Dias difíceis
Felipão tem passado maus bocados em Londres. Além das notícias de que a saúde financeira do Chelsea não é das melhores, o time não corresponde em campo aos milhões de euros investidos. Perder a vice-liderança para o Manchester United é questão de tempo, já que esta derrota de 3 a 0 no clássico de hoje deixa os red devils a 1 ponto de distância, com dois jogos a menos. O pior é que nem a sua conhecida estrela tem brilhado: não venceu nenhum clássico contra os três maiores adversários até agora desde que assumiu o clube londrino.
Hoje, na transmissão do jogo da ESPN Brasil, o narrador Paulo Andrade comentou que era o típico jogo que Felipão gostava: uma partida fora de casa, contra um time embalado (campeão do mundo há três semanas), com seu time sem aquela confiança ideal. Fui obrigado a concordar na hora, mas ambos erramos. O começo de partida até dava a impressão de que talvez pudéssemos ter diagnosticado corretamente: após uma pressãozinha inicial, o Manchester United foi aos poucos sendo controlado pelo Chelsea, que tinha maior consistência no meio. Felipão armou seu time com Mikel mais fixo, Lampard e Ballack marcando e iniciando as jogadas de criação, Deco e Joe Cole, um em cada ponta, armando para as conclusões de Drogba. Ferguson manteve seu sistema habitual, com Fletcher, Cristiano Ronaldo e Park, mas apostou em Giggs como segundo volante no lugar de Anderson. Pode parecer estranho colocar um veterano de 38 anos que sempre jogou como ponta e meia na marcação do meio, mas acabou dando certo, pela altíssima consciência tática e de conjunto do galês.
Faltava ao Chelsea, porém, chegar. Lampard parecia afim de jogo, mas seus companheiros de ações ofensivas pareciam noutra frequência. O Manchester não dominava, mas tinha a bola toda hora. Trabalhando-a bem, com Cristiano Ronaldo e Rooney entrando de vez no ritmo da partida, o time da casa foi sendo mais perigoso. O gol saiu ao apagar das luzes da etapa inicial, em cabeçada do excelente zagueiro Vidic após escanteio.
Felipão apostou no enganador Anelka para o segundo tempo, mas não funcionou. O Chelsea parece ter sentido tanto o gol que, mesmo com os 15 minutos de pausa e com um treinador sabidamente bom de vestiário, voltou absolutamente apático. Ficava claro que a tática era voltar para o segundo tempo ao menos com um empate para tentar algo melhor. Só deu Manchester. Cristiano Ronaldo infernizou Bosingwa - e depois Belletti - com o auxílio do igualmente excelente Evra. Assim como o gol de Vidic, os dois outros foram produzidos em cruzamentos para a área. No segundo, aos 17, Cristiano Ronaldo enganou a marcação e deu a Evra, que cruzou com perfeição para Berbatov. O búlgaro não alcançou por 1 centímetro, mas Rooney chegou antes que a zaga e empurrou para as redes. Ali, o Chelsea se entregou definitivamente. Comentei com Fred Posselt Martins que o terceiro gol sairia em breve. E saiu mesmo: Cristiano Ronaldo bateu falta e Berbatov se desmarcou com facilidade para ampliar e decretar a goleada. Meu momento "eu já sabia" no Carta na Mesa de retrospectiva 2009, daqui a 11 meses, já tem seu primeiro candidato (perdoem-me, mas se ninguém gava, o Zeca gava).
Agora, o Manchester United vai a 41 pontos e, beneficiado pelo 0 a 0 do Liverpool contra o Stoke, pode ultrapassar os reds se vencer os dois jogos que tem de atraso, causados pelo Mundial Interclubes. Vem jogando muito o time de Ferguson. Cristiano Ronaldo em má fase? Não foi o que se viu hoje. E, caso ele não brilhe, Rooney vem esmirilhando. Já o Chelsea, com 42, começa a ficar para trás. A primeira temporada de Sir Scolari na Premier League não está sendo o que se imaginava. Quem sabe ele não está guardando as forças para a Liga dos Campeões, provando que time milionário também pode ser copeiro? Isso, claro, se durar até lá.
Campeonato Inglês 2008/09 - 21ª rodada
11/janeiro/2009
MANCHESTER UNITED 3 x CHELSEA 0
Local: Old Trafford, Manchester (ING)
Árbitro: Howard Webb
Público: 75.455
Gols: Vidic 46 do 1º; Rooney 17 e Berbatov 41 do 2º
Cartão amarelo: Cristiano Ronaldo, Rooney, Park, Lampard, Bosingwa, Ricardo Carvalho e Terry
MANCHESTER UNITED: Van der Sar (6), Gary Neville (5,5), Vidic (7), Evans (6) e Evra (7) (O'Shea, 20 do 2º - 5,5); Fletcher (6), Giggs (6) (Carrick, 34 do 2º - sem nota), Cristiano Ronaldo (7,5) e Park (6); Rooney (7,5) e Berbatov (6,5). Técnico: Alex Ferguson (7,5)
CHELSEA: Cech (5,5), Bosingwa (4,5) (Belletti, 18 do 2º - 4,5), Ricardo Carvalho (5), Terry (5) e Ashley Cole (4,5); Mikel (5), Lampard (5,5), Ballack (4,5), Deco (4) (Anelka, intervalo - 4) e Joe Cole (4) (Di Santo, 39 do 2º - 4,5); Drogba (4). Técnico: Luiz Felipe Scolari (4)
Foto: Reuters
Hoje, na transmissão do jogo da ESPN Brasil, o narrador Paulo Andrade comentou que era o típico jogo que Felipão gostava: uma partida fora de casa, contra um time embalado (campeão do mundo há três semanas), com seu time sem aquela confiança ideal. Fui obrigado a concordar na hora, mas ambos erramos. O começo de partida até dava a impressão de que talvez pudéssemos ter diagnosticado corretamente: após uma pressãozinha inicial, o Manchester United foi aos poucos sendo controlado pelo Chelsea, que tinha maior consistência no meio. Felipão armou seu time com Mikel mais fixo, Lampard e Ballack marcando e iniciando as jogadas de criação, Deco e Joe Cole, um em cada ponta, armando para as conclusões de Drogba. Ferguson manteve seu sistema habitual, com Fletcher, Cristiano Ronaldo e Park, mas apostou em Giggs como segundo volante no lugar de Anderson. Pode parecer estranho colocar um veterano de 38 anos que sempre jogou como ponta e meia na marcação do meio, mas acabou dando certo, pela altíssima consciência tática e de conjunto do galês.
Faltava ao Chelsea, porém, chegar. Lampard parecia afim de jogo, mas seus companheiros de ações ofensivas pareciam noutra frequência. O Manchester não dominava, mas tinha a bola toda hora. Trabalhando-a bem, com Cristiano Ronaldo e Rooney entrando de vez no ritmo da partida, o time da casa foi sendo mais perigoso. O gol saiu ao apagar das luzes da etapa inicial, em cabeçada do excelente zagueiro Vidic após escanteio.
Felipão apostou no enganador Anelka para o segundo tempo, mas não funcionou. O Chelsea parece ter sentido tanto o gol que, mesmo com os 15 minutos de pausa e com um treinador sabidamente bom de vestiário, voltou absolutamente apático. Ficava claro que a tática era voltar para o segundo tempo ao menos com um empate para tentar algo melhor. Só deu Manchester. Cristiano Ronaldo infernizou Bosingwa - e depois Belletti - com o auxílio do igualmente excelente Evra. Assim como o gol de Vidic, os dois outros foram produzidos em cruzamentos para a área. No segundo, aos 17, Cristiano Ronaldo enganou a marcação e deu a Evra, que cruzou com perfeição para Berbatov. O búlgaro não alcançou por 1 centímetro, mas Rooney chegou antes que a zaga e empurrou para as redes. Ali, o Chelsea se entregou definitivamente. Comentei com Fred Posselt Martins que o terceiro gol sairia em breve. E saiu mesmo: Cristiano Ronaldo bateu falta e Berbatov se desmarcou com facilidade para ampliar e decretar a goleada. Meu momento "eu já sabia" no Carta na Mesa de retrospectiva 2009, daqui a 11 meses, já tem seu primeiro candidato (perdoem-me, mas se ninguém gava, o Zeca gava).
Agora, o Manchester United vai a 41 pontos e, beneficiado pelo 0 a 0 do Liverpool contra o Stoke, pode ultrapassar os reds se vencer os dois jogos que tem de atraso, causados pelo Mundial Interclubes. Vem jogando muito o time de Ferguson. Cristiano Ronaldo em má fase? Não foi o que se viu hoje. E, caso ele não brilhe, Rooney vem esmirilhando. Já o Chelsea, com 42, começa a ficar para trás. A primeira temporada de Sir Scolari na Premier League não está sendo o que se imaginava. Quem sabe ele não está guardando as forças para a Liga dos Campeões, provando que time milionário também pode ser copeiro? Isso, claro, se durar até lá.
Campeonato Inglês 2008/09 - 21ª rodada
11/janeiro/2009
MANCHESTER UNITED 3 x CHELSEA 0
Local: Old Trafford, Manchester (ING)
Árbitro: Howard Webb
Público: 75.455
Gols: Vidic 46 do 1º; Rooney 17 e Berbatov 41 do 2º
Cartão amarelo: Cristiano Ronaldo, Rooney, Park, Lampard, Bosingwa, Ricardo Carvalho e Terry
MANCHESTER UNITED: Van der Sar (6), Gary Neville (5,5), Vidic (7), Evans (6) e Evra (7) (O'Shea, 20 do 2º - 5,5); Fletcher (6), Giggs (6) (Carrick, 34 do 2º - sem nota), Cristiano Ronaldo (7,5) e Park (6); Rooney (7,5) e Berbatov (6,5). Técnico: Alex Ferguson (7,5)
CHELSEA: Cech (5,5), Bosingwa (4,5) (Belletti, 18 do 2º - 4,5), Ricardo Carvalho (5), Terry (5) e Ashley Cole (4,5); Mikel (5), Lampard (5,5), Ballack (4,5), Deco (4) (Anelka, intervalo - 4) e Joe Cole (4) (Di Santo, 39 do 2º - 4,5); Drogba (4). Técnico: Luiz Felipe Scolari (4)
Foto: Reuters
Comentários
Emoção x Razão
O futebol inglês é totalmente avesso ao discurso motivacional. Ou o treinador é totalmente convincente na parte tática, ou perde o comando do grupo. É óbvio que o Felipão entende de tática, mas não está se adaptando com facilidade ao campeonato inglês, o Chelsea joga desorganizadamente.
Mesmo na Espanha, que é um país latino, o Luxemburgo fez um bom trabalho no Real Madrid, recuperou o time, deu uma bela arrancada e mesmo assim foi escorraaçado.
bah, Prestes. Tá louco. Dá uma lida sobre a história do Brian Clough, considerado um dos maiores treinadores ingleses de todos os tempos.
o Man Utd deu um laço no Chelsea ontem, desde o princípio. Agora, o que me surpreendeu mesmo no time do Felipão foi a insegurança dos jogadores. Nunca vi um time do Scolari tão inseguro. Os caras se atrapalhavam para dar passes laterais, pareciam estar com as pernas bambas!
Talvez, o Felipão esteja desacostumado a lidar com discurso de clube. Bem ou mal, o último clube que ele treinou foi o Cruzeiro. Falando a língua dele. No clube, tu não tem que forçar um bando de caras acostumados a outra vida a adotarem o teu pensamento. No clube, os caras vivem aquela situação diariamente.
O Felipão sempre foi excelente na comunicação com os jogadores, mas talvez ele tenha adotado um estilo ainda mais ríspido para se dar bem em Portugal. Talvez essa rispidez prejudique o desempenho do Chelsea, ontem os jogadores pareciam querer decidir a partida desde o seu início.
Na Inglaterra, pela relação que os grandes treinadores aparentam ter em campo com os jogadores, me parece até mais acentuado isso.
Agora, se a temporada seguir nessa toada até o fim, e a Juve eliminar o Chelsea, aí complica. O preconceito ainda é muito grande ao treinador brasileiro na Europa.
mas eu não sou o Abramovich, né.