Notória evolução

O Grêmio fez o que tinha de fazer: pegando um adversário frágil, enfiou 5 a 0, um banho de bola e poderia ter sido pior. Logo aos 25 segundos, Alex Mineiro fez um gol anulado de forma duvidosa pela arbitragem. Talvez o lance tenha perturbado o Esportivo, que parecia atônito diante de um adversário imensamente maior e que parecia estar na ponta dos cascos fisicamente.

Hoje tudo funcionou muito bem, mas a facilidade era tamanha que não convém tirar conclusões em cima apenas deste jogo. Claro que o time de Bento Gonçalves desandou de vez após sofrer o primeiro gol, em tabela esplêndida de Ruy com Jonas e a conclusão do ala direito com força e precisão. Entretanto, ficou evidente uma evolução em todos os sentidos do time de Santa Maria para hoje: fisicamente já não parecia travado, taticamente parecia mais bem disposto e tecnicamente menos enferrujado.

Muito desta evolução técnica passou pelo excelente primeiro tempo de Jonas, que foi o ótimo jogador da Lusa e não o hesitante atacante que era por aqui. Pudera: com as notícias de que dois atacantes argentinos estão a caminho, e com Reinaldo, Morales, Rafael Martins e Perea ainda no grupo de jogadores, Jonas jogava por um lugar no grupo, por um prato de comida. Foi extremamente envolvente, participou de vários tabelamentos de altíssimo nível tanto com Ruy quanto com Tcheco e Alex Mineiro. Aproveitou o espaço que o Esportivo deu para se consagrar e se firmar entre as opções que Celso Roth terá, inclusive podendo beliscar uma titularidade. Sem os hermanos, a tendência é que se mantenha no onze inicial por enquanto.

O que ainda não dá para saber ao certo é se este esquema 3-5-2 com Willian Magrão, Tcheco e Souza será eficaz. Hoje, contra um time fraco e que não exigiu quase nada, era normal que desse. Mas se Willian Magrão tem evoluído cada vez mais na contenção, por ser jovem e muito moderno, é temerário pensar que Tcheco terá condições físicas de ser segundo volante a Libertadores inteira. Parece-me que Roth mantém esta estrutura para manter Souza e, principalmente, Ruy na ala-direita mais liberado, pois num 4-4-2 ele fatalmente apareceria menos no ataque. Isso sem contar que Jadílson em breve deve entrar na equipe (Fábio Santos é lateral, não ala, e foi bastante discreto hoje), e este é um jogador talhado para jogar num 3-5-2.

As questões que se colocam neste momento são estas mesmo, táticas. Sobre o jogo, muita tranquilidade. Depois do golaço de Ruy, o golaço de Souza, de falta. Um pouco antes, o lance polêmico da tarde: Réver fez embaixadinha para levantar a bola e dá-la de cabeça a Victor, para que o goleiro pegasse com a mão. Trata-se de uma infração, pois não é permitido que este toque de cabeça seja provocado pelo próprio jogador, falando grosseira e resumidamente. Falta em dois toques na altura da marca do pênalti, dez do Grêmio na barreira, e o Esportivo desperdiçou o empate, degringolando de vez na partida.

Jonas, melhor nome do primeiro tempo, completou de cabeça um cruzamento de Ruy e uma jogada coletiva maravilhosa do Grêmio. No segundo tempo, dois de pênalti, com Alex Mineiro e Tcheco. Entraram Diogo (não teve trabalho), Reinaldo (razoável) e Orteman (mal, como sempre). A zaga, apesar de pouco exigida, foi muito segura e séria. Interessante notar que Léo deixou de ser um menino de ouro para tornar-se viril e bandido, no bom sentido.

Em tempo:
- Horroroso uniforme do Esportivo.

Campeonato Gaúcho 2009 - Taça Fernando Carvalho - 2ª rodada
24/janeiro/2009
GRÊMIO 5 x ESPORTIVO 0
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Márcio Chagas da Silva
Público: 13.353
Renda: R$ 200.555,00
Gols: Ruy 19, Souza 29 e Jonas 37 do 1º; Alex Mineiro (pênalti) 10 e Tcheco (pênalti) 24 do 2º
Cartão amarelo: Léo, Orteman, Ronan, Evilásio e Josiel
GRÊMIO: Victor (5,5), Léo (5,5), Réver (6) e Rafael Marques (6) (Diogo - 5,5); Ruy (7), Willian Magrão (7), Tcheco (6) (Orteman - 4,5), Souza (7) e Fábio Santos (5); Jonas (7,5) e Alex Mineiro (7) (Reinaldo - 5,5). Técnico: Celso Roth (7,5)
ESPORTIVO: Fernando (5,5), Ramon (4,5), Ronan (4) e Juliano Navarini (4); Adams (4,5), Galego (4), Elton (4) (Josiel - 4,5), Dangelo (3,5) (Neilor - 4) e Everton (3,5); Evilásio (4) e Waldison (3,5) (Juninho Botelho - 5). Técnico: Círio Quadros (2,5)

Foto: Nabor Goulart/Futura Press

Comentários

Anônimo disse…
Enquanto outros empatam na sua estréia em casa, a Máquina Tricolor patrolou.
Anônimo disse…
Ficou provado que o 4-4-2 é o melhor esquema. O Diogo fica na marcação e libera o Willian Magrão e o Tcheco. É só não ficar inventando toda hora.

Acho o Jadílson melhor que o Fábio Santos.
Anônimo disse…
um erro de percurso.
Anônimo disse…
Já que o Esportivo não pode botar a culpa na parte física (é o único time que se prepara em Bento o ano inteiro), espero que digam que o uniforme novo dá azar e nunca mais usem aquela merda.
Vicente Fonseca disse…
O Reinaldo errou aquele lance bisonho, mas ainda deu um chute perigoso, bem defendido pelo goleiro. O Orteman só teve um lance bisonho, nada mais. E ainda levou um amarelo.

O 3-5-2 pode ter dois volantes desde que o segundo deles saia bastante para o jogo, como fazia Tinga e como faz Willian Magrão.
André Kruse disse…
O pior do uniforme do Esportivo era a meia azul (poderiam fazer todo roxo como a Fiorentina o com calçao branco como o Defensor)

Também continuo com minhas dúvidas com Tcheco de segundo volante. Talvez a escalação do Fábio Santos de Ala se justifique por isso: Recuperar a poder de marcação que se perde com o recuo de Tcheco.

Eu não concordo com essa interpretação que é dada a esse lance do Rever. Mas tenho que dar uma olhada para ver o que exatamente diz a regra.

Jonas muito bem, Orteman continua fora de forma, embora os reporteres jurem que ele tenha perdido peso.
Vicente Fonseca disse…
Outra coisa horrorosa do uniforme é o patrocínio que muda de jogador para jogador. Alguns exibiam um detalhe vermelho que caía realmente muito mal.
Anônimo disse…
Não dá pra tirar muitas conclusões mesmo, por que os Esportivo deu espaços demais. Incomum tu ver um time do Interior jogar assim na Capital.

Mas o Grêmio mostrou entrosamento, várias jogadas com muita movimentação. Resta saber como vai se comportar contra um time mais fechado. A defesa também não chegou a ser muito testada.

Óbvio que não mudaria nada, mas repararam que o W. Magrão cai bem antes de ser tocado pelo goleiro?
Anônimo disse…
O Lance do Rever não tá na regra, e sim na interpretação no livro de regras da Fifa.

"There are different circumstances when a player must be cautioned
for unsporting behaviour, e.g. if a player:
uses a deliberate trick while the ball is in play to pass the ball to
his own goalkeeper with his head, chest, knee etc. in order to
circumvent the Law, irrespective of whether the goalkeeper
touches the ball with his hands or not. The offence is committed
by the player in attempting to circumvent both the letter and the
spirit of Law 12 and play is restarted with an indirect free kick"
Vicente Fonseca disse…
Acho que este tipo de lance está na famosa RECOMENDAÇÃO aos árbitros, nem sempre seguida. O bom é que o Réver nunca mais vai se meter de pato a ganso daquela maneira.
Anônimo disse…
Bom, tá esclarecido, então. Foi falta do Victor ao segurar a bola. Achei estranho que um árbitro fosse errar a lei em um lance que parece que deve ser bastante perguntado nas aulas teóricas de arbitragem. E a recomendação faz sentido, parece razoável, visto que a finalidade da proibição é evitar amorcegar o jogo.