sim, demonstrou organização, jogadas ensaiadas; era um time, afinal, com começo, meio e fim. O time de Milão funcionava à base de suas individualidades. Quando elas brilhavam, bons momentos surgiam. Quando estavam apagadas - durante todo o primeiro tempo - o Milan sofreu. Saiu perdendo com golaço de centroavante do oportunista Vucinic.

Mas o começo de segundo tempo foi todo de Pato. Primeiro, aos 2 minutos, recebeu de Kaká sozinho e empatou. Aos 7, escapou da marcação em velocidade e deu um toquinho de grande categoria encobrindo Doni, marcando um golaço. Mas o oportunismo de Vucinic falou alto de novo, e a Roma alcançou o justo empate.

De performances a se destacar positivamente temos a dupla de zaga romana, Juan e Mexes; Cassetti, com bons apoios pela direita; Abbiati foi seguro quando requisitado; e, claro, Pato e Vucinic, os nomes da partida que tinha Beckham como chamariz. O inglês, aliás, foi bastante discreto. Esta história de contrato até março é esdrúxula, não condiz com o que o Milan normalmente faz e tem tudo para dar errado. Mas, ao contrário daqueles que o consideram melhor como modelo que como atleta, Beckham é sim bom jogador. Resta saber se terá tempo - e vontade - para fazer sua passagem pelo Milan entrar para a história pela porta da frente.

Em tempo:
- A melhor frase da partida foi de Silvio Lancelotti. Sobre um possível acordo entre o Milan e o LA Galaxy, time de Beckham nos Estados Unidos, no qual o clube italiano cederia algumas promessas em troca da prorrogação de contrato com o meia inglês, Silvio disse que "é um ótimo negócio para o Galaxy, que ganha jovens que fazem questão de dividir a bola em troca de um medalhão que brinca de ser estrela de Hollywood".

- Maldini já poderia ter se aposentado. Dá umas rateadas que não costumava nos seus bons tempos.

- Espanha acaba de perder completamente as chances de tentar seu primeiro título mundial.

Campeonato Italiano 2008/09 - 18ª rodada
11/janeiro/2009
ROMA 2 x MILAN 2
Local: Olimpico, Roma (ITA)
Árbitro: Emidio Morganti
Público: 53.444
Gols: Vucinic 21 do 1º; Pato 2 e 7 e Vucinic 26 do 2º
Cartão amarelo: Riise, Brighi, Júlio Baptista, Pirlo e Seedorf
ROMA: Doni (5), Cassetti (6) (Cicinho, 35 do 2º - sem nota), Juan (7), Mexes (6) e Riise (6); De Rossi (6), Brighi (5,5) (Aquilani, 38 do 2º - sem nota), Rodrigo Taddei (6) (Pizarro, 19 do 2º - 5,5), Perrotta (5) e Júlio Baptista (5,5); Vucinic (7,5). Técnico: Luciano Spaletti (6)
MILAN: Abbiati (6,5), Zambrotta (5,5), Maldini (4,5), Favalli (4,5) e Jankulovski (5); Pirlo (5,5), Beckham (4) (Flamini, 43 do 2º - sem nota), Seedorf (4,5), Kaká (6) e Ronaldinho (4,5) (Ambrosini, 25 do 2º - 5,5); Pato (7,5). Técnico: Carlo Ancelotti (4,5)

Foto: Reuters