Líder, jogando 10 minutos

Os jogos da Juventus normalmente se repetem, e este de hoje à tarde não foi diferente. Não passou nem perto de ser uma chatice, porém; talvez porque o adversário tenha sido um ótimo time, o gigantesco Real Madrid. Mas a repetição consiste no fato de a Vecchia Signora ter jogado apenas para o gasto, atacando raramente e com eficiência, e se defendendo muito para sair com a vitória.

Silvio Lancelotti foi bastante feliz na definição da atuação do time de Turim na partida: a Juve jogou bem apenas 10 dos 90 minutos: os 5 iniciais de cada tempo. Neles, dominou o time espanhol, marcou seus dois gols e garantiu os três pontos que a deixam na liderança isolada do grupo, com 7 pontos em 3 rodadas.

O gol de abertura saiu aos 4, com Amauri achando Del Piero livre, e ele, na entrada da área, bateu de primeira, com rara categoria. O primeiro tempo foi pouco movimentado, com o Real Madrid tendo mais de 60% de posse de bola, mas sem qualquer objetividade. A criação passava por Sneijder, primordialmente, mas ele era pouco intenso - apesar de exalar qualidade quando pegava na bola. Raúl inexistiu perante a marcação, o que foi um agravante na falta de jogadas, deixando Higuaín e Nistelrooy inúteis.

Bernd Schuster voltou com a mesma equipe para o segundo tempo em busca do empate, mas a Juve começou melhor. Aos 3 minutos, o cruzamento de Nedved encontrou Amauri livre para ampliar, de cabeça, forçando o comandante dos madrilenhos a sacar Higuaín em favor de Robben, troca que se mostrou mais que acertada. O holandês entrou como de hábito, muito agudo e perigoso, oferecendo alternativas ofensivas muito mais consistentes. A partir de uma jogada iniciada por ele saiu o gol de Nistelrooy, aos 20, que pôs fogo na partida.

Os cruzamentos para a área italiana passaram a ser freqüentes, e a boa zaga formada por Chiellini e Melberg sofria com as jogadas de Robben sobre o fraco Molinaro e as não-saídas de gol do arqueiro Manninger, a la Tavarelli. Pelo meio, porém, o Real Madrid raramente chegava. Sissoko era muito forte na marcação, o que não impediu um arremate de Sneijder na trave, onde o empate quase saiu.

A Juventus vence, mas ainda não convence. Um chavão do futebol que pode ser perfeitamente aplicado a hoje, num jogo em que o placar não reflete o que foi a partida. Mesmo assim, o time do eternamente contestado Claudio Ranieri vai vencendo - o que já é um primeiro passo para que as coisas funcionem com correção num futuro próximo. Mas, no momento, a Juve não autoriza que nela se aposte alto nesta Liga dos Campeões. Tampouco o Real Madrid, que precisa de ajustes para se tornar um favorito com "f" maiúsculo.

Liga dos Campeões 2008/09 - Grupo H - 3ª rodada
21/outubro/2008
JUVENTUS 2 x REAL MADRID 1
Local: Olímpico, Turim (ITA)
Árbitro: Wolfgang Stark (ALE)
Público: 25.813
Gols: Del Piero 4 do 1º; Amauri 3 e Nistelrooy 20 do 2º
Cartão amarelo: Amauri
JUVENTUS: Manninger (5), Grygera (5,5), Legrottaglie (5,5) (Mellberg, intervalo - 6), Chiellini (6) e Molinaro (4); Sissoko (6), Marchionni (5), Marchisio (5,5) (Salihamidzic, 37 do 1º - 6) e Nedved (6,5); Del Piero (7) e Amauri (7) (Iaquinta, 32 do 2º - 5). Técnico: Claudio Ranieri (5,5)
REAL MADRID: Casillas (5,5), Sérgio Ramos (4,5), Pepe (6), Cannavaro (6) e Heinze (5); Gago (5,5), Van der Vaart (5,5) (Drenthe, 30 do 2º - 5) e Sneijder (6); Raúl (4), Nistelrooy (5,5) e Higuaín (5) (Robben, 9 do 2º - 6,5). Técnico: Bernd Schuster (5,5)

Foto: AP

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