Das razões pelas quais discordo de um 4-4-2 no Grêmio
Ouvi falar hoje que há setores dentro do Grêmio, inclusive de parte da direção, que, entre outras medidas para estancar a recente "crise", propôs a troca do esquema tático do time, do atual 3-5-2 para o tradicional 4-4-2. Isto seria um grande retrocesso, e aponto alguns dos motivos.
1) Não é hora para terra-arrasada. Quem precisa fazer algo deste tipo é o Vasco, o Fluminense ou o Atlético-PR, onde tudo está errado; não é o caso do Grêmio. Mudar do 3-5-2 para o 4-4-2 não seria apenas uma troca de números: seria pôr no lixo uma grande campanha em 23 jogos justificando isso por 4 resultados ruins. O tricolor teve ótimos desempenhos neste esquema. A partir dele, será mais fácil encontrar soluções que tragam de volta o bom futebol à Azenha. Após 27 rodadas (um número bastante significativo), mesmo com a recente queda, o Grêmio divide a liderança. Saber que o 3-5-2 já deu certo é uma solução; não pode ser tratado como um novo problema.
2) Os últimos maus resultados não se devem a problemas táticos. Celso Roth achou um modelo tático praticamente perfeito no 3-5-2. Antes de mudar a formatação do time em campo, é preciso testar alternativas que o plantel oferece, mantendo o esquema com três zagueiros que tanto deu certo.
3) Mesmo que os jogadores se conheçam, uma mudança no esquema poderia ocasionar problemas de entrosamento e estranhamento em questões de posicionamento, devido às novas funções. Há apenas 11 jogos para o término do campeonato, e este entrosamento dificilmente seria adquirido a tempo. Só tenderia a causar mais desgaste físico, inclusive, caso o time passe a "correr errado".
4) O posicionamento dos laterais tende a engessar a mecânica de jogo. Anderson Pico tem seriíssimos problemas defensivos. Incumbir-lhe tarefas de marcação mais específicas e defensivas poderia acarretar uma avenida para que os adversários avancem. Na direita, Paulo Sérgio, que já chega pouco à linha de fundo, chegaria ainda menos. Seria a morte definitiva dos centroavantes, um possível sobrecarregamento dos meias e, na esquerda, um pavor para Rafael Carioca e Réver.
5) Uma das grandes virtudes do Grêmio sempre foi a marcação pressão na saída de bola adversária. O posicionamento avançado dos alas contribuiu muito neste sentido. Recuando-os e tornando-os laterais, isto se perde em parte.
6) Willian Magrão, um dos grandes segredos desta campanha, é um segundo volante talhado para jogar no 3-5-2, um esquema que lhe proporciona sair jogando com qualidade e imposição física. Ainda que ele não seja de forma alguma incompatível num 4-4-2, perderia parte de sua naturalidade e liberdade de ações.
7) O Grêmio adquiriu consistência defensiva a partir de sua zaga. Mudá-la em nomes e em seu modo de jogar é um contra-senso. As falhas dos últimos jogos não se deveram a qualquer problema no esquema com líbero, mas sim, basicamente, à falta de atenção em bolas paradas. O primeiro gol sofrido contra o Goiás e todos os sofridos no Gre-Nal foram assim. No 4-4-2, esquema mais rígido, se perderiam as boas saídas para o jogo como elemento surpresa que Léo e principalmente Réver desempenham. Os dois laterais passariam a ter tarefas mais defensivas, e ambos são deficientes neste quesito. Mudar justamente o sistema defensivo seria um grande erro. Os problemas defensivos recentes são por falta de concentração, e requerem treinamento, não mudanças profundas.
O que fazer, então?
Penso que a manutenção do esquema é o ponto de partida. A partir daí, testa-se soluções novas. Alguns titulares realmente não vêm rendendo bem. Exemplos? Paulo Sérgio, por exemplo, poderia ser substituído por Felipe Mattioni na direita. O rapaz merece uma chance, sempre entrou bem quando solicitado. Cria-se uma jogada forte pela direita, poderia ser a recuperação de uma postura ofensiva naquela ala e reabilita-se Marcel, que é muito mais vítima do que culpado nesta má campanha do returno. Seria um fato novo, uma bela ajuda na criação de jogadas, um cruzamento mais qualificado. Vale testar, no mínimo. Roth também poderia colocar Souza ali, mas já deu mostras de que prefere escalá-lo na meia. Além disso, como Tcheco estará ausente nos próximos dois jogos, o ex-são-paulino deve ser seu substituto como armador.
Pela esquerda, Anderson Pico só se mantém porque Hélder consegue render ainda menos. E este é um problema do Grêmio. Mas testando uma boa opção pela direita, resolve-se parcialmente o problema dos lados do campo. Inclusive, se Mattioni der boa resposta, o homem da esquerda pode crescer no embalo.
No ataque, ainda considero que a dupla Perea e Marcel deva continuar, embora a inclusão de Soares, Reinaldo e Morales não vá prejudicar o andamento do setor ofensivo. Os atacantes foram responsáveis por 24 dos 42 gols do Grêmio no campeonato, uma boa marca. Faltou criação nos últimos jogos. Tcheco, mesmo tendo boas atuações, ficou sobrecarregado com a má contribuição dos alas. Orteman e Souza, quando entraram, raramente renderam o esperado. O guri Douglas Costa também poderia começar a receber chances de ser relacionado para o banco de reservas, para ir se ambientando e não precisar entrar de sopetão, como salvador da pátria, numa hora que seja realmente difícil no futuro.
Espero mais idéias e contribuições dos amigos. É um debate que rende muita discussão, e dela, já dizia Maria Antonieta de las Nieves, "nasce a luz".
1) Não é hora para terra-arrasada. Quem precisa fazer algo deste tipo é o Vasco, o Fluminense ou o Atlético-PR, onde tudo está errado; não é o caso do Grêmio. Mudar do 3-5-2 para o 4-4-2 não seria apenas uma troca de números: seria pôr no lixo uma grande campanha em 23 jogos justificando isso por 4 resultados ruins. O tricolor teve ótimos desempenhos neste esquema. A partir dele, será mais fácil encontrar soluções que tragam de volta o bom futebol à Azenha. Após 27 rodadas (um número bastante significativo), mesmo com a recente queda, o Grêmio divide a liderança. Saber que o 3-5-2 já deu certo é uma solução; não pode ser tratado como um novo problema.
2) Os últimos maus resultados não se devem a problemas táticos. Celso Roth achou um modelo tático praticamente perfeito no 3-5-2. Antes de mudar a formatação do time em campo, é preciso testar alternativas que o plantel oferece, mantendo o esquema com três zagueiros que tanto deu certo.
3) Mesmo que os jogadores se conheçam, uma mudança no esquema poderia ocasionar problemas de entrosamento e estranhamento em questões de posicionamento, devido às novas funções. Há apenas 11 jogos para o término do campeonato, e este entrosamento dificilmente seria adquirido a tempo. Só tenderia a causar mais desgaste físico, inclusive, caso o time passe a "correr errado".
4) O posicionamento dos laterais tende a engessar a mecânica de jogo. Anderson Pico tem seriíssimos problemas defensivos. Incumbir-lhe tarefas de marcação mais específicas e defensivas poderia acarretar uma avenida para que os adversários avancem. Na direita, Paulo Sérgio, que já chega pouco à linha de fundo, chegaria ainda menos. Seria a morte definitiva dos centroavantes, um possível sobrecarregamento dos meias e, na esquerda, um pavor para Rafael Carioca e Réver.
5) Uma das grandes virtudes do Grêmio sempre foi a marcação pressão na saída de bola adversária. O posicionamento avançado dos alas contribuiu muito neste sentido. Recuando-os e tornando-os laterais, isto se perde em parte.
6) Willian Magrão, um dos grandes segredos desta campanha, é um segundo volante talhado para jogar no 3-5-2, um esquema que lhe proporciona sair jogando com qualidade e imposição física. Ainda que ele não seja de forma alguma incompatível num 4-4-2, perderia parte de sua naturalidade e liberdade de ações.
7) O Grêmio adquiriu consistência defensiva a partir de sua zaga. Mudá-la em nomes e em seu modo de jogar é um contra-senso. As falhas dos últimos jogos não se deveram a qualquer problema no esquema com líbero, mas sim, basicamente, à falta de atenção em bolas paradas. O primeiro gol sofrido contra o Goiás e todos os sofridos no Gre-Nal foram assim. No 4-4-2, esquema mais rígido, se perderiam as boas saídas para o jogo como elemento surpresa que Léo e principalmente Réver desempenham. Os dois laterais passariam a ter tarefas mais defensivas, e ambos são deficientes neste quesito. Mudar justamente o sistema defensivo seria um grande erro. Os problemas defensivos recentes são por falta de concentração, e requerem treinamento, não mudanças profundas.
O que fazer, então?
Penso que a manutenção do esquema é o ponto de partida. A partir daí, testa-se soluções novas. Alguns titulares realmente não vêm rendendo bem. Exemplos? Paulo Sérgio, por exemplo, poderia ser substituído por Felipe Mattioni na direita. O rapaz merece uma chance, sempre entrou bem quando solicitado. Cria-se uma jogada forte pela direita, poderia ser a recuperação de uma postura ofensiva naquela ala e reabilita-se Marcel, que é muito mais vítima do que culpado nesta má campanha do returno. Seria um fato novo, uma bela ajuda na criação de jogadas, um cruzamento mais qualificado. Vale testar, no mínimo. Roth também poderia colocar Souza ali, mas já deu mostras de que prefere escalá-lo na meia. Além disso, como Tcheco estará ausente nos próximos dois jogos, o ex-são-paulino deve ser seu substituto como armador.
Pela esquerda, Anderson Pico só se mantém porque Hélder consegue render ainda menos. E este é um problema do Grêmio. Mas testando uma boa opção pela direita, resolve-se parcialmente o problema dos lados do campo. Inclusive, se Mattioni der boa resposta, o homem da esquerda pode crescer no embalo.
No ataque, ainda considero que a dupla Perea e Marcel deva continuar, embora a inclusão de Soares, Reinaldo e Morales não vá prejudicar o andamento do setor ofensivo. Os atacantes foram responsáveis por 24 dos 42 gols do Grêmio no campeonato, uma boa marca. Faltou criação nos últimos jogos. Tcheco, mesmo tendo boas atuações, ficou sobrecarregado com a má contribuição dos alas. Orteman e Souza, quando entraram, raramente renderam o esperado. O guri Douglas Costa também poderia começar a receber chances de ser relacionado para o banco de reservas, para ir se ambientando e não precisar entrar de sopetão, como salvador da pátria, numa hora que seja realmente difícil no futuro.
Espero mais idéias e contribuições dos amigos. É um debate que rende muita discussão, e dela, já dizia Maria Antonieta de las Nieves, "nasce a luz".
Comentários
Até vou me abster de falar mais demoradamente de como eu acho que Odone e a tentativa frustrada de emplacar seu sucessor vem prejudicando o Grêmio desde o ano passado (podem não ser responsáveis sozinhos, mas o episódio Britto marcou o começo do declínio de 2007 e as reuniões ultra-secretas da cartolagem e as rusgas internas pra formar chapa única marcou o deste ano).
Ou escala de uma vez o Morales, manda chutão pra frente e ele ajeita de cabeça pros companheiros que vem de trás. (Momento revolução auehauheuaeuhaehuae)
meu medo está exatamente nas laterais: não atacam, não defendem.
é o famoso DILEMA: duas escolhas, nenhuma é a solução.
VOLTA BRUNO TELLES!
chupa rijkaard!
Tirei o Final Sports porque estou dando preferência a blogs opinativos na seção de futebol.
Zeh: eu também acho o Bruno Teles melhor que os dois, mas tenho dúvidas se renderia num 3-5-2. Mas, se estivesse no grupo, já poderia ter sido no mínimo testado.
Sobre o esquema, Ponso, eu também prefiro o 4-4-2 TEORICAMENTE, mas não neste momento. O 4-5-1 a la Mano também não daria, já que não há um único meia/atacante canhoto na Azenha, como era o Hugo.
Acho que Paulo Sergio sairá em breve, mais por pressão do que por Mattione ser tão melhor que ele assim. Entre Pico, Hélder e improvisos, fico com engulhos mas acabo defendendo o Pico, mesmo. O Marçal, que dizem que joga muita bola, já foi promovido? E acho que o Chengue tem que ao menos ir entrando durante os jogos, para vermos se ele é opção ou não. O que ninguém explica é a relutância no uso de Makelele, que sempre entrou bem e seria, pelo menos no GREnal, opção muito melhor que o Orteman. Não joga por quê?
Perfeito, presidente.
Sobre a questão Orteman/Makelele, acho que o Roth tinha o direito de testar o uruguaio na segunda função. Ele até teve alguns bons momentos, mas não tem o mesmo poder de marcação. Vale para jogos tipo contra Vasco e Atlético-PR, que só o Grêmio atacou. Em ocasiões normais, penso que Makelele deveria ser o utilizado a partir de agora.
E concordando com o "Presidente" Natusch, o Morales poderia mesmo entrar no segundo tempo das partidas. No pouco que pegou na bola contra o Atlético pude perceber uma habilidade em ajeitar de cabeça para os colegas. É mais alto, mais forte, mais experiente e umas 18x mais macho, adora uma briga o negão. Se deixassem, ele batia no Inter inteiro na hora da confusão.
Impressão minha ou o Makelele entrou na categoria de esquecido que o Soares estava antes da Sul-Americana?
sfdkjlhgslkçdfj...
sobre o ATACANTE DE REFERENCIA, acho que se nao tem quem cruze direito, nao adianta tem um cara fincado na área.