Só Galatto e Ademar salvam
Em 45 minutos, tudo ruiu. O jogo de hoje à tarde em Salvador foi, grosso modo, um retrato do Campeonato Brasileiro de 2008: na primeira metade do jogo, o Grêmio foi superior, impôs-se, vencia, era perigoso, sofria alguns percalços, mas mantinha o controle e até liderava o campeonato, com o empate conjugado de Vasco x São Paulo. No segundo, tudo deu errado. E o título escapa de forma quase que definitiva das mãos do tricolor da Azenha, que, pela primeira vez, muda o discurso de vestiário.
É claro que não foi apenas hoje que o Grêmio perdeu o título. A derrota de 4 a 2 em Salvador foi talvez a mais marcante e mortal às pretensões do clube gaúcho, já que o São Paulo venceu e abre 5 pontos, com mais 6 em disputa. Hoje, nem se pode atribuir a um único fator ou a alguém a responsabilidade da derrota.
O primeiro tempo foi muito bom e teria sido excelente se não fossem contra-ataques rápidos do time baiano, que perdeu algumas chances de empatar nos minutos finais. O time de Celso Roth começou dono do jogo, pressionando, jogando como se fosse o mandante, acuando o de Vagner Mancini. Reinaldo se lesionou mais uma vez, mas André Luís entrou muito bem. Participou da jogada do gol gremista, inflitrou-se bem por dentro da zaga por duas vezes, fez grande jogada que Rafael Carioca jogou por cima. Neste lance, o placar marcava 1 a 0 e ali o tricolor teria matado se a bola entrasse. Mas não entrou, foi longe, e foi o primeiro lance determinante do fracasso. Não se trata de culpar o guri. A euforia era grande, e o empate vascaíno após o golaço de Jorge Wagner recolocava o Grêmio na liderança ao fim do primeiro tempo.
Mas tudo deu errado no segundo. A começar pelo gol de Hugo, que recolocava os paulistas na ponta. Quase que em seguida, Leandro Domingues entrou livre e empatou. Amaral foi expulso por Heber Roberto Lopes num exagero claro da arbitragem, um rigor excessivo. Aliás, porque escalar mais uma vez Heber para apitar um jogo do Grêmio e colocar o gaúcho Gaciba para arbitrar o do São Paulo? Criam-se polêmicas desnecessárias, e já surgem declarações, que podem ser verdadeiras ou não, de provocações feitas pelo árbitro. Não creio, mas também não duvido. De qualquer modo, é válido o Grêmio tomar as providências que achar necessárias, desde que não use isto para mascarar o péssimo resultado, tapando o sol com a peneira.
Com 10, o tricolor perdeu completamente o controle de tudo. Já cansado pelo calor, o time teria de correr em dobro, e ainda teve azar. Chiripa é ruim quando vai contra, e o gol de Willians justificou bem este pensamento. Roth abre de Rafael Carioca e põe Paulo Sérgio, e, apesar de não ter dado certo, não se deve culpá-lo. Perder de 2 a 1 ou de 4 a 1 dava no mesmo, era preciso arriscar. O time perdeu em marcação no meio, Paulo Sérgio não foi bem, Souza seguiu mal e sobravam contra-golpes. O 4 a 1 que veio a seguir era um absurdo exagero. O Vitória aproveitou as chances, o Grêmio não. Ali estabeleceu-se a diferença. O golaço de Souza foi talvez um dos menos comemorados da história recente do time gaúcho.
Cabe ao Grêmio vencer ao menos mais uma partida e garantir sua vaga na Libertadores. Jogar sem pressão. O título fica absolutamente inviabilizado. O ano se encaminha para um fim triste na Azenha, incrivelmente. Um time de que poucos esperavam algo além de uma posição mediana está muito próximo da Libertadores e do vice-campeonato, e o clima é de fim de festa. Sentir o gostinho e perder o filé é algo duríssimo. Mas o Grêmio não perdeu o campeonato só hoje. Perdeu contra o Goiás; contra a Portuguesa; contra o Figueirense; contra o Cruzeiro. Foi um longo e lento processo, e havia chances por conta da maravilhosa campanha do turno. Hoje, a gordura virou pó. O São Paulo tirou nada menos que 16 pontos em 16 rodadas. Ninguém imaginava. Errei feio, mas não só eu. Dar opinião tem lá seus problemas de vez em quando.
Em tempo:
- Uma curiosidade, sem maldade: com Orteman em campo, o Grêmio nunca venceu. Alguém lembra um fato em contrário?
Campeonato Brasileiro 2008 - 36ª rodada
23/novembro/2008
VITÓRIA 4 x GRÊMIO 2
Local: Barradão, Salvador (BA)
Árbitro: Heber Roberto Lopes (PR)
Público: 9.515
Renda: R$ 127.425,00
Gols: Anderson Martins (contra) 25 do 1º; Leandro Domingues 4, Willians 17, Jackson 25, Marcelo Cordeiro 29 e Souza 46 do 2º
Cartão amarelo: Viáfara, Marcelo Cordeiro, Renan, Leandro Domingues e Jean
Expulsão: Amaral 14 do 2º
VITÓRIA: Viáfara (6), Marco Aurélio (6,5), Leonardo Silva (5,5), Anderson Martins (4,5) e Marcelo Cordeiro (7); Vanderson (5,5) (Wallace, 28 do 2º - 5,5), Renan (6), Willians (7,5) e Leandro Domingues (7); Marquinhos (6,5) e Trípodi (4) (Osmar, intervalo - sem nota) (Jackson, 6 do 2º - 6,5). Técnico: Vagner Mancini (6,5)
GRÊMIO: Victor (5,5), Amaral (4), Jean (5,5) e Réver (4,5); Souza (4,5), Rafael Carioca (4,5) (Paulo Sérgio, 18 do 2º - 4), Willian Magrão (5,5), Tcheco (4,5) e Hélder (4,5) (Orteman, 31 do 2º - 5,5); Reinaldo (5) (André Luís, 17 do 1º - 6,5) e Marcel (4). Técnico: Celso Roth (4,5)
É claro que não foi apenas hoje que o Grêmio perdeu o título. A derrota de 4 a 2 em Salvador foi talvez a mais marcante e mortal às pretensões do clube gaúcho, já que o São Paulo venceu e abre 5 pontos, com mais 6 em disputa. Hoje, nem se pode atribuir a um único fator ou a alguém a responsabilidade da derrota.
O primeiro tempo foi muito bom e teria sido excelente se não fossem contra-ataques rápidos do time baiano, que perdeu algumas chances de empatar nos minutos finais. O time de Celso Roth começou dono do jogo, pressionando, jogando como se fosse o mandante, acuando o de Vagner Mancini. Reinaldo se lesionou mais uma vez, mas André Luís entrou muito bem. Participou da jogada do gol gremista, inflitrou-se bem por dentro da zaga por duas vezes, fez grande jogada que Rafael Carioca jogou por cima. Neste lance, o placar marcava 1 a 0 e ali o tricolor teria matado se a bola entrasse. Mas não entrou, foi longe, e foi o primeiro lance determinante do fracasso. Não se trata de culpar o guri. A euforia era grande, e o empate vascaíno após o golaço de Jorge Wagner recolocava o Grêmio na liderança ao fim do primeiro tempo.
Mas tudo deu errado no segundo. A começar pelo gol de Hugo, que recolocava os paulistas na ponta. Quase que em seguida, Leandro Domingues entrou livre e empatou. Amaral foi expulso por Heber Roberto Lopes num exagero claro da arbitragem, um rigor excessivo. Aliás, porque escalar mais uma vez Heber para apitar um jogo do Grêmio e colocar o gaúcho Gaciba para arbitrar o do São Paulo? Criam-se polêmicas desnecessárias, e já surgem declarações, que podem ser verdadeiras ou não, de provocações feitas pelo árbitro. Não creio, mas também não duvido. De qualquer modo, é válido o Grêmio tomar as providências que achar necessárias, desde que não use isto para mascarar o péssimo resultado, tapando o sol com a peneira.
Com 10, o tricolor perdeu completamente o controle de tudo. Já cansado pelo calor, o time teria de correr em dobro, e ainda teve azar. Chiripa é ruim quando vai contra, e o gol de Willians justificou bem este pensamento. Roth abre de Rafael Carioca e põe Paulo Sérgio, e, apesar de não ter dado certo, não se deve culpá-lo. Perder de 2 a 1 ou de 4 a 1 dava no mesmo, era preciso arriscar. O time perdeu em marcação no meio, Paulo Sérgio não foi bem, Souza seguiu mal e sobravam contra-golpes. O 4 a 1 que veio a seguir era um absurdo exagero. O Vitória aproveitou as chances, o Grêmio não. Ali estabeleceu-se a diferença. O golaço de Souza foi talvez um dos menos comemorados da história recente do time gaúcho.
Cabe ao Grêmio vencer ao menos mais uma partida e garantir sua vaga na Libertadores. Jogar sem pressão. O título fica absolutamente inviabilizado. O ano se encaminha para um fim triste na Azenha, incrivelmente. Um time de que poucos esperavam algo além de uma posição mediana está muito próximo da Libertadores e do vice-campeonato, e o clima é de fim de festa. Sentir o gostinho e perder o filé é algo duríssimo. Mas o Grêmio não perdeu o campeonato só hoje. Perdeu contra o Goiás; contra a Portuguesa; contra o Figueirense; contra o Cruzeiro. Foi um longo e lento processo, e havia chances por conta da maravilhosa campanha do turno. Hoje, a gordura virou pó. O São Paulo tirou nada menos que 16 pontos em 16 rodadas. Ninguém imaginava. Errei feio, mas não só eu. Dar opinião tem lá seus problemas de vez em quando.
Em tempo:
- Uma curiosidade, sem maldade: com Orteman em campo, o Grêmio nunca venceu. Alguém lembra um fato em contrário?
Campeonato Brasileiro 2008 - 36ª rodada
23/novembro/2008
VITÓRIA 4 x GRÊMIO 2
Local: Barradão, Salvador (BA)
Árbitro: Heber Roberto Lopes (PR)
Público: 9.515
Renda: R$ 127.425,00
Gols: Anderson Martins (contra) 25 do 1º; Leandro Domingues 4, Willians 17, Jackson 25, Marcelo Cordeiro 29 e Souza 46 do 2º
Cartão amarelo: Viáfara, Marcelo Cordeiro, Renan, Leandro Domingues e Jean
Expulsão: Amaral 14 do 2º
VITÓRIA: Viáfara (6), Marco Aurélio (6,5), Leonardo Silva (5,5), Anderson Martins (4,5) e Marcelo Cordeiro (7); Vanderson (5,5) (Wallace, 28 do 2º - 5,5), Renan (6), Willians (7,5) e Leandro Domingues (7); Marquinhos (6,5) e Trípodi (4) (Osmar, intervalo - sem nota) (Jackson, 6 do 2º - 6,5). Técnico: Vagner Mancini (6,5)
GRÊMIO: Victor (5,5), Amaral (4), Jean (5,5) e Réver (4,5); Souza (4,5), Rafael Carioca (4,5) (Paulo Sérgio, 18 do 2º - 4), Willian Magrão (5,5), Tcheco (4,5) e Hélder (4,5) (Orteman, 31 do 2º - 5,5); Reinaldo (5) (André Luís, 17 do 1º - 6,5) e Marcel (4). Técnico: Celso Roth (4,5)
Foto: Romildo de Jesus/LancePress
Comentários
Não dá pra entender os critérios do senhor Héber Roberto Lopes. Ele dá amarelo por um empurrão do Amaral e o expulsa. Só que logo depois da saída de bola do Grêmio no segundo gol do Vitória, o André Luís sofreu dois empurrões semelhantes do lado da área e o juiz não deu nada!
Só por essa reta final, o São Paulo merece levar o título. Venceu com autoridade o Vasco, que não soube aproveitar suas chances e agora caminha para o abismo. A pergunta que fica é: Celso Roth permanecerá para a Libertadores?
Fred, acho que a resposta pra essa tua última pergunta é meio óbvia.
Status ele não tem pra ficar. Mas quem viria no lugar pra, ao menos tentar fazer uma boa Libertadores?
A goleada, em si, não me atinge. Sacramentado o 2 a 1, e com um jogador a menos, era um risco que uma equipe desesperada pela vitória tinha que correr. Pena que a situação seja sem esperanças - agora resta garantir de vez a Libertadores (uma vitória em dois jogos já serve) e tentar esquecer que o título esteve tão perto e deixamos escapar. Quanto a Roth, sairá - para entrar quem é que eu não sei...
e tentar esquecer que o título esteve tão perto e deixamos escapar. "impossível isso é", diria yoda...
e quero saber se vai ter o meu resultado do jogo do xavante, no palpitazo, repetido no início do programa, amanhã.
ah, e esperem muita amargura e muito rancor de minha parte...
IPATINGA é logo ali...
Porém, não colocarei tua frase no início do programa, não por peerseguição a ti, sabes que te considero muito. Simplesmente porque em nenhum outro palpite do Palpitazo se fez isso, e abriria uma precedente insustentável. Reconheço o FEITO que é acertar na bucha o jogo do Xavante, e faremos uma honraria toda de qualquer modo, na hora do Recontazo. Ouvi o jogo com o Fred pela Rádio Pelotense, e quando saiu o gol do Brasil já prevíamos um Zeh em chamas nesta segunda. Só não grita muito, por favor.
Allgayer: concordo, concordo e concordo. E, mesmo com as cagadas, Roth fez um muito bom trabalho no Grêmio. Pena que, mais uma vez, não deslanchou na hora AGÁ.
Quanto ao trabalho do Roth o problema é a questão da expectativa, como bem colocou o Allgayer
Entre erros e acertos, o Roth mais acertou que errou. O "problema" foi liderar por muito tempo e perder a ponta a 5 jogos do fim.
tava zoando, mas estarei em chamas de qq maneira, e gritarei longe do microfone na medida do possível... sklafasd
Sobre a frase do Jean, das imagens que vi não há nenhum indício de ele ter falado algo ao Heber. Creio que vá ter que provar isso na Justiça e vai acabar pagando uns cem mil pro careca.
Mas eu acabei de comentar no Impedimento e comento aqui: acho que as equipes precisam se focar no treinamento. O Flamengo, por exemplo, tá indignado com o Simon, mas levou três gols. Culpar o árbitro não pode relaxar a equipe que, evidentemente, teve problemas na defesa??
Por outro lado, os dirigents devem trabalhar sem alarde para que os descalabros de verdade sejam coibidos. Beltrame, por exemplo, no primeiro semestre de 2005, deu como perdido um pênalti do Perdigão na Copa BR que entrou meio metro. No segundo semestre protagonizou a Batalha dos Aflitos. Em 2006, virou árbitro FIFA. Isso é que não pode. Percebam a diferença entre esses dois jogos, e um penalti ou um cartão. Tivesse voltado pra escolinha após aquele jogo do Inter, nem haveria batalha dos aflitos.
E concordo: não dá pra perder o foco e tapar o sol com a peneira. Parafraseando Muricy, "é com trabalho que se VEINCE, meu".
Quando teve Cruzeiro e Grêmio assisti -contrariado - SP e Botafogo e deu sorte, uaihdushusdhasu