Luto

Este fim de noite de 15 de janeiro de 2009 ficará marcado como um dos mais tristes da história do futebol gaúcho. O ônibus que conduzia a delegação do Brasil de Santa Cruz do Sul, onde o time venceu o Santa Cruz por 2 a 1 em um amistoso, até Pelotas capotou no quilômetro 150 da BR-392, quase no entroncamento com a RS-471, em Canguçu, cidade próxima à da sede do clube. O motorista teria perdido o controle do veículo, que caiu em um barranco de cerca de 40 ou 50 metros. Foram 23 feridos e três mortos: o treinador de goleiros Giovani Guimarães, o zagueiro Régis e o atacante Claudio Milar, maior ídolo da história recente do clube pelotense.

É claro que a notícia por si só é muito triste, mas a morte de Milar dá ainda mais contundência a toda esta tragédia que ocorreu na vida do Xavante a 5 dias da estreia no Gauchão. O uruguaio tem uma linda história de superação dentro do clube, desde o Bra-Pel em que foi o símbolo da vitória do Brasil com dois a menos, na Boca do Lobo, em 2004, passando pela ascensão à divisão principal do Gauchão em 2005, pelo seu gol 100 com a camisa rubro-negra, e encerra agora, de forma estúpida e da maneira como não deveria se suceder.

O Brasil terá neste Campeonato Gaúcho uma verdadeira provação, uma das maiores de sua história. Superar este trauma vivido por Torino, Manchester United, The Strongest e pela seleção de Zâmbia não será nada fácil para um clube que vive com orçamento apertado, com as dificuldades de uma equipe do interior do Estado. Lembremos que não apenas as três mortes pesarão sobre o elenco: vários jogadores saíram feridos do acidente (Danrlei quebrou o braço). Para quem tem um elenco pequeno, é terrível. A Federação Gaúcha de Futebol, de forma mais do que sensata, transferiu a estreia do Brasil, contra o São José, que ocorreria no meio da próxima semana. Muito mais terrível do que a situação do clube fica a dos familiares dos falecidos: Milar, por exemplo, deixa mulher e um filho de 3 anos.

Terrível, tétrico, lamentável. Torcerei muito pela plena recuperação do Xavante e expresso aqui meus sinceros sentimentos às famílias daqueles que se foram. À torcida do Brasil, que sempre foi forte e um exemplo de amor ao clube, mando aqui também meus pêsames. A hora é complicada, triste, mas tenho certeza que a força que vocês sempre demonstraram, aquela abastecida por este amor incomum ao seu time, superará tudo isto. O Brasil terá, em 2009, seguramente a maior torcida do Estado, pois tenho certeza que todos os amantes do futebol gaúcho serão um pouco mais xavantes nesta temporada.

Foto: Nauro Júnior